Me sento no degrau da esperança como quem espera que do céu caia a boa nova que tarda aparecer. Trago os óculos escuros, mesmo não estando sol, apenas para esconder as lágrimas que me esqueci de chorar na hora certa e não me apeteceu vertê-las à posteriori.
Olho-te, através da minha imaginação, e digo para mim que és um desperdício. Olho-me, com total independência pessoal, e digo-me que sacrifício. É o fruto deste amor que de todo parece impossível.
Apanhando o menor caminho que me leva a ti, a memória, mantenho-me que é vital manter este amor, sangrento, violento, doce amargo, ternurento e enraivecido, como a base da minha existência.
Não é mentira nem são palavras atiradas ao vento desta penumbrosa manhã de outono quando te começas a aquecer. Eu quero-me aquecer, na vida, em cada instante, em cada imagem. Eu quero ter-te e sei que vou ter-te. Nem que seja apenas na memória.
Já não sei se te lembras como é a minha voz, como é a minha gargalhada, como era o meu rosto antes de aparecerem as rugas. Eu lembro-me de ti em cada tempo teu.
Início todos os dias um novo caminho que me leve a ti e todos os dias eu me perco, eu me deixo tropeçar nas batidas aceleradas do coração, na desistência da distância.
É assim, todos os dias, sentado neste ou noutro lugar, eu me deixo levar pela janela da melancolia.
É duro ser-se humano e amar-te!
Sanzalando
Que exaltação amorosa, Deus meu!
ResponderEliminarBravo, poeta, se consente que o trate assim.
Ainda há destes bem quereres?
Bem que gostava de acreditar, talvez parasse de sonhar...
Muito lindo o que escreveu.
Espero não maçá-lo com as minhas observações. Não sei fazer melhor.
Olho no olho posso-lhe dizer que fico triste quando não escreve, fica algo em mim, por fazer.
Bem haja.