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19 de dezembro de 2005

Uma estória verdadeira(21)



"Fio": Um café na Esplanada

carranca
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Uma estória verdadeira (21) Hoje, 19:45
Forum: Conversas de Café
Parece mesmo outra cidade. As ruas são só quase para mim e para um ou outro viajante da noite que sai de qualquer sítio e a qualquer sítio se dirige, não lhe perguntei porque não tenho nada com isso. Silêncio sepulcral é o que se ouve nesta cidade que durante o dia parece um concerto de latas e vozes, um disco de 78 rotações. Aproveitei para ficar a saber de um ou outro bar de boa música e gente gira. Entrámos no Bahia. Pouca gente, simpatia a rodes, uma birra e vamos embora que amanhã também é dia e a noite está a acabar. 10 minutos chegaram para regressar num trajecto quase impróprio em outras horas. Nos esperavam em casa. Incomodámos, está mais que visto. Mais uns quantos dedos de conversa que nunca foi fiada. Mais um ou outro copo. Não só solta a língua como clareia as ideias turvas de outras mentes e a verborreia nos acompanha na velocidade do raciocínio. Mas vamos mazé deitar que as horas não param para a gente ficar aqui sentado a pôr a escrita falada em dia.
Me esqueci de ver as estrelas, perdi-me do cruzeiro do sul. Vi a lua pairando no céu como que a olhar por e para mim. A cama acho nunca foi tão querida como agora, depois de um dia mais comprido que o comprimento normal de um dia comprido, a pensar nas coisas do dia inteiro. Tem de haver solução, soluçava eu de mim para mim como que a querer limpar ou limar a consciência. Acho mesmo que adormeci a pensar nas grandes resoluções que não encontrei. Mas lhes procurarei, mais cedo ou mais tarde, e mais cedo que tarde lhes hei-de encontrar. Dormi acho que um sono só, o que chamam mesmo o sono dos justos mesmo que injustos o sejam.
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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