Ai mesmo sentado na praia das miragens. São horas do boca de sapo aterrar ali num estacionar em espinha e descarregar as donas e seu chapéu de sol azul. Me vão ver porque eu estendi a minha toalha mais ou menos no sitio do costume. Não vou passar despercebido, nem que eu tenha de fazer o pino, que é coisa que o Prof. Cândido da Silva não conseguiu nunca que eu fizesse. Mas aqui eu vou conseguir. Ela tem de olhar para mim. Nem que seja só para me enxotar para longe.
Domingo de praia na Praia das Miragens sem este sal não era mais a minha praia.
Noutras praias eu fico só a ver o zulmarinho e me deixo levar em pensamentos que não sei onde me levam. Aqui é diferente. Aqui é o eu de ser adolescente apaixonado, que esquece o bem parecer e tenta conseguir escalar o gelo do olhar reprovador da vizinha do lado que não quis estar ao lado na vida.
Hoje nem que tenha pica-pica, nem que tenha água do rio, nem que sei lá o quê, ela vai olhar para mim e dizer: pobre coitado, não vai ser ninguém nunca.
Noutras praias eu subi a maré, fui na onda, dancei na espuma, comi na areia. Aqui na Praia das Miragens vou ficar mesmo na miragem da minha adolescência
Sanzalando
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