recomeça o futuro sem esquecer o passado

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21 de abril de 2009

Capitulo primeiro (2)

Mas estamos em Abril e eu tenho que me contentar com isso. E a chuva de Abril não é igual à chuva de Março. É a realidade, vou fazer mais como então? Jamais eu vou conseguir chegar à casa da vizinha da minha adolescência, como também não consigo recuperar os ímpetos que me fariam ultrapassar qualquer intransponível fronteira. Posso prometer, com juras e outros estímulos quaisquer, mas a minha vizinha não me olhará com os olhos de antigamente. Porque o tempo passou e os meus olhos humedecidos, feitos tontos de emoção recebem cada madrugada como se fosse a última e cada silêncio de romper da aurora como se fosse um estrondoso ruído de coisas nenhumas, já não são os olhos de outrora. Os teus também não e os da minha vizinha acho que nunca mais foram os mesmos desde que deixaram de me ver a espreitar da minha varada nos fins de tarde, de chuva, cacimbo ou de verão. Acho que os nossos olhos já não têm o brilho de outrora. Deve ser do ar, da camada de ozono, das rugas que imperceptivelmente enrugaram-me a cara.


Sanzalando

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