recomeça o futuro sem esquecer o passado

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30 de dezembro de 2004

Pescador - Cajoão6


  • citação:
    Originally posted by carranca: Conta aí as tuas andanças pelo rio que não viste, pelo mar que não atravessaste, pelas estradas que não percorreste.
Mermão, manda mais umas. Hoje preciso de muitas. Bastantes. Preciso de lavar os olhos com algo que não sejam lágrimas. Porque preciso de ganhar coragem para contar-te algo que sei que queres saber. E é importante para mim que o saibas. Porque, como eu, sei que não acreditas em acasos nem em manobras tecidas em obscuros universos que mais não servem que para encher revistas de gosto e moral duvidosa. Mas como dizem os espanhóis: "yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay". E a coragem serve-se em copo gelado. Por isso manda vir mais e ouve.Fevereiro do ano passado. Dia 21. Sexta-feira. Tinha programado sair ao fim da tarde, com um grupo de amigos para um fim de semana na foz do Rio Onzo. Ao fim da manhã aparece outro programa: Lobito - Benguela - Caota - Caotinha - Baía Azul... Como resistir ?!?!?! Sem hesitar optei pelo reaproximar do sul. Saímos de Luanda às 22/23 horas com o objectivo de pernoitar em Porto Amboim e seguir viagem na manhã seguinte. Por razões e peripécias várias, desconseguimos e o mesmo se passou no Sumbe. Por isso, resolvemos seguir em direcção ao Lobito até onde o sono apertasse ou as forças faltassem. Isso aconteceu por volta das 5 da manhã, e parámos para descansar um pouco. Só quando fecho os olhos me apercebo que estamos na Canjala !!!! É então que tomo consciência que, sem saber e sem o programar, estou no local onde foi assassinado e jaz, insepulto em localização desconhecida e nunca encontrada, o meu irmão FANÉ. Justamente no dia em que faria 47 anos...
MARzé

__________________Entre o Mar e o Deserto há gente.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Umas para o Fané

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Fané, estou aqui Hoje, 18:46
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Conversas de Café
Senta aquei , mermão, e tem ouvidos cheios de atenção, pois só vou mesmo te contar só uma vez, que mais inda faz correr água desse zulmarinho nos meus olhos que não tem barragem para travar eles. Faz bué de times, que já não tem dedos para contar, candámos á porrada perto do ringue lá mesmo no parque infantil que pensava que era zoológico. Porrada que só podia ser por causa da garina que não te vou dizer quem é senão ainda apanho que nem outra vez. Quando caboo a porrada que mais não foi que um empurra e abraça que nem dois gafanhotos, se andou assim quem nem zangado mais que menos que uma semana. Depois, mermão, paraecia que nem tu, dois irmãos que estavam como que inseparaveis e quando foi essa hora de ir pegar nos canhangulos foi tal e qual que nem gémeos que não podem ser separados. Mas um, que por acaso teve mais que pensar ou medo ou sei lá que passou na cabeça, cheia de ideal, cheia de coisas que ainda hoje acredita, cheia de fliques e flaques, com ou sem traques, fez uma de arrequa e se deu a separação que só foi fatal poorque lhe atraiçoaram que nem sei quem foi mesmo, na certeza do absoluta que ainda hoje está que nem dúvidas mas que ainda vai mesmo querer saber a verdade.Manda vir só uma grade de geladas porque isso dá que nem sede de um mar morto.Mas, mermão, esse do zulmarinho faz coisas que nem coincidências nas cedências que te fez parar lá mesmo no sítio que foi. Anda, mermão vamos beber umas em nome dele e por ele que a gente os dois que está mesmo a merecer.Mermão, possivelmente esta esplanada antes do virar do ano vai parar nas páginas tantas lá dos confins do fim do mundo, pois tem coisas que hoje está na ressuscitação que neu o outro das calendas meio orientais.Por isso, avilo, vamos mesmo enfrascar sem parar e deixar correr o barco nas ondas do zulmarinho.
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Carlos Carranca

Umas 5 geladas

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Umas 5 geladas 28-12-2004 18:54
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Conversas de Café
Senta, e vamos varrer umas pela goela, olear os olhos e ver que tudo é um instante, mas que o podemos prolongar usando a imaginação, o sonho e alegria de ver que tudo é feito de água igual à desse zulmarinho.Umas vezes está que parece chão, outras revolto que parece que todas as barreiras são feitas de papel.Mas mermão, vamos mesmo beber porque a vida da gente é feita de coisas que não param. Olha só, o futuro é passado só que ainda não passou.Vamos, mermão, vamos olear as goelas e dar forma de palavra aos sonhos que temos para contar.Senta por aqui e sente o perfume suave desse zulmarinho que tem o sei início lá mesmo onde ele começa.
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Carlos Carranca

26 de dezembro de 2004

Falar só

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Hoje, 18:14
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Conversas de Café
Vamos aviar umas quantas, avilo?Já acabou o espírito, já podemos bumbar nas cordas vocais e tímpanos que não tem o que parar.Vamos, avilo, sentido o perfume desse zulmarinho com sabor a marzia e frescura de poucos graus acima do 0, enquanto que lá no início dele deve estar quase que na hora de ferver.Vamos, avilo, pôr as goelas em roldanas e rolamentos e falar até que a estória não inventada acabe e a imaginação funda-se com sonolência dos prazeres carnais e nada mais saia que não ais.Conta aí as tuas andanças pelo rio que não viste, pelo mar que não atravessaste, pelas estradas que não percorreste. Conta, avilo, como foram estas tuas férias passadas no espírito de ter de haver um dia no ano com espírito.Manda aí mais umas quantas, que a falar a gente chega lá, ao início deste zulmarinho.
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Carlos Carranca

Mais umas quantas

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Mais umas quantas 25-12-2004 18:26
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Senta, mermão, e vamos devorar as que pararem aqui em cima da mesa. Vamos curtir ao fogo dos papeis de embrulho dos mil presentes recebidos, 999 que servirão para fazer colheita de pó e o outro, o par de cuecas, para vestir no dia 31 para dar sortes nos amores do próximo ano.Faz frio mesmo de gelar o zulmarinho em c^r de gelo. Por isso, mermão, temos que aproveitar o calor desses kilos de papel.Vês só como está chão esse zulmarinho, não corre brisa, e só de saber que lá no início dele tem gente que me espera...e eu ainda aqui, sentado, bebendo e falando, olhando a linha recta que é curva e ver se ela se aproxima para lhe saltar e pum chegar lá.Bebe, mermão, vamos esperar o tempo corra mais veloz que o vento nos dias dele, e possamos mesmo que abraçar quem está lá, no Mussulo, no Cunene, sei onde os marcos marcam o início desse zulmarinho.Vamos, mermão, bebendo até chegarmos a bordo da Magia.
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Carlos Carranca

25 de dezembro de 2004

Natais?

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Hoje, 00:21
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Mermão, vamos sentar e beber que passaram 13 minutos de um dia que nasceu uma criança numa gruta qualquer num lado qualquer de um mundo que não é qualquer porque inda só temos este.Senta e trás as geladinhas.Quantoas crianças ainda hoje nascem assim num gruta, numa possilga, num mato? Dessabes? Tás mesmo como eu, embora saiba que nascem. Achas mesmo que desses trilhões que nasceram só se deve comemorar mesmo um só? Não, mermão, não vamos entrar na discussão que isso não leva a fim que seja. Mas foi mesmo só para lembrar, mermão, que mesmo mais importante é para as crianças que deves que olhar, é nelas que está o sorriso, a pureza e o brilho de afinal só um dia. Mermão, eu inda prefiro o sorriso igual desse zulmarinho que me leva nos sonhos da utopia utópica de ser feliz e ter capacidade de esperar de ver a tal de estrela de cadente a dizer que euzinho cheguei lá, onde esse mar verde que se chama de zulmarinho tem o seu início.

