Que se lixe se eu larguei tudo para calcorrear as ruas de Lisboa para te encontrar num dia qualquer de Inverno, sabendo que com esse gesto eu estava a rasgar folhas da minha vida.
Mas que importância tiveste na minha vida?
Nenhuma. Porque esse tudo foi um nada, coisa nenhuma.
Perdoa-me por tudo o que tenho estado a dizer-te mas a verdade é que neste reencontro comigo eu voltei a encontrar-te nas página amarelecidas da minha memória e já não sei qual o formato do teu rosto, a largura das tuas ancas, o brilho dos teus olhos. Já nem me lembro a dimensão do teu sorriso. Ris? Não me consigo lembrar. Não sei se é por esquecimento meu ou se é mesmo porque trinta anos é muito tempo.
Eu acabei de segui o meu rumo e olhando para o lado tu não estavas ali e as tuas palavras mais recentes, que eu me lembre, foram há uns trinta anos lá para trás:
- Diga? Não o conheço!
Seca, amarga e arrogantemente me falaste quando depois duns pares de anos sem te ver perguntei pela família num encontro casual e tantas vezes clandestinamente por mim desejado..
O convite que me tinhas feito para esperar uns anos e que eu por alguns dias me esqueci porque era jovem, irrequieto no olhar e pouco egoísta no amar, acho foi a razão de teres batido com a porta da amizade duns tantos muitos anos. O meu coração estremeceu e parecia que tinha apenas lugar para a dor.
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