Já caiu muita chuva, já amanheceu muitas vezes com tudo tapado pelo cacimbo como se uma cortina de renda apertada estivesse posta na minha janela e mesmo assim nada tem feito com que eu me esqueça de pensar nela um minuto menos. Acho até lhe a vejo de memória com mais nitidez e lhe sinto na alma uma maior nostalgia ou saudade e embriaguez mental.
Não sei porquê mas acho que a imagem dela se me foi gravada na memória a ferro e fogo.Ai se eu pudesse voltar à minha sala de aulas e gritar que estou aqui, mas num aqui definitivamente fixo e lhe mostrar todos os momentos que vivi, rindo ou chorando, mas que são a minha vida de corpo inteiro, de alma esculpida em cada cabelo que branqueou com o tempo...
Ai se tivesse forças para esperar que o tempo parasse e as palavras não se diluíssem no ar... aqui me sentaria a ver os minerais de magnésio, as soluções de cloreto de sódio, as frases de Homero, os versos de Camões, as teorias de Sartre...
Ai se eu pudesse deixar de ter medo da chama de futuro que arde como fogo... abraçar-te-ia como te abraçava quando era criança.
Sanzalando
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