Quem sai aos seus...não é de Genebra Posted by Hello

24 de dezembro de 2004

Só um sonho

Na minha mão cansada a fronte repousei
Dos mágicos cansaços e brandas incertezas.
E assim adormecendo, então sonhei
Que eras o mais belo de todos os príncipes!
E esse reino, que em sonho arquitectei,
Tinha mil glórias, mil graças, mil riquezas.
E era meu: era meu porque o criei!
Era do mais belo de todos os príncipes...
Mas eis que acordo e busco esse reinado,
O mais rico, o mais belo, o mais dotado
De todos os reinos vivos de aqém-Céu.
E então o meu peito revoltado
Compreende que esse Reino foi roubado,
Retalhado e convertido no meu Eu.

Uma prenda de Natal que recebi de MCD

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Carlos Carranca

23 de dezembro de 2004

Numa volta tudo mudou

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Numa volta tudo mudou Hoje, 19:02
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Conversas de Café
Mermão, venho mesmo numa berrida, beber uma ou outra, zarpar a todo o vapor para o mar da solidão, para perto daqueles que já gastaram a idade faz tempo, que já mudaram as fraldas nos tempos em que eram de pano e tinham alfinete-ama e que hoje estão perdidos no tempo, alguns no lugar e do nome nem já lembram. Hoje, mermão, não vou ficar perto deste zulmarinho, vou mesmo no outro mar que não é nem azul nem verde mas cinza, escuro e por vezes frio. Juntar-me aos que foram esquecidos por aqueles mesmos que já foram mudados, embalados, afagados e agora deixados numa porta à espera que se abra a outra, a final.Me vais perguntar, mermão, se estou triste e te vou responder que não. Nem alegre. Mas também te digo, mermão, que bebendo umas e outras, não fico indiferente.Mermão. não te posso contar tudo o que vi, que vejo e que sei que verei quando chega este dia de hoje. Te esqueces que passaram 356 dias. Foram 356 dias que eles estiveram esquecidos, perdidos e só têm 8 dias de atenção, mas que se resumires tudo fica, umas só horas porque depois são levados para onde já deviam ter passado faz bué de tempo e agora nada se pode fazer a não ser dar o que não lhes foi dado.Manda uma de litro, mermão, para esquecer que afinal só um dia é dia da Família.
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Carlos Carranca

Avilos

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Avilos 22-12-2004 12:03
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Sentem só ai na esplanada. Bebam, conversem sem parar, e mantenham as loiras geladas dentro da geleira para quando eu voltar eu beber as que não bebi com as que tenho a beber. Sabes, avilo, às vezes a vida de gente tem tempestade que nem calema desse zulmarinho que é o meu contentamento. Mantens o teu ar calmo, o ar que dominas tudo, o sorriso que te faz viver cada dia como se fosse mesmo o último, mas depois lá dentro, no teu eu, parece trovoada, relampagos, cheias devoradoras, tremores de terra, e portanto precisas mesmo que parar e ficares só a ver o zulmarinho e ver que para lá dessa linha recta que é curva tem um mundo que te espera. Avilo, mantem as birras geladas que eu vou só ficar ali, mais dentro do zulmarinho a ver a vida que foi passado, que é presente e que quero ver se mudo o futuro. Te juro mermão, conterra, cambas de todas as formas, me esperem que eu volto mais igual a mim mesmo.
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Carlos Carranca

esquecendo

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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18-12-2004 23:54
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Senta, avilo, e vamos emborcar umas quantas. Quimporta o número. Tem mesmo de ser em conversa para desconseguir saber o que passa neste lado do mundo. Interessa só mesmo o que existe lá no início deste zulmarinho que hoje trouxe o cheiro-sabor da terra molhada da chva que caiu lá na Lua que lhe reflete a luz.Mermão, conta mesmo o que tens feito no feitio de ser amado por uma terra. Conta as tuas aventuras nas ruas engarrafadas da cidade grande, tu que vivias na cidade do lá vem um. Conta, avilo, as noites quentes dos serões passados com os irmãos do tempo. Conta, mermão, tudo o que podes contar. Desconsegues descrever tal qual, descreve tal qual sentiste. Vês, avilo, esse zulmarinho com cores de verde e espuma branca espraiando-se na areia dourada, entra dentro dele e sente-lhe o espírito. Mas, avilo escreve mesmo na tua letra, desprecisas de fazer sotaque que tem gente a mais a fazer essas coisas que parece vidr a partir, serve para nada.Manda vir mais umas...
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Carlos Carranca

17 de dezembro de 2004


Uma prenda de A.Delgado para ilustrar o meu zulmarinho. A minha força vem desse mar que tem o início dele lá, onde mora a minha alma Posted by Hello

continuando a estória

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Continuemos Hoje, 22:21
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Comde mesmo eu ia?Mermão, te falei do cair da noite, te falei do dobrar da esquina e do canto da sala. Te conto com a verdade de que não sei esconder, que eu estava mais assustado que susto em dia de trovoada. Apaguei a luz outra vez e fiquei assim com os olhos todos abertos como quem num quer perder mesmo nada do acontece no mundo, limitado que estava na casa. Assim como num repente, pulei do sofá, susto mesmo quase de morte morrida, com os berros que comecei a ouvir. Maginas mesmo como eu estava, mermão. Nem perfume de zulmarinho era capaz de arrefecer o bate bate que queria sair do peito. Procurei e não é que era os berros das minhas camisas de côr berrante dentro do guarda-fatos e gavetas do psichet. Tava a ver mesmo, mermão que tinha que ir para dentro do zulmarinho buscar a paz que me estava já a faltar. Para descontrair, mermão, comecei a pensar nas primas lá do oriente, nas do ocidente, do norte e do sul. Mas estava mesmo com nada. Acho mesmo que a atenção arterial central e periférica tinham atingido o vermelho que não é saia. Fui na cama, roupa vestida, só sapato foi tirado, num tevisse que levantar e ir a correr num licenciado qualquer pedir licença para viver. Estava mesmo quase a adormecer, mermão, quando ouvi assim um barulho de rasgar pano, um tzzzzzzzzzz, que ao mesmo tempo assustava e fazia eu voltar ao estado de panico de quem vê os últimos minutos da vida a correr por ela toda. Levantei num rompente, e depois de vasculhar tudo, mesmo debaixo da cama, descobri que tinha sido mesmo o romper da aurora.Aí mermão, agarrei-me numa loira gelada, escutei o marulhar desse zulmarinho e adormeci para acordar hoje e te poder contar que afinal as pequenas coisas de um dia só são mesmo desse dia.
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Carlos Carranca

16 de dezembro de 2004

Divagando

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Senta para ver se lembra mesmo 15-12-2004 18:50
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Conversas de Café
Mermão. Paga e não refiles que aqui não tem dessas coisas. Vamos mandar umas pela goela e depois a gente vê de quê mesmo que fala. Pouco importa a importância, que tem de importante mesmo é a gente falar um com o outro para não fazer assim de interiorização, que até parece que está mesmo no mato só com o céu e o floresta do deserto por volta.Se te conto como foram as útimas 24 horas tu caté cais para o lado. Pois te vou contar depois de beber mais umas geladas.Mais ao menos nesta hora, de ontem, ouvi assim como que um estrondo de bum a bater no chão que nem rabo bate com esse barulho. Olhei mesmo nas voltas todas. Procurei e não descubri nada que estivesse fora do lugar que estava antes. Mas procurei mesmo com olhos de ver as coisas e descubri, inteligente que sou. Foi mesmo o cair da noite. Tás a imaginar o susto que foi. Quando estou a ir para o dentro de casa ouço outro barulho assim com treeeee, ferro a dobrar. Mais uma vez com olhos que querem sair da cara procurei. Desconsegui nos primeiros instantes mas depois lá vi: tinha acabado de dobrar a esquina. Maginas mesmo a pulsação do coração a bater? Desconsegues, mermão. Manda lá vir outra que está a ficar perra a corda vocal. Entro em casa, me atiro no sofá e nem acendi o candeeiro pois estava como que tinha visto fantasma. Começo a ouvir lá lá lá que parecia sereia a cantar. Acendi a luz. Tudo estava desligado. Olhei mais uma vez, coração a querer dar o fora. Encontrei. Era mesmo o canto da sala. Mermão. hoje te fico mesmo por aqui que estou a ter o ritmo do tan tum a querer acelerar outra vez e não tem físico que aguente duas.Olha só zulmarinho como está calmo que parece o contrário do eu mesmo.
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Carlos Carranca

