A Minha Sanzala

no fim desta página

8 de março de 2024

Dia da Mulher


São 8 de um Março e apesar de no lado sul estar céu azul e um abrasador calor, do lado norte parece vem por aí trovoada e um frio gélido. Aqui brilha o sol, ainda. Faz frio, ainda. Mas a luz está optima para uma fotografia. Pena é que não tenho aqui à mão uma paisagem como a dos postais ilustrados, sem moscas e mosquitos e sem o perfume do lixo, o sabor de fumo e pó. As estão ruas desertas por uma doença misteriosa que vai derrubando árvore a árvore num silencio cor de cimento. É por essas e por outras que junto o meu silêncio, atrás da minha janela a ver o mundo mundar num novo caminho que ninguém ainda sabe qual é. 
O dia continua a ter 24 horas, ainda. A noite ainda tem a lua, quando as nuvens deixam-me vê-la a mudar os seus quartos no ciclo que aprendi na escola, com a frase que ela aqui é mentirosa. Faz conta o novo mundo vai ter tudo direitinho, não vai ter polícias e ladrões, assaltos e assaltantes, homens e mulheres, grandes e pequenos. Faz conta o mundo vai ser diferente, mais igual para todos. Faz conta o lixo vai ser todinho reciclado, até aquele que ainda não foi feito mas apenas pensado por qualquer mente que não compreende que o mundo se mudou para outro lugar de paraíso. Faz de conta que não é preciso haver o dia disto e daquilo porque a perfeição se chamou normalidade. 
Hoje, canta-se o Hino à Mulher, compram-se rosas que um qualquer imigrante ilegal e maltratado regou, reforçam-se as mentiras ditas nas calorosas noites escaldantes, esquecem-se os pensamentos e actos violentos de cada dia. 
Hoje é o dia em que a igualdade impera e a véspera do que se esquece. Hoje é véspera do dia em que mundo se normaliza no anormal quotidiano, em que o mundo desigual se desiguala cada vez mais e em que há Mulheres que não têm nenhum Direito a não ser o de sofrer por o serem.


Sanzalando




Sem comentários:

Enviar um comentário

Podcasts

recomeça o futuro sem esquecer o passado