recomeça o futuro sem esquecer o passado

Podcasts no Spotify

31 de dezembro de 2013

2013/2014

Acabado quase o 2013 e cá estou a tentar fazer planos, alguns inclinados, e balanços, alguns enjoativos. Vou aproveitar para fazer um elogio a mim. Chega de chorar até as pedras da calçada se tornarem escorregadias. 
É que eu não sou único. Eu sou milhares de mim, alguns isolados, abandonados, desesperados e outros cheios desde alegria a bom humor até ser o maior da minha rua onde moro isolado.
Sou um mapa de corpo inteiro onde o GPS não tem voz nem sentido único.
Acabado quase o 2013 diria que a sorte esteve do meu lado porque desse lado houve quem estivesse a ler, diria que tive azar porque houve gente que leu o que não escrevi nas palavras que utilizei.
Acabado o quase 2013 diria que fui um felizardo porque encontrei uma luz que ainda se mantém acesa.
Adeus, pá. 2013 foste um gajo porreiro, sentirei saudade ao mesmo tempo que estou nas tintas de ti.
Quanto a ti, ó 2014 vamos lá ver como vais ser. Tenho desafios, objectivos e muitos sonhos. Tudo escrito no quadriculado da memória. Ah! também tenho uma Sebenta Vermelha nova pronta a estrear.Veremos se serei capaz de a levar até ao fim e entregar a quem de direito.
Mas isso ficará para daqui a 365 dias dizer.
Este blog lá se vai arrastando penosamente num dia a dia quase incerto, ultrapassado ou publicitado pelo Facebook. Sei lá. Parti a bola de cristal mas faço votos que eu tenha direito ao que desejo de coração: sentir-me feliz!





Sanzalando

han han

han han han, HAN HAN. 2014 han han. 2013 han han han han han.
Tás a ver como é facil dizer as coisas. É pela musicalidade. Lembras-te da música da tabuada? É parecido. Depois a letra muda conforme é a do 2, do 5 ou outra qualquer.
Um han diz tanto como um beijo inesperado desde como tal seja interpretado. Han han han han, não é para ti, nem para ti e nem para mim. Eu e apenas quem eu quero sabe para quem é, ou ninguém. 
Han?
Já percebi tudo. O ano acaba e coisas novas aparecem por aqui ou por ali. Mas nada é novo
O ontem é estória e o amanhã é mistério. Hoje te digo para manteres os teus olhos em mim porque não quero perder-te por distracção.
Olha, como não consegui mudar de página, aproveitei e mudei de livro.
Han Han Han.
Bom ano!
Capítulo último desta sebenta.
Prólogo duma próxima.

Sanzalando

30 de dezembro de 2013

procurem

Não me procurem nem aqui nem por ali. Não inventem lugares nem poisos, não contem estórias nem procurem memórias passadas para me localizarem. Eu digo-vos apenas que estou a fazer as pazes com a solidão, a procurar universos paralelos que me completem num equilíbrio.
Se chover eu ouço chuva. Se estiver sol eu verei o seu brilho e se for noite dançarei ao ritmo das constelações. 
Apenas a paz de estar em paz com a solidão e ter o prazer da companhia que me fala ao ouvido palavras que me eram mudas em sons surdos.
Não me procurem. Se tiver que ser, eu apareço.


Sanzalando

29 de dezembro de 2013

tás a ver?

Troco palavras de loucura fugindo da rotina normalizada já que não suporto mais ouvir os meus pensamentos serem pensados dentro das normas e padrões.
Construo frases de sonho porque preciso curar a minha alma, nem que para isso eu tenha de mergulhar num poço sem fundo ou pisar-me em pecados carnais.
Desmonto conceitos e desconstruo medos em que entrem falsidade ou mental castidade.
Desfaço-me em mar do alto das minhas ideias apenas pelo prazer de volta a sorrir e me trafico num labirinto de palavras cruzadas.
Acabado o ano eu, vento, virei brisa, eu, chuva, virei riacho e num xinfrim gargalho gargalhadas de felicidade.
Só pode, tás a ver?


Sanzalando

28 de dezembro de 2013

sinto

Sinto falta de desatar a rir à toa apenas porque apetece.
Sinto falta de ver os sinais de fumo, o piscar de olhos, os tiques, os códigos secretos e as piadas que trocadas num quase silêncio.
Sinto falta do aparato da despedida que demora horas num dizer adeus de quem não vai.
Sinto falta da vontade louca de ouvir o respirar ofegante.
Sinto falta de sentir a ansiedade de esperar.
Sinto falta apenas porque tenho tanto


Sanzalando

27 de dezembro de 2013

deixei

O medo estraga a felicidade e por isso me comprometo a dar valor às coisas, não pelo que valem, mas sim pelo que significam e a dizer que sim ou não quando tiver que os dizer.
Eu sinto falta de coisas pequenas e grandes mas vou deixar a tristeza para outra hora qualquer uma vez que sou feliz agora.
Vou deixar de ter medo, vou adiar a tristeza.
Vou por aí caçando borboletas com o olhar, cocegando a alma e distribuindo sorrisos como se fosse um carteiro de apenas coisas boas.
Morro-me de saudades e sorrio a ver o sol brilhar mesmo em dias de nevoeiro e deixo-me levar pelo sonho para que não acabe a realidade.
Deixei de ter medo e adiei a tristeza e nunca esquecerei que eu também erro, às vezes.