14 de dezembro de 2004

Mensagem escrita por Pedro Dornellas e depois editada pela ESA
OUVE LÁ Ó SILHÉU
Em vez de andar por aqui a propor a expulsão de outros porque é que não te vais embora tu. É uma vergonha o que aqui se assiste. Aprendizes de ditadorzecos de meia tigela, de peito cheio de ar, arrotam postas de pescada e ameaças e, armados em possuidores da verdade definem quem deve estar e quem deve sair. É fácil, é barato e tem eco. Se tivesse tempo para esta m****, fazia como o Mandovi e abria uns quantos "fios" par desancar em umas quantas pessoas...Por exemplo
1-Rafeirices, criadagem e a voz do dono ou "o PERFIL DE SCHILEU"
2 Ódios de estimação, impotências e perseguições ou a GELATARIA DE CREATHOR E O Salvador Correia
3- Fachos, PIDES OPVDCAS e similares na Sanzala
4 Retornados, saudosistas raivosos e outros parados em Abril de 745-Rezas, preces e sacanagem ou " Vícios privados ...mas sempre, oh sempre públicas virtudes por Calcinhas, Geninhas e outros defensores da Ordem, da Moral e da CIVILIZAÇÃO CRISTÃ
6- As fabulosas aventuras de caça dos "bandeirantes que tudo fizeram por Angola" ...e que os "Lacaios do Imperialismo" soviético destruiram.....ou Contos de salão, E OUTRAS FABULOSAS MENTIRAS, para meninas e meninos virgens por Francisco Nóbrega e seus apaniguados.
7-A matilha de rafeiros sempre pronta a ladrar à ordem do dono ou ....O papel dos Luizinhos, e similares na Sanzala.
Metia férias e entretinha-me a desancar no "perfil" de curiosas e interessantes "personalidades" que por aqui andam em vez de irem ao psiquiatra, a ver se conseguem curar as suas maleitas.Aos atingidos:Só dei estes poucos exemplos- se quiserem posso ser muito mais extensivo . Para perguntar...Desde quando e a que propósito é que se abre um,fio para desancar numa pessoa? Por este caminho isto vai mas é acabar no "cabaré da coxa"....que as "meninas" têm muito mais ética que muita gente que por aqui andaJá agora O senhores moderadores ainda não repararam que quase todos os fios da sanzalça têm umtexto de um anónimo que todos sabem quem é e a quem se refere que o Nóbrega andou por aí espalhando.É que eu queria saber quem lhe encomendou op recado
Pedro
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Carlos Carranca
"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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A ti Marzé e com ps... Hoje, 18:47
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Conversas de Café
Que fizeste muito bem em saltitar de mesa em mesa, bebendo umas e outras e pagando mesmo as que eu te cravei como nos tempos mais que antigos o Ernesto Lara Filho fazia o favor de me fazer igual. Mermão, umas palavras seguidas de outras e estás a contar o mesmo que te vai na alma, com carinho e com o teu amor que é coisa que só tu mesmo podes ter, sentado aí na borda do passeio, com a bunda sentada mesmo na terra que eu quero ter sob mim. Bebe, mermão e vais ver as letras soltarem-te da boca e chegarem aqui ao fim do zulmarinho com a alegria e o teu encanto.Mermão, não deixes de me contar tudinho que passa mesmo que seja impossivel embrulheres em papel de festa. Conta tudo mermão e não te esqueças de pagar as que eu beber.Mermã, conterra, os salpicos chegaram mesmo em condições de tu veres que sairam dos meus olhos? Guardaste num fraco de vidro para me devolveres na mão quando chegar a hora?
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Cajoão5 - pescador se confessa

Eu pescador me confesso...

Mermão, hoje é dia de acto de contrição. Quando cheguei a esta esplanada, pedi-te desculpa pelo abuso de sentar sem ser convidado. Na tua mesa. Como se precisasse. Mas m'inducaram assim. E fui ficando, de abuso. Sem arranjar mesa própria, cambulando cada dia uma diferente. Bebendo umas e outras. Trouxe amigos e estórias. Tentei trazer sons, cores e cheiros. Às vezes tento contar causos e acontecências mas faltam-me as forças... Apetece-me falar sem parar do tudo e do nada. Principalmente do nada para o transformar em tudo. Porque dizemos sempre menos do que queremos. Porque fica nos dedos uma sensação de secura que nem as loiras amaciam. E ficamos com raiva de não podermos emular mais facilmente o que sentimos. Só a escrita não chega. Falta o olhar que denuncia e ilustra nossas estórias. Alguns ainda conseguem. Mas eu... Desconsigo. Vamos mergulhar os lábios nessa espuma gostosa que transborda dos copos e transbordar os corpos na espuma desse zulmarinho gostoso. Talvez amanhã já me sinta melhor. Há dias assim...MARzé
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Carlos Carranca

Voltemos às birras

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Voltemos às birras 13-12-2004 16:03
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Conversas de Café
Geladinhas. Estupidamente geladas.Mermão, hoje não te faço companhia na mesa, não te conto estórias, não te alegro a alma nem alimento teus sonhos. Hoje, mermão, enquanto vais pagando as que eu beber, vou ficar aqui a atirar pedrinhas nesse zulmarinho e ver se bato o meu recorde de três toques na água antes de se afundar. Vou ver se consigo atingir a linha do horizonte, aquela linha recta que é curva, e ver se a pedrinha redondinha fica mais perto do teu início. Pouco me importa que esteja vento, chuva ou a trema terra neste lado do zulmarinho. Quero mesmo ter algo de mim o mais perto possível do teu início. Vai pagando, mermão, e vai anotando até que o braço me doa.

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Um sem gelo

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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um sem gelo 12-12-2004 16:53
Forum: Conversas de Café
Hoje, mermão, vou variar. Vou dar uma de importante e beber um whisky, mas sem gelo. Dourado sem ser frio. O ar está frio. Não é esse que vem do zulmarinho, é mesmo o que vem deste lado da terra, do que dizem ser vento norte, porque aqui perto do zulmarinho está com ar de quem vai cair o céu mas só as almas têm medo, que o corpo é de ferro.Se há tempos te dizia que para lá da linha recta que é curva do horizonte não existia nada, que só existia o umbigo da gente mesmo, hoje te digo o contrário. Não que eu seja um vira ideias, só mesmo porque tem gente que me faz mudar de latitude quando lhes vejo que a linha do pensamento passa em tangente, por defenição toca num ponto, do inferno maquiavélico e facínora das guerras psiquicas e químicas dos cotovelos doridos. Mermão, podes pagar outro, que eu sei que estes são mais caros?Sabes, mermão, tem palavras que em algumas bocas quando saiem sabem a elogio mesmo que pareça que estão falando mal. O zulmarinho com o seu perfume salgado de marzia me ensinou esssas coisas.Avilo, vamos buscar umas lenhas para fazer uma fogueira para dizer na Magia qual o caminho certo e direitinho?Essa Magia parece quem nem a Arca do Noé, mas tem felizmente um limite que chama mesmo quem não imagina não viaja. Vamos bolinar ao gosto deste whisky que vem lá das terras do norte e vamos temperá-los com os ares que vem do sul.
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PassaFome

