A grande graça do começo de uma paixão é sofrer daquela indecisão absurda sobre passar ou não passar, ligar ou não ligar, olhar ou não olhar. É perguntar ao vizinho do lado se ela está a olhar, se ela foi à festa, como, com quem e se ficou sozinha. É ter premonições sobre onde ela vai estar. É lembrar a matrícula e o barulho do motor do seu carro de cor. Ficar inseguro, comprar roupas novas, escrever bilhetinhos, cartas que não se manda. Comer chocolate ao quadrado, fingir encontros casuais, disfarçar as tremuras, desenvolver a arte de tirar informações dos amigos dela sem que eles percebam. É ficar mudo quando há um cara a cara não esperado. Fazer caminhadas em ruas antes desconhecidas. É dizer alguma idiotice para quebrar um silêncio e depois condenar-se por ter dito aquela bronca. É identificar o amor nas letras das músicas. É desejar perdidamente o primeiro beijo. Frequentar lugares que nada têm a ver connosco, só porque ela vai estar lá. É a maneira mais fácil de se voltar a ter 15 anos, não importando a idade com que se esteja. É discordar das convicções mais sólidas e criar as nossas próprias regras sobre amar e viver.
Ficar apaixonado é viver intensamente. Por isso mesmo é que eu preciso apaixonar-me de novo. Com a máxima urgência.
Ficar apaixonado é viver intensamente. Por isso mesmo é que eu preciso apaixonar-me de novo. Com a máxima urgência.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca
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