Sanzalando

26 de dezembro de 2013

desculpa se sou

Desculpa só eu não poder calar-me e dizer-te quem sou. Sou uma tragédia, catástrofe, uma resma de dramas e quem sabe ainda um desastre natural não previsível. Desculpa por tudo isso e mais alguma coisa que possas vir a descobrir, que eu possa ter sob a capa de espadachim romântico e sofredor nostálgico. Desculpa eu não poder prometer que vou mudar. Desculpa se estou convencido que penses: - Ele vale a pena sim!


Sanzalando

25 de dezembro de 2013

simplesmente

Tento dizer muito com as poucas palavras que sei. Um dia vou conseguir! Um dia vais entender que simplesmente estou a dizer um gosto assim com a timidez que escondo por trás da minha capa.
Tento calar coisas simples mas outras vou ter que dizer porque não cabem dentro de mim. 

Sanzalando

24 de dezembro de 2013

Modo de Natal (4)

E eis-nos chegado ao dia que dizem nasceu o menino. Também nunca ouvi dizer que alguém tenha nascido grande, já adulto e carregado de milagres. Me disseram, mas ainda não confirmei nas minhas notas e nas minhas mais variadas fontes, que está sentado à direita. Não sei se lá no sítio também existe essa coisa da direita e esquerda. Mas não sei se é nalgum gabinete ou é num open space como agora é moda ou se é num deserto de oliveiras ou simplesmente superfície lunar. Verdade seja dita que desde a data do seu nascimento até ao dia que o pregaram na cruz só sei de um tal Lázaro que era preguiçoso e começou a andar e duma Madalena que dizem as mais variadas coisas e eu não sei qual é a verdade verdadeira das tantas que falam, assim como dum graal que me deixa assim para os lados de não entender mistérios e ministérios sacramentais e tantos livros mais. Ou seja, a estória bem falada é só no Natal e na Páscoa. No intermeio é especulação que agora deve estar reduzida por causa da troika e que aqui entrado eu em modo Natal acabo por sair sem saber se fiz bem ou mal. 
Assim sendo termino o modo Natal e logo se verá se haverá palavras ou se serei castigado pelo artigo Y dos 10 mandamentos que devem ser mais com tantas correcções e aditamentos.
Assim sendo, preparo-me com fato domingueiro para ir ao Galo, à missa do Galo.


Sanzalando

23 de dezembro de 2013

Modo de Natal (3)

E lá estava a família reunida, aquecida pelos animalescos bafos respiratórios, porque segundo me dizem nesse dia está sempre a nevar, mesmo em terras onde nunca caiu neve, preparando-se para comer o bacalhau cosido com todos, importa salientar que não faço a mínima ideia o que sejam todos e outros a comerem o perú recheado, que deve ser um animal muito raro que só há nesse dia, pois nos outros é mais bife do dito que se vê.
Mas dizia eu que estavam todos reunidos e decidiram que a partir daquela data todos os anos haviam de trocar presentes, mesmo que fossem repetidos e já não houvesse espaço em casa para mais.
Também ficou decido que naquele dia, assim como nos antecedentes e posteriordentes se poderiam comer muitos doces que não faziam mal, bem como os fritos. E para não haver confusão com natalidade até meteram um acento num dos doces e ficou filhós.
Nada de confusões que o espírito da quadra não é beligerante nem confusionante e por isso se enrolam estas palavras em lacinhos, sininhos e cintilantes luzes a imitar as estrelas da lua cheia num luar sem poluição.


Sanzalando

22 de dezembro de 2013

Sanzalacine - impressive animation

Sanzalando

Modo Natal 2

Poderia contar aqui a estória de Três Reis Magros, que um dia foram atrás duma estrela cadente, ainda não tinham inventado as estrelas de Hollywood, e que lá chegados foram apresentados sem pombas e nem circunstâncias. Um, por ser muito feio e rangia ao andar, se diz chamar Belo Chior, outro porque se arrastava por causa do reumático lhe chamaram o Raspar e ainda um outro que era mau e não tinha sorte nenhuma, por isso, era conhecido por Malta Azar. Lá chegados encontraram um burro, um boi e talvez mais animais a protestar porque a sua, deles mangedora, estava ocupada por uma criança que dormia.
O resto da estória está contada em muitos livros e qualquer semelhança desta com as estórias que por aí circulam deve ser mero copianço ou prenda de Natal não embrulhada em palavras coloridas e enfeitadas com luzes de muitas cores e picantes ou piscantes conforme a dislexia de quem vos conta esta coisa só porque foi possuído pelo tal de espírito de Natal.