"Fio": Pelos vistos aqui tambem não.......

carranca
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11-12-2004 12:29
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Liceu Américo Tomás
Nos meus calcçanitos e minhas sandálias feitas de pneu de um carro qualquer, deixo a Rua das Hortas, parei na Farmácia Portugal para comprar curitas e sigo rumo à Casa Soares. Sim senhora, à Casa Soares. Num tás a ver que nem onde é?. Pois fui mesmo no PassaFome comprar remendos pra burra comprada muitas mãos depois. Matendeu o filho no alto dos seus muitos centímetros e seu ar de quem nunca viu sol, sua simpatia que nunca sentiu um sorriso na face. PassaFome está lá para trás a contar pregos, ou parafusos, ou mantas de contratado, ou panelas, ou fios de electricidade, ou...sei lá, que lá tem tudo e mais há-de de ter que nem me lembro. Tem na garagem um carro muita grande, assim como dos anos 30 da américa, que leva 5 litros de gasolina no depósito e outros no garrafão que é para a volta nos passeios mensais. Toda a gente vai na Casa Soares p+elo menos uma vez no mês porque lá tem. Um bico para o fogão primos da Hipólito. Uma camisa para o petromax. Um sei lá. Lá tem!
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Carlos Carranca

Fosse eu psiquiatra, psicólogo ou sociólogo

"Fio": Às Pedradas!

carranca
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11-12-2004 10:17
Forum:
Conversas de Café
Fosse eu tudo isso e estaria aqui a tirar conclusões. Fosse eu tudo isso e chegaria a um diagnóstico e com ele sugeriria um tratamento. Infelizmente não o sou!1 ano e 3 meses depois e estou como entrei, sabendo o mesmo sobre o Homem, sabendo muito mais sobre a Terra, a minha Terra.A mente e comportamento humanos são difíceis de entender. Sei que o Homem é um animal. Aprendi isso desde a primária. Mantem instintos e com eles reacções animalescas. Por ser racional poderia raciocinar, mas momentos tem que o Homem é só mesmo animal. Instinto de sobrevivência? Recalcamentos? Sede de protagonismo? Sei que o Homem tem desejo de Sangue, de Dor, se de sentir o primeiro entre iguais (vejo isso na TV, no dia a dia, na profissão e consequentemente aqui), de ter sempre um culpado, desde que não seja ele mesmo.Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?O Homem é um ser com capacidades de evolução, com capacidade de se adaptar ao meio que o rodeia, mas com pavor da solidão. Em momentos de pavor todas as reacções são esperadas, racionais e irracionais. Mas o Homem mantém a sua capacidade evolutiva, a sua capacidade mutante. Pena que o Homem a não utilize.Fosse eu psiquiatra, psicólogo ou sociólogo e não cirurgião e talvez soubesse mais...Mas mantenho a esperança de ter a capacidade de aprender a refrear-me, a deixar a animalidade sucumbir perante a racionalidade, a EVOLUIR!

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Carlos Carranca

Mais uma corrida, uma viagem

"Fio": Sanzala Karting 24

carranca
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mais uma corrida, mais uma viagem 11-12-2004 09:44
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Sala dos "Aceleras"
Aqui sentado na grelha de partida. As pulsações sobem, sinto um aperto torácico, transpiro das mãos, embacio os óculos, treme o pé direito em acelerações arritmadas, pé esquerdo a querer sair do pedal, pela frente. Olho á direita e para esquerda num gesta maquinal de quam não quer ver mas finge. O barulho torna-se ensurdecedor. Aumenta a dor e o batimento cardíaco. Estou na grelha de partida de uma corrida de kart. Fui primeiro e fui último nos treinos. Estou só. Eu e a máquina. Um corpo que se quer em movimento mas parado porque as luzes não deram o seu sinal.Virtualmente estou com vocês.
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Carlos Carranca

11 de dezembro de 2004

Evolução

"Fio": Às Pedradas!

carranca
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Fosse eu psiquiatra, psicólogo ou sociólogo Hoje, 10:17
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Conversas de Café
Fosse eu tudo isso e estaria aqui a tirar conclusões. Fosse eu tudo isso e chegaria a um diagnóstico e com ele sugeriria um tratamento. Infelizmente não o sou!1 ano e 3 meses depois e estou como entrei, sabendo o mesmo sobre o Homem, sabendo muito mais sobre a Terra, a minha Terra.A mente e comportamento humanos são difíceis de entender. Sei que o Homem é um animal. Aprendi isso desde a primária. Mantem instintos e com eles reacções animalescas. Por ser racional poderia raciocinar, mas momentos tem que o Homem é só mesmo animal. Instinto de sobrevivência? Recalcamentos? Sede de protagonismo? Sei que o Homem tem desejo de Sangue, de Dor, se de sentir o primeiro entre iguais (vejo isso na TV, no dia a dia, na profissão e consequentemente aqui), de ter sempre um culpado, desde que não seja ele mesmo.Quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha?O Homem é um ser com capacidades de evolução, com capacidade de se adaptar ao meio que o rodeia, mas com pavor da solidão. Em momentos de pavor todas as reacções são esperadas, racionais e irracionais. Mas o Homem mantém a sua capacidade evolutiva, a sua capacidade mutante. Pena que o Homem a não utilize.Fosse eu psiquiatra, psicólogo ou sociólogo e não cirurgião e talvez soubesse mais...Mas mantenho a esperança de ter a capacidade de aprender a refrear-me, a deixar a animalidade sucumbir perante a racionalidade, a EVOLUIR!
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca


Antes da evolução do Homem Posted by Hello

Uma corrida virtual

"Fio": Sanzala Karting 24

carranca
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mais uma corrida, mais uma viagem Hoje, 09:44
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Sala dos "Aceleras"
Aqui sentado na grelha de partida. As pulsações sobem, sinto um aperto torácico, transpiro das mãos, embacio os óculos, treme o pé direito em acelerações arritmadas, pé esquerdo a querer sair do pedal, pela frente. Olho á direita e para esquerda num gesta maquinal de quam não quer ver mas finge. O barulho torna-se ensurdecedor. Aumenta a dor e o batimento cardíaco. Estou na grelha de partida de uma corrida de kart. Fui primeiro e fui último nos treinos. Estou só. Eu e a máquina. Um corpo que se quer em movimento mas parado porque as luzes não deram o seu sinal.Virtualmente estou com vocês.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Amanhã é outro dia

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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10-12-2004 23:19
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Conversas de Café
Senta, mermão. Vamos beber até cair para o lado, de preferência para o lado de cima que a gente assim não se magôa.Hoje está um dia de verde com bips e bips, ais e uis por companhia, não sei se está sol, lua ou se chove. Entra gente que corre, outros calados em caras tristes, outros falam, alguns protestam. Eu sem sentir o perfume do zulmarinho faço o que gosto, choro baixinho, riu, sou ternurento, outras violento sem deixar de sorrir. Intervalo com telefonemas, que faço, que fazem, internos externos, horas ocupadas, horas vazias. Mermão, hoje é uma mescla de mesclados sentidos, sabores e dissabores, aromas naturais e de falta de água.Senta mermão, e manda vir mais umas para a gente olear a goela, arrefecer o cérebro, fazer paragens nas estações e apeadeiros, ter capacidade para sobreviver, olhar futuros em olhos de ontem e vice com versos. Deixa entrar na Magia, remar se for hora de remar, cantar, bulir na bolina, abrir ou fechar. Deixa entrar, avilo, agarrado a uma birra gelada, afogando a alma mantento olhos abertos em sentinela.Deixa o sabor da saudade do zulmarinho entrar nos poros e te lembra que amanhã é outro mais que um dia.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

