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7 de maio de 2019

todos os dias há sol, mesmo que não

Faz sol, mas sol que não é brilhante e ponto por ponto cinzenta-se como que arrependido do seu brilho. Sento-me na praia, encho-me de areia e divago por entre pecados e saudades. A dor consome-me, tudo ao meu lado se desmorona e toda a consciência se despedaça num apagar de sorrisos da minha cara.
Nada será como dantes, sobrará dor, afogada em lágrimas e tingidas de tristeza. Faz conta feri-me de quase morte. Destrui-me na consciência dum dever que ficou por cumprir.
O zulmarinho ataca-me numa onda que desprevenida cobre-me o corpo já de si gelado. as feridas não sangram por são de alma feitas, porque são lamentos silenciosos. Outra onda abate-se sobre mim e eu pergunto-me se é justo. Preferia queria cair no esquecimento do que nesta ansia de ser triste. Molhado agito-me. Acordo-me e com a alma ensanguentada levanto-me, sorrio e como guerreiro enfrento batalhas mesmo que assim me custe muito ser feliz. Esta carcaça pesada, usada mas não danificada, regressa sorrindo contra dragões e outros animais matreiros e oportunistas.
Na primavera todos os dias são de sol mesmo que não.


Sanzalando

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