Sanzalando

21 de dezembro de 2013

Modo Natal

Sanzalando

poder podia

Podia ter arriscado mais, amado mais e chorado menos. Podia ter até errado mais. Podia ter pedido ajuda a anjos e Arcanjos. Mas fiquei a olhar o pôr do sol e a ver o dia cair. Podia ter aceitado a vida como é, a alegria e a tristeza em quanto baste.
Podia ter complicado menos. 
Podia...
Mas caminhando na estrada reparei numa pedra da calçada que estava solta e com jeito a atirei para canto. Era só uma pedra, pensei. Esqueci-a como se ela fosse uma desimportância total da minha vida. Esqueci-a.
Um dia, passando no mesmo sítio, reparei que ali estava uma verdadeira caratera. Afinal de contas, a esquecida pedra da calçada que atirei para canto, não era só uma pedra.
Agarrei em palavras e vi que se tivesse construído frases de sujeito, verbo e complementos a eternidade teria durado mais e não pediria mais do que eu poderia ter dado.
Podia ter arrumado a pedra na calçada e hoje não teria de me desviar da caratera que ficou no meu caminho.

Sanzalando

20 de dezembro de 2013

vivendo e aprendendo

Viver e aprender, foi o que me ensinaram e por isso eu esqueço o passado sem apagá-lo. Complicado, né? Mas juro que pensei com palavras simples este descomplexar de sentimentos. 
As mudanças são necessárias. Não é que eu consiga aqui e agora dizer que depois do dia tal eu vou mudar, vou ser assim e assado e depois me esqueço de acender o forno e saio frito da coisa.
Certo certinho é que eu vou fazer os possíveis para mudar. Certo é que vou tentar, tantas vezes as que forem preciso e numa delas eu vou conseguir mudar. Aponta aí nesse bloco de gelo e não o ponhas ao sol.
É que eu sinto que a minha futilidade está a tomar conta, a abusar da minha personalidade.
Escusas de imaginar que eu vou arranjar uma personagem e encarnar nela. Não. Vou mudar mesmo, procurando vincar os meus lados positivos, descorar os defeitos, aprimorar o lado bonito e alimentar o meu ego. Com palavras simples disse sem gaguejar.
Vou mudar sem ser levado pelo vento, sem tropeçar num pôr de sol e sem atropelar a minha sombra.
Uma coisa é certa, daqui a dias mudo de ano!


Sanzalando

19 de dezembro de 2013

simplesmente simples

Às vezes parece sou tolo e penso que a vida é um conto de fadas e acredito que os dias caminham para o fim de semana. 
Outras vezes penso sou um sonâmbulo que necessita limpar a sua áurea e a meio da noite acordo a pesar a responsabilidade de ser dia seguinte amanhã.
Às vezes sinto necessidade de gritar e me pergunto porquê, se alguém me quiser ouvir que faça um esforço.
Outras vezes penso sou um plural da minha singularidade.
Às vezes sopra vento, outras vezes cai chuva.
Porque é que a vida não é simplesmente simples?
Malditas oportunidades perdidas, tantas palavras complexas, tantos parágrafos gastos.
Afinal que faço por aqui?
Simples. Simplesmente simples!


Sanzalando

18 de dezembro de 2013

acordei com palavras

Acordei em alvoroço, ainda era madrugada. Sentia um misto de solidão que se misturou com a habitual matinal confusão e fiquei a saber que se remeto palavras soltas ao deus dará é porque consigo viver e morrer ao mesmo tempo, assim num misto de castigo e recompensa, assim num desejo incerto de ficar para sempre. 
Porque isto é o escrever, falar sozinho, desenhar textos. Sei lá mesmo o que faço. 
Estou a ver assim um rio de palavras, onde pego uma a uma como se fossem gotas até encher o copo sem entornar para não ter desperdício e conseguir traduzir o tanto amor com indiferença, a saudade com nostalgia e pé ante pé manter a mágoa com lembranças agradáveis. 
Nas minhas palavras encontro o saber mesclado na ignorância, a simplicidade de versos que nunca declamei e me chamo escritor, com pavor e se calhar por humor em falta.
Agarro palavras que se misturaram nos chinelos e tento com elas desenhar  o tempo incomum, a vida feita morte numa eternidade caracterizada por imortais caracteres.
Escrever é um tentar descobrir ao mesmo tempo que tenho a certeza que não sei.
Acordei em alvoroço e com as letras me visto, esperando não ter de almoçar uma só sopa de letras.


