Me embalo no som das palavras como se elas fossem o bater do meu coração. Elas parecem o teclar dum piano que eu não sei tocar, o som suave duma velha máquina de escrever que faz tempo eu me esqueci de como é que é. Elas são apenas palavras que digo e que o vento, às vezes brisa, outras tempestade, as leva para algum lugar.
Ou será que as palavras são diluidas no ar?
Tem palavras que até parecem respiram sozinhas, até parecem foram ditas por elas próprias. Tem outras palavras que só elas sabem o que dizem e a quem o fazem. São palavras personalizadas, muitas vezes sofridas e poucas alegradas.
E eu me deixo embalar no som das palavras que penso que estou a dizer-te. Muda-se-me a voz, dizem até o sutaque. Não dou por nada porque vou embalado nas palavras que brilham na paixão que te tenho.
E eu me deixo embalar nas palavras que se começam dum nada, que não têm estória, nem enredo e se calhar nem memória. Fluem dissolvendo-se no ar, sem necessidade que haja quem as ouça, quem as goste, quem as absorva. Tu? Longe, nem deves ter tempo para me ouvir nem silêncio para saber que eu existo.
E eu me deixo embalar nas palavras do gesto com gosto de te gostar.
Sanzalando
Simplesmente brilhante.
ResponderEliminarMaria Clara:
ResponderEliminarpor todos os comentários que faz só posso estar 'embevecido'. É simpatia da sua parte. Mas eu não escrevo. Quem escreve mesmo é só a minha alma, essa coisa que se me agarrou e me leva onde ela quer.
Bem Haja.
Não faço favor,nem sou simpática, poeta. É o que sinto mesmo.
ResponderEliminarSe não escreve, vou-lhe dizer: então tem alma Grande, capaz de escrever e puxar a lágrima fácil na emoção.Alma assim não é para todos. É Alma de escritor verdadeiro.
Como se diz na terra longe, mais a sul que este sul, GANHOU!
Abraço