9 de dezembro de 2004

Esquece

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Hoje, 20:16
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Conversas de Café
Senta, mermão, e vamos conversar. Vamos falar do tempo, das coisas boas da vida, de ontens que esquecemos as coisas tristes e só recordamos as coisas bonitas que nos aconteceram. Vamos falar do lindo pôr-do-sol que fez, do verde claro deste zulmarinho, do perfume de Channel ou deste mesmo mar que te acaricia os pés cansados de estar sentado numa cadeira qualquer de uma secretária de boas famílias ou boas madeiras. Vamos falar mesmo de estar sentado numa lareira lembrando as noites passadas à volta de uma fogueira numa noite de tropical verão.Senta, avilo, e paga as loiras geladas que se atreverem a passar nesta mesa.Senta, mermão, e esquece os números negros da fome, da guerra, da SIDA, com que nos querem bombardear e retirar deste nosso bem estar. Senta, mermão, e não penses que existe mundo para além daquela linha recta que é curva e se chama horizonte. O que existe os teus olhos alcançam. Tudo o resto, mermão é ficção... Não existe mundo, por isso, mermão, não existem problemas...
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

8 de dezembro de 2004


Depois de copiar os Dez Mandamentos Posted by Hello

Sol de Inverno

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Hoje, 15:54
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Conversas de Café
Senta, avilo. Paga ai umas loiras nesta tarde de Sol.Senta a olhar para as garinas, faz de conta tens 20 anos outra vez.Lhes sente o perfume. Sei que lhes é abafado por esse do zulmarinho, mas tenta mesmo.Avilo, aí deve estar mesmo calor de rebentar os poros da transpiração imaginativa dos sonhos futuros. Os ponteiros do relógio rodam com destino a amanhã e a azáfama deve que ser mais que muita, e nós aqui a beber as loiras e ver toda essa agitação congesticionária dos trânsitos parados nas estradas acabadas e nas outras também.Aqui, avilo, faz Sol de Inverno, gelado que nem roupa de Pai Natal aquece e as notícias chegam assim em pequenos parágrafos de poucas palavras com medo de ficar vazio.Manda vir outras para saborearmos o gosto do sonho real que tem um amanhã já hoje.Conta, mermão, notícias das Tias todas que ficaram no início deste zulmarinho, usando palavras que enchem os olhos com a água igual à desse zulmarinho.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Aos loiros


"Fio": Carta aberta á imoderação....

carranca
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Hoje, 15:43
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Conversas de Café
Os Dez Mandamentos da Sanzala
(utilizando as armas dos loiros, isto é, copiando)
1 - Não recusarás bebidas alcoólicas oferecidas por qualquer membro da Sanzala, mesmo que você já tenha vomitado 3 vezes.
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2 - Respeitarás a democracia da Sanzala! Se a maioria achar que vocês devem ir a um determinado lugar, vá! A voz da Sanzala é a voz de Deus!
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3 - Jamais discordarás dos membros da Sanzala, mesmo que eles digam que você tem tendências homossexuais.
--------------------------------------------------------------------------------
4 - Não invejarás outras Sanzalas, mesmo que elas sejam bem melhores que a sua! A sua Sanzala é sempre imbatível, pelo menos para os integrantes.
--------------------------------------------------------------------------------
5 - Não deixarás a Sanzala para fazer coisas supérfluas como estudar, trabalhar, arrumar o seu quarto etc.
--------------------------------------------------------------------------------
6 - Jamais falarás sobre política ou qualquer tema que esteja acima da capacidade mental padrão da Sanzala.
--------------------------------------------------------------------------------
7 - Não conversarás e, se possível, nem olharás para integrantes de outras Sanzalas.
--------------------------------------------------------------------------------
8 - Pregarás as doutrinas da Sanzala e converterás mais membros para integrá-la! (se abrirem as matrículas)
--------------------------------------------------------------------------------
9 - Respeitarás as ordens da Sanzala acima das ordens dos pais e do país.
--------------------------------------------------------------------------------
10 - Antes de fazer qualquer coisa, perguntarás a si mesmo: será que o pessoal da Sanzala vai gostar?

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

7 de dezembro de 2004

Pescador - Cajoão5

RE: Um dia depois, faz tempo

Mano véio, abre aí duas a estalar que hoje vou-te confessar uma coisa. Ainda que nunca te contei porque tenho vergonha. Vergonha é aquele mal-estar de quem não sabe em que espelho se olhar... Porque muitas vezes os olhos se molham de sem-razão aparente. E um homem não chora. Homem que chora mermão, não vale nada que nem eu. Meia dúzia de loiras atrás me falaste de algo que sempre me perseguiu durante quase trinta anos. Falaste de uma sensação que por vezes, fugazmente julguei sentir no Alentejo, ou no Algarve, em esporádicas chuvas de verão. Mas era só desejo de tornar real essa perseguição. Porque a realidade é inimitável. Nada se compara ao nosso cheiro da terra molhada. Aquele mesmo que te lembras. Aquele que te dói onde não sabes mais como. Quando bateu... Escondi-me dentro da chuva torrencial e misturei as minhas emoções no grito desabafado: VOLTEI !!!!! Esta é a minha terra, a minha casa. Agora mermão, espero por ti... Todos nós te esperamos... Para enfim descobrirmos porque é verde o zulmarinho. Enquanto isso, manda mais duas "a estalar". Tenho um sabor salgado na alma... MARzé
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Umposter de F.Pereira para a parede do café

O Analfabeto Político

O pior analfabeto
é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala;
Nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
o preço do feijão,
do peixe,da farinha, do aluguer,
do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro
Que se orgulha e estufa o peito,
dizendo que odeia política.
Não sabe o imbecil que,
da sua ignorância política,
nascem a prostituta,
o menor abandonado, o assaltante
e o pior de todos os bandidos:
que é o político vigarista,
pilantra, o corrupto
e lacaio das empresa nacionais e multinacionais.

BERTOLD BRECHT


Sanzalando em Angola
Carlos Carranca
"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Um dia depois, faz tempo Hoje, 10:40
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Conversas de Café
Senta, mermão.Vamos despachar umas e outras, geladinhas e loiras.Senta e ouve com atenção tudo o que te dizem, porque as estórias, mesmo as que desgostas de ouvir, te ensinam coisas, mesmo as que desgostas de viver te ensinam coisas. Te queria te contar uma estória de quem não andou no Salvador Correia, de quem era kadengue quando foi na cidade grande, que por ser grande até tinha bairro com números; gente muita que andava na berrida só porque era moda parecer que estava ocupado e atrasado, mas se fosses atrás deles vias que corriam para lugar nenhum; que tinha gente muito importante, que por serem importantes nada faziam porque a importância de o ser já era fazer muito; que tinha gente que chegou no topo de qualquer coisa e afinal a gente vê que só chegou mesmo no topo flutuando à custa do ar quente que lhes enche o cérebro e por isso subiu na vida que até parece de balão. Te queria contar, ao ritmo do zulmarinho em dia de calma, a estória que havia de ter de ser inventada, porque não há nada que seja mais importante que tudo o que disse, mas a goela está ressequida e eu não te vou contar ficções.Senta só mesmo, mermão, e vamos ler BERTOLD BRECHT e o Círculo de Giz, em voz baixa para não acordar as vozes da revolta, as vozes do restelo.Vamos , mermão, paga mais umas e outras que o dia vai passando e nós não temos tempo, porque o tempo passa rápido e há muitas para beber.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Até esquecer