Sanzalando

17 de dezembro de 2013

procuro tempestades

Atiro palavras contra o vento a ver se colho tempestades. Talvez apenas porque esteja cansado de ser assim um meio sal, sentir um frio na barriga ou mesmo a dor instantânea dum tiro e não reagir sem ser explosão que no segundo seguinte apagou.
Atiro palavras cada vez mais fortes contra o vento. Procuro estrelas num céu de meio dia. Procuro fogo numa lenha molhada.
Eu sei que me acabas de chamar idiota, palhaço e quem sabe otário. Mas insisto até que o teu vento me despenteie. Persistente ou teimoso, pouco me importa, talvez porque procuro palavras para tudo e para nada sem mesmo saber que as uso.
Atiro palavras, procuro tempestades sabendo que vou sentir dor e que o sofrimento seria opcional. Insisto e ainda não descobri porque não desisto e sigo em frente como toda a gente.
Atiro palavras sem métrica, sem pontuação e nem cadência até que o cansaço me vença.
Atiro palavras contra o vento a ver se colho tempestades.


Sanzalando

16 de dezembro de 2013

gostar eu gosto

Eu gosto e quase sempre é do meu lado errado. Assim uma espécie de avesso, um reverso contudo não inverso. Acho mesmo que o meu maior problema é gostar do lado errado. Se eu gosto dela ela nem olha para mim. Se me atiro a ela, nesse preciso instante ela saltou e eu fico com o chão espalmado na cara. Deve ser por isso que sempre me apaixonei como a lua. Tenho fases. Quando estou em quarto crescente elas estão na fase da irritação, do descontrolo hormonal e só conseguem ver os defeitos. Se estou de lua nova ela só tem ciúme do meu brilho e cai chuva a noite inteira que nem dá para ver a lua e assim não se nota essa fase. Se calha estar em quarto minguante sou motivo de galhofa e até se calhar me medem de alto abaixo, no peso da idade, na medida da tensão arterial e quem sabe do colesterol. Se estou na fase de lua nova me vão logo dizer é tudo próteses, fogo de vista, fogo de artifício, fogo fátuo.
Mas eu continuo a gostar e um dia eu vou gostar do lado certo porque ninguém é capaz de errar sempre, e aí viverei linda história de amor, mesmo que me roubem a lua, mesmo que soprem a ajudar o vento, mesmo que abram as torneiras para ajudar a chuva.
Eu só gosto. Não quero saber é do lado, desde que seja um dia o do lado certo.


Sanzalando

15 de dezembro de 2013

Sanzalacine - two dogs dining

Sanzalando

vento que fala

Se não fosse o lusco fusco duma tarde qualquer eu ia dizer que por tua causa estava a ver o meu mundo invertido. O vento me soprou, em modo de brisa segredada no ouvido assim uma coisa que percebi que é mais ou menos como que o amor não morre. Como que em pensamento perguntei ao vento e quando a gente não o sente mais é o quê? Parou o vento. Uns segundos e o meu cabelo estava no lugar, o frio parece tinha ido passear para outros lugares, até que num repente ele voltou e me queria deitar assim no chão parecia era zangado. Ouvi perfeitamente no meu ouvido: ele se cansou e se refugiou assim numa esquina do tédio que lhe fizeste.
Acho esse vento é doido. Confundiu mesmo fadiga com amor.

Sanzalando

14 de dezembro de 2013

sopra vento

Sopra vento forte de raios te partam. Enquanto sopras dou comigo a velejar ideias, dunar pesadelos em campos vastos de solidão e a sorrir areias de sonhos desfeitos. Pareço-te triste? Mas não. Caiem folhas, despenteio-me, outono, inverno e inferno num dia só, mas a minha capacidade de transformar toda a tristeza em alegria é tão grande que até o subterrâneo da consciência é enganado. Às vezes acordo triste só porque me espera mais um dia feliz. Contradigo-me? Conhece-me e verás. Sopra vento! Derruba-me! Assobia!
Às vezes até apetece dar-me uma morridazinha, assim um pouco tempo de morto só para ver a qualidade da minha vida desde o outro lado. Compreendes? Claro que não, se és vento e apenas ar em movimento. Irracional!
Sopra vento de rios te partam, não fosse este meu desmesurado ego e eu perdia toda a minha força motriz numa avaria do sistema integrado de inteligência artificial.
Sopra vento de raios te partam que a mim só me obrigas a abrigar para não me despentear.


