Soltei os cabelos, deixei crescer a barba, desalinhei a roupa e de forma abrupta deixei de engordar os meus silêncios, desmentir os meus segredos, agarrei um punhado de sorrisos e com eles arranquei a correr pelo mundo fora.
Não quero parar porque não gostei do sabor da tristeza nem de ver a vida derreter como manteiga ao sol e eu parado a gastar o que é quase nada.
Não quero saber de notícias sofredoras nem de ter que encher o peito e erguer a voz para dizer palavras sem sabor.
Não quero saber de novos pormenores, desde que saiba a detalhe as minhas velhas cóleras, me lembre minuciosamente das faltas de ar porque parei de respirar com sustos e outras razões desconhecidas e tenha presente a realidade desenhada num papel de rascunho como se fosse um mapa de vida mal elaborado.
Soltei-me sem saber de nódoas, de pessoais acidentes ou outros esquecimentos.
Desalinhado, grisalho, seco de rancor, esqueci demónios internos, arranquei flores que não floresceram, suspirei alívios que não desistiam de me atormentar e parti a correr pelo mundo fora.
Parti mundo fora sendo racional, descruzei os braços e numa folha de papel namorei sonhos com palavras.
Mudei-me. Mudo-me. Mudar-me-ei, sempre.
Apetece-me|
Sanzalando
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