A Minha Sanzala

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8 de dezembro de 2005

Uma estória verdadeira(13)


"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Uma estória verdadeira (13) Hoje, 19:09
Forum: Conversas de Café
Depois duma noite bem dormida há que pôr a pé outra vez. Muitas voltas para serem dadas nestas tuas ruas de Luanda. Me fosse possível e eu corria todas, mas todas mesmo. Mas tu sabes que eu jamais conseguiria isso só com uma vida. Precisava mesmo de ter muitas vidas para conseguir tal feito.
Mas hoje tem que ir no Largo Serpa Pinto que agora tem outro nome mas deslembrei porque toda a gente chama ele mesmo assim.
Mais uma aventura nas ruas. Perícia de condutor se vê mesmo aqui. Cada tangente no carro alheio que não sei mesmo se não entrou na porta dele. Tava mesmo tão perto que lhe vi sentado a meu lado. Mas em esses mal pronunciados, num constante ziguezaguear na tentativa de ganhas uns segundos aqui e ali, lá se vai andando. Prometido mesmo é lá chegar. Hora não tem problema. Hoje a gente chega lá que não tem dúvida. Inteiros? Bem, isso a gente vai ver depois de arranjar um lugarzinho para encostar o carro. Estacionar vai ser mesmo impossível. Mesmo só encostar e vivo velho.
Mas a gente lá consegui chegar. Quer engraxar os sapatos, me perguntaram em voz de criança. Lhe respondi que não, pois quedes não dá mesmo para engraxar. Mas dá para lavar, resposta pronta e recebida. Então me dá dez! Nem penses, disse eu com voz de educador. Insistência e mais insistência que eu deixei de dar importância à voz que me perseguia. Num instante passei a ser surdo como me convinha. Eu sei que não consigo mudar o mundo mas prontos, surdei e fiquei melhor comigo mesmo. Egoisticamente pois então. Mas lá fui ao sítio que queria ir. Muitas portinholas para a gente falar com quem está do lado de lá. Qual mesmo é que eu devo de ir? Mais fácil mesmo é ir na que diz Informações. Também é a que está mais vazia, ou melhor, menos cheia. Quando chegou a nossa vez, uma voz masculina e timbre simpático disse: Informe-se! Como é que é então? Disse eu num ar de espanto de quem não entende patavina disto. Pois claro, se veio ao guiché das Informações é para ser informado, por isso informe-se. Tem toda a razão disse com voz trémula de quem tinha sido um pouco paralítico no pensamento. Mas também se ele de tivesse dito mais coisa menos coisa como diga lá o que quer. Mas gastar tantas palavras para dizer a mesma coisa. Ele tinha razão e eu fiquei esclarecido do que não era a minha missão. Lá me fui informando do que me havia lá levado, sempre com resposta rápida e concreta. Perguntei mil coisas e mil coisas me foram respondidas. Fiquei informado. Agora mesmo vamos em direcção do Edifício Jacaré. Mas que nome mesmo para pôr num prédio. Jacaré. Mas desde quando Luanda tem Jacaré? Depois de perguntar na rua a quem passava houve alguém que me disse não só onde era o Edifício Jacaré, como também me explicaram que jacaré é mesmo porque tem reclamo da Lacoste lá pendurado. Hoje é um dia de aprendizagem.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

1 comentário:

  1. eheheh conterra a razão está mesmo connosco!! então estão a pôr jacaré e estão a lhi chamar de lagosta?!!! é jacaré é jacaré mesmo!
    Estou a acompanhar a tua descoberta de Luanda e parece que estou lá!! Ainda bem que estou só na imaginação...
    Abraço
    Armanda

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