Sanzalando

13 de dezembro de 2013

faz conta

Faz de conta todas as estórias têm um final feliz como as histórias infantis, os filmes do cinema do fim da tarde, as estórias contadas na mesa do café entredois amigos do peito. Olha só as estórias secretas que se contam desse sentimento meio louco de chamado amor. Tudo lhe parece irreal como se tivesse nascido no pincel dum artista, na caneta dum poeta ou num desenho duma ficção.
Não fosse o vento e eu ia dizer que quem inventou o amor fui eu. Mas o vento não me deixa mentir e ele afinal não é assim tão simples e não sei mais se algum dia ele vai fazer parte de mim.
Tem gente nasce com facilidade para amar e eu acho ele é para poucos. Mas como não sou perfeito só o podia criar com defeito.
Mas todas as estórias têm um final feliz e eu um dia lhe vou aprender e me entregar de alma e corpo nesse sentimento que eu ia mentir e dizer fui eu quem o inventou. Mas só pelos defeitos, mas o vento não me deixa dizer essas mentiras.
A bem de toda a verdade, o amor destrói e até torce a capacidade de ser racional, cria o medo, tangencia a dor e bordejam os olhos com lágrimas. Tudo defeito que faz pensar fui eu lhe inventei.
Faz de conta todas as estórias de amor têm um final feliz e nesta eu fujo a cavalo como nos filmes de cóbois porque a solidão do deserto é o meu esconderijo.
Faz de conta eu fiquei em silêncio e não confessei que quem criou o amor fui eu, por defeito.



Sanzalando

12 de dezembro de 2013

preciso

Espairecendo ao vento como quem veleja por desencantos, descubro que mais importante que ter alguém é ter paz.
O vento sopra forte, oscilando-me e eu seguro-me porque sei lidar comigo, sei suportar-me e sei ter calma para esperar um dia de amanhã em que eu esteja em paz e consiga arranjar alguém. 
Arranjar, ter alguém. Forma bruta de gastar palavras simples que querem dizer ternurentamente que gosto de ti, sento tu um ainda não sei quem.
Posso sentir-me feliz? Vou fazer por isso!
É evidente que não vou esquecer que a vida segue, tenha eu paz ou não. O que foi bonito continuará a sê-lo na memória mesmo que a gente apague tantas coisas para mais não lembrar. Tem momentos que olhado o passado os olhos brilham. Finjas ou não, eles te denunciam. Por isso sigo o caminho do vento, de encanto e desencanto, da paz interior à calma exterior. Preciso percorrer novos caminhos, reinventar futuro e deixar no correr das horas os dias perdidos, abandonar os pesadelos e criar sonhos que são o combustível da alma.
Espairecendo ao vento o meu corpo e a minha alma tentam acompanhar-me, com esforço.


Sanzalando

11 de dezembro de 2013

apetece soltar-me e correr

Soltei os cabelos, deixei crescer a barba, desalinhei a roupa e de forma abrupta deixei de engordar os meus silêncios, desmentir os meus segredos, agarrei um punhado de sorrisos e com eles arranquei a correr pelo mundo fora.
Não quero parar porque não gostei do sabor da tristeza nem de ver a vida derreter como manteiga ao sol e eu parado a gastar o que é quase nada.
Não quero saber de notícias sofredoras nem de ter que encher o peito e erguer a voz para dizer palavras sem sabor.
Não quero saber de novos pormenores, desde que saiba a detalhe as minhas velhas cóleras, me lembre minuciosamente das faltas de ar porque parei de respirar com sustos e outras razões desconhecidas e tenha presente a realidade desenhada num papel de rascunho como se fosse um mapa de vida mal elaborado.
Soltei-me sem saber de nódoas, de pessoais acidentes ou outros esquecimentos.
Desalinhado, grisalho, seco de rancor, esqueci demónios internos, arranquei flores que não floresceram, suspirei alívios que não desistiam de me atormentar e parti a correr pelo mundo fora.
Parti mundo fora sendo racional, descruzei os braços e numa folha de papel namorei sonhos com palavras.
Mudei-me. Mudo-me. Mudar-me-ei, sempre. 
Apetece-me|

Sanzalando

10 de dezembro de 2013

eu folha aos ventos imaginados

Imagina só eu sou uma folha dum árvore que não caiu no outono mas não aguenta o inverno e que o vento me leva a quilómetros de mim. Mesmo que as minhas raízes tenham ficado lá no tronco, mesmo que a minha alma esteja presa num ramo esquelético da despida minha árvore donde caí eu vou continuar a ser a velha folha da árvore.
Poderei já não saber com toda a certeza qual a minha árvore, mas terei um vagamente bem definido e vincado saber que sou a folha da árvore que não caiu no outono mas não aguentou o inverno. Assim, como se eu já esperasse, toda a minha vida seria um estonteante fruto do acaso ou surto de circunstâncias aglomeradas num rótulo imaginário das minhas veias que um dia se desprenderiam da árvore e seriam soprados pelo vento frio em direcção ao ponto mais difícil da vida que é o esquecimento.
Imagina só, eu folha, perdidamente vagabundeando pelo mundo ao sabor de ventos sem ter a noção que a noite é uma hora longa da curta vida.
Imagina só, eu folha, ser beijado constantemente pelo vento que me leva ao colo até cair numa parte nenhuma.



