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12 de outubro de 2010

eu só queria ver o mar

Vim ver o mar. Esse aí que um dia lhe chamei de zulmarinho, esse que me liga ao lado de lá, esse que às vezes me diz os recados das kiandas e me oferece as lágrimas que choras por mim. Mas hoje vim somente porque me apeteceu cheirar a maresia e sentir o vento fresco do mar. Não tinha outra ideia. Aqui é que nasceram estas ideias todas que se me atropelam na imaginação e na garganta, indecisas formas de lhes dar cor. Grito no vazio o teu nome e, para além duma onda mais forte que parece que rebentou mesmo em cima de mim, nada aconteceu. Escrevo na areia o teu nome em letras grandes que qualquer avião que passasse ia lhes conseguir ler e também nada se passou para além da minha anormalidade.
Afinal de contas eu vinha só saborear o mar de outono e ver se ele nascia quente por contágio e senti-me mais um a quem não deste atenção. Vais ver sou eu que não tenho valor, a minha cotação não é de ouro, dólar ou euro. Simplesmente podes até nem saber que eu existo.
Grito-te e escrevo-te e tu fazes-me sentir um mais outro qualquer inexistente. 
Eu não queria sentir dor, eu não queria sentir lágrimas a me escorrer na cara. Eu hoje queria só ver o mar . 
Ouço o mar por detrás do barulho das batidas do meu coração.
Mas eu só queria ver o mar. Hoje não me apetecia mais nada que ver o mar.

Sanzalando

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