"Fio": Um café na Esplanada
carranca
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Uma estória verdadeira (29) Hoje, 19:28
Forum: Conversas de Café
Não sei porquê, mas o raio das noites aqui passam na velocidade da luz. Parece acabei de adormecer e já está na hora de levantar, assim diz o telemóvel transformado em despertador. Olhando pela luz que me entra na janela vejo que o sol está mesmo com ar de dia de sol, apesar das horas ainda serem cedo. Não, hoje não é dia de ir bulir nos departamentos e serviços, nem dia de fazer das ruas um escritório ou pensamentódromo. Há que despachar para ir ter no encontro e reencontro esperado como desejado. Tem de se passar ainda no Cruzeiro. Se não é assim que se chama não faz mesmo mal que a Rua da Guiné é lá que a gente vai, buscar camba que aproveita a boleia para ir bem para lá da praia do Bispo apanhar transporte para o ponto de encontro combinado nos montes de telefonemas recebidos ontem. Se passa ao lado do Aeroporto Internacional, se desce o Rocha Pinto. Quem mesmo ia dizer que num sábado tem trânsito que nem outro dia. Estes carros não têm nem dia para descansar? Como é que eles vão mesmo aguentar assim uma vida de chamada de útil por muito tempo. O pára arranca se torna um vício nos motores deles e depois eles se habitual e deitam fumo quando têm espaço para andar assim livremente. Mas a gente lá foi andando na velocidade do possível. Outra vez que parados os carros. Se ouvem tiros. Se vê gente que corre e olha para os barrancos que serpenteiam ao longo da estrada. Se vê carros azuis com cores cintilantes e sirenes. Mais carros de apoio que chegam. Um senhor, simpaticamente diz para a gente ‘persiga’ e a gente segue viagem sem compreender o que foi aquilo. Mas a verdade é que não sei se queria mesmo perceber o que foi aquilo. O carro foi andando até que se parou, assim como que definitivamente, perto do Clube náutico militar, acho eu que era assim mesmo que estava escrito no muro. Afinal ainda era cedo. Só mesmo menos de metade tinha chegado. Se foi no Flamingo beber uma bica ou uma birra gelada que o calor já estava mesmo a começar a fazer o seu efeito nas securas labiais. Se aproveitou este tempo para continuar conversas antigas interrompidas por questões que já nem eu me recordo. Outros, assim como gota a gota, que é o mesmo que dizer lentamente foi chegando. Os barqueiros já ali estavam como alguém com capacidade de organização já tinha combinado não sei de véspera se mais dias antes. Coisas metidas nos barcos, pessoas se dividem de forma anárquica que a gente é toda boa e não faz diferença se vai com A ou com B. A gente lá no ponto de destino vai mesmo ficar toda junta. Os atrasados chegaram. O meu coração se aperta quando vê o mesmo miúdo de outras eras, igual que nem sempre, acrescentado de barba a dar para a cor cinza, mas o mesmo físico que lembra toda uma família e que nos anos que passaram parece que por ali ficou mesmo congelado no tempo. Voz e cabeça se lembra das peripécias de outras eras, quando a adolescência mandava mais que a consciência. Abraço mais forte não podia ter havido. Se fosse dia de chuva se calhar naquele instante se ia ouvir um trovão de abraço caloroso. Dois amigos do coração se reencontram com apenas 30 anos de diferença. Troca de olhares e a escrita ficou em dia. A cumplicidade se retomou no ponto em que foi interrompida assim como que para intervalo
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca
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