Sanzalando

9 de dezembro de 2013

tem dias a dedo

Tem dias acho sou inverno, frio, chuva, neve, tempestade, todas essas coisas que precisam da tua primavera para sentir ser gente. Tem outros dias acho sou gente, mesmo que perdendo tempo e gente à volta, ganhando experiência e sabedoria da paciência.
Tem dias que apetece o silêncio e tem outros apetece sair daqui a gritar ao vento coisas sobre tudo e nada.
Tem dias tenho cara escondida atrás duma carranca e tem outros que até os olhos brilham de luz nenhuma.
Tem dias que não mexo mais que o respirar e outros que brinco numa festa alegre de ser dia mesmo que noite seja.
Tem dias em que me entristece a minha maneira de ser e outros que acho seria impossível de ser doutra maneira.
Tem dias que se seguem a dias que não deviam ter existido e tem outros que nunca deveriam acabar.
Só falta mesmo eu conseguir adivinhar os dias em que seja dia de eu meter o dedo onde não sou chamado, mesmo sabendo que o podia meter em qualquer lado mais apetecível.


Sanzalando

8 de dezembro de 2013

Sanzalacine - Não argumente com idiotas

Sanzalando

sei de esquecimento

Tento de todas as formas aprender a escrever um soletrado bonito, fazer o teu retrato num papel pardo, branco ou canelado, com as palavras que sei para te mandar e depois dizer um adeus até sempre. Sei que dei o máximo de mim. Sei que dou o mais que tenho. Mas esqueço assim nem repente até de como é que foste, quanto mais o pormenor para pôr as palavras que te reconheçam. 
Sei que é inútil, sei que vou recordar o teu nome, os teus males, mas nunca conseguirei apagar tudo o que desenhei em rascunhos com as palavras que eu sabia e mais ninguém conseguiu ver o teu retrato. Sei que nunca conseguirei repescar as lágrimas que chorei e que, a palavras tantas, ainda me farão falta num futuro indefinido por uma nova causa qualquer.
Sei que é torturante, angustiante mesmo, de vez em quando eu lembrar-me que exististe mas não conseguir descrever-te num desenho de palavras nem esboçar-te numa forma de sorriso saudoso.
Por isso, deixei de desenhar-te, de pensar-te e quem sabe um dia, ao ver-te, perguntar-me-ei quem foste, o que fizeste e o que poderias ter feito.
Sei, que mesmo que um dia eu consiga aprender as palavras bonitas, jamais conseguirei tatuar na minha memória um smile para ti.
Sei que as minhas palavras apenas sorriem-me, apenas desenham-me, como criança que não mede os riscos de saltar à corda, de sair estrada fora a brincar ao aro ou de sonhar correr mundo ao sabor do vento da imaginação.
Sei que esqueci que um dia eu existi e só agora renasci, em termos desportivos, diria, intervalei-me e aprendo agora novas palavras que um dia poderão dar novas frases, ou não!



Sanzalando

6 de dezembro de 2013

dança do tempo

Saltito pé ante pé como se estivesse a dançar uma música que só eu estou a ouvir. Ao mesmo tempo que a invento, entenda-se, porque de música eu sou completamente surdo e analfabeto. Mas lá vou, algumas vezes um pé no passeio e outro na estrada, parece eu sou rei duma festa de mim. Quem me vir vai pensar eu estou perdido. Na verdade eu vou perdendo mas não me acho perdido. Mas se alguém pensou eu ia ficar quietinho a ver o tempo gastar-se, que eu me ia render à evidência da provecta idade que ainda não tenho, pode pôr mesmo o cavalinho do carrossel na garagem porque nem ferido eu estou e ainda tenho idade de aproveitar o que acho eu mereço, do melhor ao pior.
Mas saltito ao som da minha música e não preciso destrancar portas nem arrombar memórias para saber que prometi amar mil anos e que ainda faltam novecentos e alguns, pelo que posso jogar fora alguns, aproveitar outras chances e continuar sorrindo, porque a vida passa, o tempo diminui e eu continuo saltitando ao deus dará.
Mas saltitas mais porquê?
É que lá no fundo, bem no fundo onde ninguém conseguiu chegar, por falta de paciência ou porque sim, eu encontrei qualidades.


