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14 de novembro de 2007

Coração aos círculos

Cá vou eu caminhando por ruas de fantasia. Um dia eles estão engalanadas como se fossem dias de festa, outras estão cinzentas como se esperassem o carro fúnebre. Eu lá vou calcorreando esses empedrados ao sabor dos dias, das horas, respirando fragrâncias como se elas fossem nutrientes da vida.
Mas o que eu sei mesmo é que um coração desenhado na areia da praia é um símbolo do amor. Eterno, porque nenhuma onda é capaz de apagar o sentimento do seu desenhador. Entoamos palavras, pensamentos, sonhos, momentos, olhares, sorrisos e parte da nossa paisagem interior ficam ali na areia desenhados. Esta obra não necessita assinatura, nem protecção à cópia, como em tantas ocasiões está submetida a nossa vida, por pessoas sem escrúpulos que tentam manchar o que nos pertence ou por quem se esquece de assumir a autoria talvez porque identificados noutra vida escura e fria.
Mas nesta caminhada fui aprendendo que o perímetro do coração desenhado não é um lugar fechado onde cabe apenas o que já lá está dentro e que não é necessário rompê-lo para se sair dele. Descobri que existem corações abertos em que o estar dentro ou fora depende unicamente da disposição.


Sanzalando

1 comentário:

  1. Sim, companheiro, o mar carrega o sonho de uma arte temporária dum apaixonado, enquanto nós por cá observamos o seu vai-vem nas intempéries da vida, nem sempre de coração aberto.
    Cada dia o seu dia, mas vamos fazer mais como?
    Aquele abraço das gentes do Cacuaco.

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