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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06-12-2004 22:39
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Senta mermão e vomos mndar pela goela umas e outras ouvindo o zulmarinho a cantar baixinho as rosas de que lhe dei, o infinito amor, o eterno amor. As músicas do Minguito que ele as canta como ninguém. ouve só com atenção. Ainda não as ouves? Mermão manda vir outras doses e já ouves neste silêncio da noite de lua cheia.Ai esse tango esse tango, o tango da minha vida.Puxa do acordeão e vais ver se ele não te canta as músicas todas e sem desafinações.Esse zulmarinho que nos separa unindo como cabo submarino tem encantos que só ele mesmo sabe encantar.Mermão, o cheiro da terra molhada, os salpicos do sal, tudo vem desde o início dele, lhe está na alma.Vês, mermão, de vez enquando vem onda maior, assim como onda de raiva, que se espraia mais longe nessa praia que lhe tenta travar, mas não tem nada que lhe trava, é mesmo ele a dar uma de rock, a imitar os stone dos tempos de antigamente.Manda vir só mais uma geladinha para mim. Quero beber até esquecer que estou deste lado do zulmarinho.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Há dias...do não

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Hoje só mesmo muitas geladinhas 05-12-2004 22:58
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Tem dias. Hoje é só mesmo dia de beber umas e outras.Ouvindo e sentindo o zulmarinho.Hoje é dia do não.Mermão, hoje não te convido porque hoje só mesmo para beber e nem pensarHá dias!!!!!!!!!
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Tim nó nim

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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tin nó nim 04-12-2004 21:58
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Senta, mermão. Pede umas e outras e fiquemos juntos deste zulmarinho que tem o início dele lá mesmo, a ver o desfile de coisas bonitas, coisas menos bonitas e de coisas mesmo feias. Senta, camba, e ouve essse gorgulhar das ondas desse mar cantando coisas da terra que fica lá no início dele.Senta aqui, avilo, com a nossa loira geladinha e vamos fazer castelos de sonhos, criar imagens partidas do real com sabor a futuro.Vamos vendo a flor a crescer no seu futuro de calma, serenidade e sem solavancos como o comboio da Chibia.Manda vir umas mais para que possamos ver os tim nó nins do progresso a subir a ladeira inclinada numa marcha certeira, cadênciada e progressiva.Senta, mermão e vamos sentindo o perfume trazido por esse zulmarinho do nosso contentamento.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

3 de dezembro de 2004

Beber até acabar

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Beber até acabar Hoje, 22:16
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Mano velho, manda aí uma loira gelada, para eu ler política com cérebro vazio de pudor. Diexa entrar nas linhas e nas entre linhas de um caminho de ferro de leitura, pesado, vivido e com certeza bem filtrado pelas vozes da consciência que grilam no fundo, de ideias que ficaram por implementar, de projectos que não passaram disso mesmo, de medidas mal pesadas como fubeiros do ontem. Deixa estar aqui, recebendo a brisa salgada desse zulmarinho que tem início lá mesmo onde ele começa a ter vida cada vez mais vivida, sabor de quente estar vivo, frenezim de agitação das sombras ainda memorizadas, das noites de lua lutada e balas perdidas com nome na ponta. Deixa beber muitas esperando a onda certa para surfar até no início dele.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Sais de fruta

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Uns sais 02-12-2004 17:15
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Não, não sais. Sais de fruta.Senta mermão e fala baixinho para não ouvires as marteladas dentro do teu chocalhado e cérebro. Conta tudo que os três monstruqueiros andaram a fazer sem eu.Me desculpa, mermão, mas eu vou mesmo nas loiras que assim te ouço melhor e te compreendo, sem zangar, as estórias de seireinatas que andaste a fazer sem eu.O zulmarinho lhes pergunta se estão mesmo com a idade dos antigamente, não nos anos, mas no espírito, na alegria e na vontade de viver a vida com o ar cacimbeiro e sem ele aí no início do zulmarinho, onde a vida renasce em cada segundo com a esperança de que amanhã vai ser melhor que ontem.Conta, mermão, sem desquecer num promenor que o ar concessionado possa avariar na lembrança.Sabes, mermão, tenho saudades do Ojamba, aquele animal de tromba grande que andava aqui a derrubar com carinho e amor todas as mesas.Sabes mermão, cada dia que acordo e agarro na loira só me lembro mesmo do início do zulmarinho.Sais de fruta te estão a fazer o efeito que eu quero que ele não faça? Conta tudo, mermão, porque senão ainda te atiro na janela que vais parecer o Vasconcelos em 1640.Mermão, enquanto bebo outra, te pergunto se já ensinaste no outro nosso kamba para que serve o PC, que não é só para escrever testes e textos, mas que serve também para escrever ao fim do zulmarinho.Vai uma loirinha sobre os sais?
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

1 de dezembro de 2004

Pescador - Cajoão4

O Pescador de Lágrimas...

Mano kimbanda, manda servir já quatro birras bem geladas que hoje tem trumuno na esplanada. Chegámos. Viemos juntar-nos a ti. O Manel e o Beto trouxeram as violas e as vozes em forma e eu faço de elemento fundamental do trio: se bebermos demais sou eu quem os ampara. Hoje tem sereinata. Estamos aqui para levar tua alma de poeta. Desculpem-me os que estavam à espera da continuação do relato do meu regresso a casa mas hoje não dá... Não sou Pêro Vaz nem escriba de relato certinho e continuado. Só sei escrever ao deusdará quando as ideias chegam sem avisar. Se esforçar muito borro a pintura. E hoje, meu mano-véio mandou trazer manos Manel e Beto e eu, bem comportado como sempre aqui estou (qué isso de me chamar puto reguila ???). Pramais ele parece que me vê e desvê por dentro. Fala que parece que recebeu meu sentido. Se isso não é ser mano mais que de pai e mãe, não sei. E hoje tem que ter sereinata (não é engano, é mesmo prás sereias). Também tive que interromper para vir aqui (aqui na esplanada e não noutro sítio), dar a mão à nossa Mercedes e dizer: fica conosco ! Não nos deixes e vem bolinar no MAGIA. Vim te dizer que temos sempre um refúgio onde se gosta e se é gostado. E não é refúgio de medo. Às vezes é de asco e a limpeza da alma faz-se com os amigos. Eu gostava de ser teu amigo. Deixa-me tentar aqui. Na esplanada e no MAGIA do kota Quelhas. Pra isso os manos Manel e Beto já começaram a função. Já se ouve: "Somos filhos da madrugada, Pelas praias do zulmarinho nos vamos, À procura de quem nos traga, Verde oliva de flor nos ramos..." Senti agora um frio na espinha... Será paludismo ???MARzé

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca


Um momento de sorrir negramente Posted by Hello
Preciso de sentar contigo frente ao zulmarinho com as birras bem geladas por perto para ajudar a falar-te de coração aberto, mostrando as fraquezas de me sentir tão pequenina nas grandes lições que ele nos traz. Não quero ter mêdo de te falar dessa senhora que sustenta com dificuldade 5 filhos sózinha e que reparte com os que a procuram pedindo ajuda. Desse garoto que ela me mostrou, que ela hoje não tem como ajudar, vindo do "mato" em tratamento com a Mãe e irmãos, e com Pai já falecido. De 16 anos e olhos assustados ele quer emprego sério porque ser "tio António" nem sempre garante dinheiro no dia, e a Mãe, que agora já não anda, precisa para sustentar os irmãos dele. A senhora pede com lágrimas nos olhos para que a ajude a ajudá-lo ... Não me lembro na altura de culpar nada nem ninguem . Só olho o rapaz , lembro o meu filho que acabei de deixar na escola , pego em dinheiro e dou. Olho os olhos molhados da senhora e sinto-me pequenina ...Fiz o que podia?? Responde agora meu conterra.
Deixa pegar noutra birra para te gritar , envergonhada e revoltada só comigo mesmo : NÃO!
Deixa olhar esse horizonte e experimentar não ter medo do que está pra além dele.
Deixa sentir a espuma molhar para sentir que prazer é naquele momento, mesmo que vá depois.
Deixa chorar de encher a maré de vergonha por todos os que se sentem infelizes com tanto que temos e achamos tão pouco.
Deixa agradecer a este zulmarinho ser tão grande assim que nos traz ensinamento que faz acreditar que amanhã vou ser melhor...

