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22 de outubro de 2010

aqui divago

Me deixo passear na areia da praia deserta. Aqui termina o mar. Tenho certeza, ele termina ali porque não me molha aqui. E é aqui na areia que eu passeio porque ele aqui está quase gelado e eu sei que do outro lado está quente, que me disseram parece é sopa. Mas aqui eu lhe escuto os segredos que ele me vai dizendo na imaginação. Aqui eu sei que se fosse sol eu era quente, se tivesse cor de luar eu era lua e se fosse azul eu era céu. Mas aqui ainda não consigo ser eu, apenas só o imaginário de mim existe. Às vezes eu penso eu sou neve de gelo, de tão frio que me vou tornando, montanha de sussurro sem eco, palavra sem sentido nem carícia. Aqui me vou perdendo nos dias de ilusão, nas noites frias de solidão, nos ritmos calados do choro abafado.
Me deixo passear na areia da praia deserta afogando silêncios no vento que sopra feito brisa. Aqui eu sei que se fosse humano eu era gente. 

Sanzalando

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