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4 de dezembro de 2013

ervilhas com entrecosto

Leio com toda a atenção o rótulo da lata de ervilhas. Não, não estou minimamente interessado na sua composição. Estou mesmo só a esconder-me dum olhar que se pode cruzar com o meu. Parece num faz de conta eu estou escondido atrás duma lâmpada fluorescente. Quero mesmo só é não ser visto e por isso estou a ler com toda a atenção que a maior parte do conteúdo da lata é agua. Água cara, diga-se. 
Relanço os olhos por cima da lata e vejo que não há perigo. Posso continuar com as minhas compras. 
- Que susto! gritei no meio do supermercado que até os bonecos que estavam a umas prateleiras de mim caíram com o susto, ao mesmo tempo que uma mão me tocou suavemente no ombro e me disse:
- Por aqui?
Fui apanhado à traição e por trás. Já não tinha lata para me meter dentro doutra qualquer lata que estivesse por ali.
Conversa de circunstância. Quero lá saber se está bem, como vai a família e coisas e tal. Cara de enfado.
- Tás mesmo porreiro como pareces? Nunca mais disseste nada. Ainda estás por cá? 
Sei fui bombardeado por mil perguntas. Respondi? Não me lembro.
Afinal de contas eu estava ali para fazer compras e não para responder a um inquérito.
- Hum hum... dizia eu a ver se a porta estava longe.
Ao mesmo tempo que decorre esta cena deste meu imaginário filme escuto o Roberto Carlos a cantar o Calhambeque. 
É por isso que não gosto de ervilhas. Elas só atrapalham. Gosto mesmo é do entrecosto.

Sanzalando

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