Armanda

Obrigado amiga por este desabafo

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca


O Zulmarinho hoje Posted by Hello

Serenamente calmo

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Seramente calmo Hoje, 16:57
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Conversas de Café
Senta aí, conterra. Sentem-se conterras de todas as terras. Aproveitemos para marcar um outro encontro que se seguirá a este. Sentem-se, bebam e paguem as que eu consumir. Afinal mesmo este cantinho serve para ver longe, não olhando para lado nunhum. Às vezes olhando dentro da gente, a gente se encontra ainda mais com a gente mesmo. Compliquei? Manda vir outras e já se descomplicam as ideias. Te lembra só, avilo, que antes de seres o que és foste um espermatozoide dos milhões que foram ejectados. Se tivesse sido outro a ganhar na corrida dentro do canal, tu não eras tu. O óvulo era mesmo só um por isso não tem escolha nem dúvida que por ele serias sempre tu na mesma. Compliquei mais? Manda vir outra rodada e vais ver que se descomplica tudo.Hoje cresceste, viraste gente adulta, ou quase, depende mesmo do funcionamento dos neurónios. Mas és o que és e ninguém tem nada a ver com isso. Pensaste e hoje não fazes parte da estatística dos 50 milhões que comemoram o dia mundial de luta. Mas tem tanta gente madura que não tem pensamento para ver que a vida não é um jogo nem passatempo, não é roleta que se joga num momento de prazer ou de levado por 'toxinas' pensar que só pode mesmo sair o azar grande aos outros.Tanta paleio para dizer que a passagem por este zulmarinho não é mais que um instante que deve ser vivido com alegria e pensamento no sitio dele mesmo.Vês, conterra de todas as terras, como é fácil entender. Manda só vir mais outra para azular mais o zulmarinho.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Os velhos do Restelo

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Paga a rodada 30-11-2004 22:12
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Conversas de Café
Senta por aqui, camba.Senta e trás coisas de lá do início deste zulmarinho que está sereno que nem lagoa, mas continua a largar o seu perfume de mar por estas bandas.Senta, camba, e paga a rodada. Entra na Magia da imaginação e despara para pensar, voa sonhando com a terra quente, o sabor depois da chuva, o vento carregado de areia tapando o alcatrão. Entra e vais ver a neve cair sobre o equador, o quadro negro ficar mais negro sem o giz branco da linha recta que delimita o conhecimento, o vazio do ôco sabor de enxofre qual inferno de chamas apagado.Entra, mermão, e espera que vais ver o eclipse do sol abafado pela luz clara de um qualquer holofoto de um concerto ali para os lados do Rio Nilo, quem vira nas Caraíbas e pára no trópico de Capricórnio.Entra meu irmão e ouve o silêncio que vem do lado do zulmarinhoMas ao entrares trás uma loira bem geladinha para este teu irmão!
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Carta a LCB

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Sentindo o perfume 29-11-2004 17:51
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Conversas de Café
Senta ai, avilo.Vamos bebendo umas loiras geladas.Aqui sentados conseguimos sentir o perfume que vem do início este zulmarinho.Eu sei, avilo, que não foi fácil sentires o baque ao fim de 30 anos. Sei que vieste de uma latitude diferente, entraste num permeio curto e foste logo sentir a terra que está no início deste zulmarinho. Se calhar estavas à espera de ver o X e o Y de braços abertos à tua espera...mas encontraste apenas o cheiro, o ar quente, o ar da nossa terra. Encontraste o mesmo solo e muito pouco mais. Nesse diferente encontrarás amizade, amor e o sentir que tudo ainda faz parte de ti. Espera, deixa o teu corpo adaptar, deixa florescer as sementes hibernadas que estão dentro de ti.Bebe comigo umas e outras e vais-te encontrar e prender novamente ao início deste zulmarinho
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Silêncio no cais

Silêncio no cais

No silêncio viscoso
da ruela
um grito rasga a noite
de mistério.
Depois...
nem o eco
alívia
a minha angústia!...


A uma amiga o meu obrigado
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Carta a Matumbo

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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28-11-2004 20:09
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Conversas de Café
Senta por aqui, mermão. Senta a ver o zulmarinho no seu andar para frente e para trás acariciando essa praia de areia fina.Senta e bebe comigo.Não fala, mermão. Respira só esse ar de marzia, enquanto refrescamos a goela. Olha bem que esse mar não tem pastor, mermão. Vê que não tem ritmo ritmado mas sim arritmado no seu ir e vir. Mas sente como ele te enche a alma, te purifica o espírito. Te deixa todo lavado por dentro, sem a maldicência dos humanos. Senta, mermão, os teus pesados quilos e refresca-te com os salpicos desse zulmarinho purificante que tem o seu início lá.Senta aí, mermão, e fica vigilante que esse zulmarinho costuma derrubar as barreiras que os humanos põem no seu caminho. Esse zulmarinho é livre de liberdade de ser livre.Bebe mais umas comigo
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Sentado neste muro

"Fio": Sentado no varao do muro da minha casa

carranca
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Um vento leste 26-11-2004 23:04
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Liceu Américo Tomás
Sentado neste muro
na rua dos pescadores
me esqueço que é duro
viver de dissabores
esquecer os amores
que sonhei neste muro.
Joguei á bola
sentado neste muro
faltei à escola
sentado neste muro
rasguei a sacola
sentado neste muro.

O Mundo é duro!
Sentado neste muro
viajei pelo mundo
sonhei alto e tive um furo
pelo que fui ao fundo
no mar revolto
vim á tona senti-me solto
Joguei á bola
sentado neste muro
faltei à escola
sentado neste muro
rasquei a sacola
sentado neste muro.
O Mundo é duro!
Este muro
é um início
não o precepício
de um buraco sem fundo


Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

26 de novembro de 2004

Uma carta um caminho

Mais uma crise. Crescimento? Amuderecimento? Apodrecimento ou simplesmente aborrecimento?
Transparentemente me transcrevo.
Egoisticamente me mantenho solidário

"Fio": Adeus

carranca
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Eu Carlos Carranca, eu zulmarinho... Hoje, 15:28
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Conversas de Café
Merch
Não sei porque te escrevo. O que escreveste assino por baixo, mudando é os nomes. Por isso não sei porque te escrevo. Nunca falei SÈRIO com o António Delgado sobre a génese deste forum. Aproveitei-me dele para os fins que tenho em vista : dar consciência aos angolanos da diáspora que há Angola; que há Angolanos que nunca sairam de Angola; que há os que regressaram depois de alguns, muitos ou poucos anos depois; Não me interessou nunca se eram de origem Kuahama, mucubal, ovibundo, portuguesa, indiana, e outras muitas que enriquecem a nossa Angola quer na vertente cultural quer linguística.Algumas vezes perdi a minha maneira de ser e de estar. Sonhei com a Sanzalangola, acordava a pensar nela, vivia o dia a dia a pensar nela. Enfim, vivia para ela e com ela. Dentro dela fui crescendo, mas mantendo o mesmo propósito - consciencializar. Aproveitei, continuo a aproveitar, aprender muita coisa que por motivos vários eu nunca soube, nunca quis saber. Escolhi amigos e amigas, quer pela maneira de pensar, quer pela maneira de escrever, (mesmo não escrevendo ou pensando a vermelho como eu escrevo e penso). Em alguns fui buscar ensinamentos positivos, ensinamentos não só de origem política como também das múltiplas culturas existentes em Angola, da HISTÓRIA da nossa terra; noutros, pela negativa, me ensinaram também. Hoje, de cadeira, te digo que aprendo muito diáriamente por aqui, mas hoje já não vivo Sanzalangola. Hoje vivo EU, e venho aqui para escrever para os que gostam de me ler (pouco me importa o meu ranking porque não sou vaidoso até esse ponto) e ler os que gosto de ler - nem todos sabem quem são eles. Os outros simplesmente, egoísticamente, não existem.É evidente que de quando em vez meto a minha ferroada/alfinetada maldosa, mas isso porque faz parte do «Ser Humano» que não é de pau e gosta de ver sacrifícios e tochas a arder.Assim, amiga Mercedes/Merch, não sei porque te escrevo. Talvez por ter pena de vir a deixar de te ler. Talvez porque tenha pena de perder uma fã.Egoísticamente, uso a Sanzala. Pela dúzia ou pelas duas dúzias ou três, ou centena, sei lá, vale a pena continuar aqui até nos deixarem.Para ti Merch, um BEIJO.Para os outros, duzia ou centena, um abraço sempre amigo do REI do DESERTO, como a Merch sempre carainhosamente me chamou.No início do zulmarinho tem birra geladinha que tu e kambutinha carinhosamente guardam para mim.

