recomeça o futuro sem esquecer o passado

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23 de abril de 2009

Capitulo primeiro (4)

Já sei, tu és a minha espera virtual, o meu sonho sonhado acordado, a minha letra tremida na escrita duma carta que nunca escreverei, a chama do meu fogo que nunca apaguei! Não! Já não sei mesmo quem és senão a imagem que tenho da minha adolescência. Deves ser outra. Má. Ruim como uma bruxa. Cada gesto teu representará, estou certo, um raio em dia de tempestade tropical. Tu és, como sempre foste, a fronteira intransponível do meu passado. Tu és o sono de que eu não despertei.

Mas estamos em Abril, chegaste aos cinquenta, amadurecida, séria, poderosa. Será que consegues ter imaginação para nos ver como éramos na adolescência? Será que tu consegues ter uma pequena ideia da minha existência para além desse tempo? Será que te lembras que um dia foste a minha vizinha?

Quase me apetecia dizer que foste futuro dum passado que já era. Mas é que fazes mesmo parte do meu passado.


Sanzalando

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