Sanzalando

5 de dezembro de 2013

a falar sozinho

Às vezes dou comigo a falar sozinho num até parece estou a gravar um discurso. Parece mesmo mandei uns copos para baixo e de voz arrastada vou falando como se estivesse a gravar para mais tarde recordar. Mas juro que não estou com os copos, porque não bebo. E apenas por isso. 
Na verdade eu devia estar a ler. Isto é, eu devia escrever primeiro e falar depois. Te confesso que enrolo as palavras apenas para ganhar tempo para não falar num assim à toa parece eu estou louco, já que não estou bêbado porque não bebo.
Bem, não discurso sobre angustia, não guardo para a posterioridade a nostalgia, não retrocesso no querer e não avanço no fazer porque não quero nada de nenhuma destas coisas. Futuro só a ele pertence e mesmo assim tenho dúvidas que o próprio futuro saiba o que lhe resta de futuro.
Mas eu falava e falava num não mais parar era sobre quê?
Já sei. Era a dor. Chata que é a dor. Não, não e não outra vez. Não era sobre dor que eu falava. Ela é chata e sobre isso eu não falo, não rascunho e muito menos escreveria.
Lá estou eu a falar sozinho como que à procura de alma gémea. Pôpilas, aturar um já me dá um trabalhão quanto mais dois iguais. De almas também não falo.
Ciúme? Ciúme é uma paixão diferente, é uma coisa assim a dar para o bravio, para o incivilizado. Foge. Daqui também não sai discurso porque não estou para levar com a minha possessividade toda e ainda sair a rir de cara feita bolacha dalgum chapadão numa qualquer esquina da vida.
Falarei de coração. Do sentimental, não do cardíaco que mata. Também não, que o outro também mata e faz doer e eu perdi as palavras dele num vale de caídos qualquer.
Falei, falei e não disse nada, como tem gente que conheço por aí. 
Às vezes até parece eu estou a gravar uma dialéctica poética sem métrica só para dizer para me deixares estar ao teu colo porque tenho frio.


Sanzalando

4 de dezembro de 2013

ervilhas com entrecosto

Leio com toda a atenção o rótulo da lata de ervilhas. Não, não estou minimamente interessado na sua composição. Estou mesmo só a esconder-me dum olhar que se pode cruzar com o meu. Parece num faz de conta eu estou escondido atrás duma lâmpada fluorescente. Quero mesmo só é não ser visto e por isso estou a ler com toda a atenção que a maior parte do conteúdo da lata é agua. Água cara, diga-se. 
Relanço os olhos por cima da lata e vejo que não há perigo. Posso continuar com as minhas compras. 
- Que susto! gritei no meio do supermercado que até os bonecos que estavam a umas prateleiras de mim caíram com o susto, ao mesmo tempo que uma mão me tocou suavemente no ombro e me disse:
- Por aqui?
Fui apanhado à traição e por trás. Já não tinha lata para me meter dentro doutra qualquer lata que estivesse por ali.
Conversa de circunstância. Quero lá saber se está bem, como vai a família e coisas e tal. Cara de enfado.
- Tás mesmo porreiro como pareces? Nunca mais disseste nada. Ainda estás por cá? 
Sei fui bombardeado por mil perguntas. Respondi? Não me lembro.
Afinal de contas eu estava ali para fazer compras e não para responder a um inquérito.
- Hum hum... dizia eu a ver se a porta estava longe.
Ao mesmo tempo que decorre esta cena deste meu imaginário filme escuto o Roberto Carlos a cantar o Calhambeque. 
É por isso que não gosto de ervilhas. Elas só atrapalham. Gosto mesmo é do entrecosto.

Sanzalando

3 de dezembro de 2013

60 - Estórias no Sofá - ressuscitar amores mortos

Jotajota, amigo de longa data, daqueles que basta a gente pensar ele aparece, lhe encontrei de olhar falecido quase morto, de voz calada quase abandonado dele mesmo. Quase eu ia chorar de lhe ver assim. Eu sabia a vida lhe estava a ser madrasta má como nos contos de fadas da minha infância.
- Mermão, a vida não acabou e o que é que está a acabar contigo? lhe perguntei sem mesmo saber se eu queria saber a resposta que ele me ia dar.
Me olhou sem brilho, sem face e quase parecia era fantasma dele mesmo.
- Lhe vi numa fotografia! me afirmou seco como se isso fosse o fim do mundo dele e devia ser do meu.
- Mermão, fotografias há muitas como tem gente bué por aqui e por ali. Acorda que isso é só pesadelo. disse como que a tentar limpar o pó da alma dele.
- Lhe vi e ela não estava a sorrir. Ela tinha desânimo na cara, misturado com saudade e morte nos olhos. me disse ele com todas as certezas mais certas deste mundo e do outro se é que há.
- Lá estás tu a ver fantasmas. Lá estás tu a matar a torto e a direito e a matar-te em simultâneo. até parecia eu era doutorado na matéria de ajuda. - Ela já te esqueceu como esqueceu todo o mundo que te rodeava. Faz tempo isso acabou. Não me obrigues a fingir que eu acredito que tu consigas ver por uma fotografia que ela tem saudades tuas quando eu sei faz tempo ela não pergunta tu és vivo ou falecido, como parece que estás agora. rematei tudo num fôlego não me fosse faltar zanga para juntas nas palavras.
- Não se pode dizer-te as coisas. Eu vi que ela está triste ou pelo menos não está bem! afincou-me como se estivesse a dar-me um murro.
- Mermão...  eu acho tu não consegues deixar de pensar nela nem um segundo faz anos. Tenho vontade louca de esmurrar-te até sangrares do nariz e veres o que é a realidade e a tua fantasia imaginária. Não entro no teu filme. Não entro nessa piada porque lhe sinto ódio do que te fez e te faz sem saber.
- Não... eu tenho é ódio de mim porque eu devia lhe ajudar agora ela parece precisa e eu eu estou aqui a gastar o tempo a te contar e tu ainda refilas parece tens razão. acho lhe ia começar a sair fogo dos olhos.
- Jota, intervala desse pesadelo e me ouve. É bom que sintas ódio porque antes ódio que indiferença. Tu tens cada recaída que até parece cais do abismo.
- Não, não. Eu vivo bem sem ela. Me custa é lhe ver sofrer.
- Numa fotografia que nem sabes quando foi tirada consegues saber que ela está a sofrer agora? Vai-te catar! disse eu já sem a paciência que me caracteriza na matéria de ajudar e ouvir os amigos.
- Eu não voltei atrás. Eu estou bem. Mas na foto ela não está. Lhe conheço bem. 
- Te mete num avião e vai lá e lhe diz tudo.
- Tás doido? Nunca! O que ela me fez?
- Tás a ver. Agora estás a dar-me razão! disse eu no meu jeitinho de lhe criar uma nova explosão.
- Ela sofre e eu tenho de lhe ajudar. Me ajuda a arranjar uma maneira de ajudar sem parecer que eu estou a ajudar. me disse ele como se eu fosse o rei do problema.
Olhei em redor, procurei migalhas de carinho pelo chão, procurei bolas de amor, sorrisos de simpatia e arranjei qualquer coisa que lhe atirei na cara:
- Ela é a actriz principal dum filme que nunca foi filmado e que só existe na tua cabeça, ela é o bicho que te consome devagar, o fado triste que vives. filosofei do alto da minha cátedra, como ouvi à dias um mais velho falar.
Ele me atirou outro olhar de raiva, momento em que pensei é agora que vou levar porrada que nunca mais me endireito.
- Mermão Jotajota, leva com calma, ela te destruiu, ela é a dona das tuas curvas inclinadas, do teu olhar pesado, da tua boca sem sorriso e tu agora te viras contra mim?
- Camba, desculpa mesmo, é que às vezes a vontade de ressuscitar às vezes é maior que a verdade real.
Me calei, demos um abraço, e fomos beber umas e outras.
- Mermão, estávamos a falar mesmo de quê?
- Deixa para lá que já nem me lembro.
- Mas te pergunto então agora o que é que tu tens?
- Nada. resposta pronta, rápida que até parecia estava a pedir para sair.
- Desculpa há alguma coisa de errado. Para a gente vir para os copos é porque tinha qualquer coisa.
- Não tenho nada e é isso que está errado. O nada que eu tenho me machuca mais que qualquer coisa
Foi então que eu decidi ir para casa, tomar uns sais de frutos, ouvir um semba e quem sabe à noite eu ia ser rei



Sanzalando

2 de dezembro de 2013

tempo médico

Me disseram assim num tipo é segredo e eu só estou a contar aos meus mil melhores amigos: o tempo cura tudo!
Mas não tem quem foi que me disse que o tempo não cura o tempo que perdi a ver o tempo passar para curar seja o que é que é.
Vou esperar haja tempo para recuperar o tempo.

Sanzalando

1 de dezembro de 2013

Sanzalacine -

Sanzalando

pinto palavras em branco

Olho para a página em branco e digo-me é hoje que vou escrever como é que deve ser. Escrever sério e que tenha gente que vai entender o meu engatilhar de palavras sem imaginar eu enlouquei ou me perdi no labirinto da imaginação. Vou escrever palavras como quem vai desenhar um quadro. 
Penso na ideia. Rebusco sonhos. E a mona continua lisa, sem saber qual a primeira palavra que devo escrever. 
Sai-me um grito. Desespero. Não há anunciação de estória, tema ou coisa que o valha. 
Abstraio-me. Abstracto. Substrato. Nada.
Flores. Girassois. 
Ficam apenas palavras simples na folha de papel em branco.
Ainda não é hoje que vou escrever sério, assim num modo de dizer coisas que valham a pena. Infância. Nada. Branco continuo.
Perdi as palavras, apaguei os sonhos e fica a ideia com a intenção. 



Sanzalando