Uma adendazinha ao meu anterior texto Hoje, 16:35
Forum:
Conversas de Café
Porque me fui mudando, moldando ou limitando ao sonho do zulmarinho:Porque arruaceiros não são aqueles que têm a fama...mas sim uns quantos que paulatinamente foram entrando e estão a destruir a Sanzala, deformando-a, manipulando-a, usando-a como base de algum estudo de caracter psicológico ou com outra finalidade que me recuso mesmo a pensar
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Dia de maré cheia

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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De lá João 25-11-2004 23:45
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Conversas de Café
Pois é hoje é dia de maré cheia. Zulmarinho hoje ficou com mais água salgada que escorreu pela minha cara abaixo e lhe foram desaguar como um rio.Senta aí mermão e fala as coisas bonitas desde o início deste zulmarinho que nos separa mas nos une num contacto assim mesmo real de virtualidades. Se fez o triangulo de equinócios, almas gémeas sulcando as ondas sem as destruir porque não lhes toca.Senta, mermão, e não pares de falar que eu hoje bebo para escutar. Páre, olhe e escute! Tou na linha, paralela que se curva no horizonte da imaginação e te acompanho na velocidade das imagens que seguem no filme da imaginação.Uma loira gelada para acompanhar esta vertiginosa viagem ao presente que tem gente, ao Manel, ao Beto e todos os outros nomes que não cabem num memorial qualquer.Uma loira gelada com cheiro a mar!
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Pescador - Cajoão3

O Pescador de Lágrimas...

Vem Carlos... Tu também Paula... E tu Cristina. Venham vocês todos, Lena, Fernando, Mercedes, Reginalda, e todos os que se sentam nesta esplanada pelo simples prazer da amizade e da simplicidade das coisas boas. Dêem-me as vossas mãos e venham comigo. Deixem-me secar os olhos e venham comigo enterrar os pés na areia e sentir o aroma do zulmarinho. Cuidado onde pisam... Há muito lixo, principalmente cacos e latas e não convém dar arrelias profissionais ao mano-véio... Ele que venha só de puro gozo e vai esquecer maleitas alheias e pensar só no bikini azul.... Peçam aí no balcão para nos prepararem uma merenda e tragam a caixa térmica cheia de cerveja e gelo. Vamos sair de Luanda e andar para sul. Vou tentar partilhar convosco um pouco destes dois últimos anos do resto da minha vida. Sei que é tarefa difícil, e como já disse falta-me o talento dos eleitos para transformar esta prosa num relato merecedor da vossa atenção e fiel depositário dos meus arrepios. Mas vocês pediram e eu não tenho como negar. Vou-me esforçar...Desculpem-me se me embargar a voz e toldar o olhar... Acontece-me com frequência nestes dois anos e não sei como evitar. Sei que não é paludismo que esse já deu e foi. Sendo assim ponho os óculos escuros e dou umas tossidelas discretas que vocês nem reparam...Vou saltar uns meses (se quiserem volto depois ao início), porque tenho pressa de chegar ao nosso Namibe. Custou mas consegui Depois de um ano a correr Angola por estrada (Malange, Cambambe, Kapanda, Kalandula, Pungo Andongo, Quitexe, Huambo, Cela, Kibala, Bocoio, Sumbe, Porto Amboim, Lobito, Benguela, Ambriz, Piri, etc, etc,), ainda não tinha descido a sul do Cuio (perto do Dombe Grande,a sul de Benguela, a caminho da Lucira). Com algum jeito e manobras "maquiavélicas", lá consegui convencer o grande guia das picadas, o meu sobrinho e também sanzaleiro Truca-Truca, a partirmos após o Natal e passarmos o ano na minha (nossa) província. Ele condoeu-se dos meus argumentos e partimos para essa minha primeira visita a Moçâmedes, quase 30 anos depois de ter saído...(Para não me tornar maçador, interrompo agora o relato para o fim de semana. Volto na segunda.) MARzé
__________________Entre o Mar e o Deserto há gente.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

Pescador de lágrimas - Cajoão2

Vou-vos confessar uma coisa: gosto desta esplanada !!!E gosto dela porquê ? Primeiros, porque gosto de gostar. É o meu hobby. Segundos, porque mesmo que não gostasse tanto de gostar, o ambiente me contagiava e eu tinha que gostar. Terceiros, tem gente boa e bonita que não acaba mais, e aí fica difícil não gostar. Quartos e seguintes, não interessam porque os outros chegam. Portanto, gosto e ponto final. Mas o que eu gostava mesmo era de ter mais tempo para estar aqui com vocês... Aí eu ainda ia gostar mais. Se tivesse mais tempo, podia vos contar como vejo a Angola de hoje. Podia tentar descrever as emoções que senti ao regressar à terra e ao zulmarinho. Quando entrei na descida do Giraúl e quando vi a ponte do Bero depois de 30 anos. Quando subi e desci a Leba. Quando entrei no deserto e reguei uma Welwitchia com um pouco de água e cloreto de sódio que levava nos olhos. Quando entrei na avenida e vi o tribunal ao fundo. Quando de madrugada, na ponta do Noronha, acompanhado de uma Mucubalinha que faz o favor de ser minha amiga e de um general reformado da guerra que não da música, gritámos que nem doidos para que o vento vos levasse um pouco da nossa alegria em estar ali. Quando, quando, quando... Podia, mas não vou sequer tentar. Falta-me o tempo e o talento. Como descrever a alma quando nos sentamos frente ao zulmarinho e, com a linha na água, pensamos na desculpa para os peixes que se deixam escapar. Acho que já me chamam o pescador de lágrimas... Mas eu deixo. Estou aqui e não há estiga que me ensombre esta realidade.Mandem vir... Hoje ainda pago eu. Bebam comigo e brindem ao que quiserem. O meu brinde vai para vocês, meus companheiros de esplanada. Não sei se vi bem, mas pareceu-me que esta esplanada tem um quiosque... É verdade ?MARzé
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Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

De lá João

"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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De lá João 25-11-2004 23:45
Forum:
Conversas de Café
Pois é hoje é dia de maré cheia. Zulmarinho hoje ficou com mais água salgada que escorreu pela minha cara abaixo e lhe foram desaguar como um rio.Senta aí mermão e fala as coisas bonitas desde o início deste zulmarinho que nos separa mas nos une num contacto assim mesmo real de virtualidades. Se fez o triangulo de equinócios, almas gémeas sulcando as ondas sem as destruir porque não lhes toca.Senta, mermão, e não pares de falar que eu hoje bebo para escutar. Páre, olhe e escute! Tou na linha, paralela que se curva no horizonte da imaginação e te acompanho na velocidade das imagens que seguem no filme da imaginação.Uma loira gelada para acompanhar esta vertiginosa viagem ao presente que tem gente, ao Manel, ao Beto e todos os outros nomes que não cabem num memorial qualquer.Uma loira gelada com cheiro a mar!
"Fio":
Vejam isto...antes que desapareça.....
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca