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31 de julho de 2020
eu e o segredo
Faz sol e não faz vento. Passeio na praia como se estive numa peregrinação interior. É que eu odeio os meus segredos. Eu odeio que os meus pensamentos se emaranhem no meio dum anarquismo memorial em que eu tenho dificuldade de me reconhecer. Eu gosto de me olhar no espelho e me reconhecer. Mudei de feições ao longo dos anos. Bonitei-me, acho eu. Interior e exteriormente. Não gosto de me sentir feio. Odeio os meus segredos que me atrapalham a alma. É perigoso andar e machucar num segredo irrevelado. É doentio brigar-me por irreconhecimento. É perigoso errar por ignorância e eu tenho medo que algum segredo desconhecido por mim venha à superfície e me torne ignorante, estupidamente paralisado. Faz sol e eu mergulho no zulmarinho do meu contentamento em busca do segredo perdido.
Sanzalando
29 de julho de 2020
eu e a gente
E se fez sol. Eu sorri, como aliás sempre o faço desde que acordo e tenha consciência do facto. Um dia, não acordarei mas certamente a minha cara estará serena como serena tem estado a minha alma. E se faz sol escrevo. Quando não o faz também. E hoje quase consigo dizer alguma coisa não fosse esta minha mania de paralisar-me no sorriso do tudo bem por aqui.
Há tanta gente que se presume livre e que não entende o que dizem os livros, o que falam as pessoas, o que canta o mundo no seu rodar diário. Há muita gente que desconsegue trocar a decepção pelo prazer da surpresa. Há gente fria que se esvazia e não lhes sobra nada. Há gente que de gente nada tem. Tem gente que pensa que gritar é ter personalidade forte. Tem gente, mas muita gente boa neste mundo que me faz esquecer a outra gente que nem gente é.
Sanzalando
28 de julho de 2020
eu e a dúvida
Tem dias de me perguntar: escrevo para quê? Tem outros eu me pergunto: escrevo porquê? Outros ainda eu anseio pela resposta a: o que escreves tu? Desconsigo arranjar uma resposta ou três respostas, algo que me solucione a minha dúvida. Escrevo? rabisco letras em forma de palavras, pensamentos em forma de questões. Há alguém já a dizer que eu hoje acordei num dia cinza. Mas não, o dia nasceu de sol e sem vento pelo que não vou vagabundar ao deus dará. Hoje só apeteceu reflectir no mim existencial. Não no melancólico, não no triste, não no físico. No eu constante, naquele que me acompanha feliz diariamente e não se despega. O que diz piadas, às vezes sem graça, no que filosofa sem filosofia, no que reflecte enquanto caminha ou que vai para a cama quando devia reflectir,
Desconsigo responder-me com honestidade maior do que não sei para as três questões.
Gosto de escrever. Porque não aprendes diria o meu amigo lá das Beiras.
Apetece-me estar sentado a escrever. Levanta-te e vai caminhar diria um personal trainer.
Sei lá o que escrevo. Orienta-te, diria o meu interno do alto da sua insignificância.
Mas a vida não funciona assim e é frustrante. Não contagiante mesmo que às vezes pareça um pesadelo.
Às vezes parece eu sou o meu centro duvidoso.
Sanzalando
27 de julho de 2020
eu e o vento (")
Sou livre e sou vento. Voo por pradarias e mares, florestas e desertos e livremente circulo pelo mundo, mesmo confinado ao meu corpo imobilizado pela inércia. Não tenho limites para a imaginação nem exijo ficar num lugar seguro para sempre. Não tenho dias nem horas. Tenho sol mesmo à meia-noite. Não tenho demónios nem bruxedos, não sou fraco nem frágil. Talvez eu seja uma simples equação de amor, uma fórmula química do desejo.
Eu sou livre como o ventoporque se calhar sou o próprio vento.
Sanzalando
26 de julho de 2020
eu e o vento
Vou empurrado pelo vento como se fosse uma folha velha duma árvore. Me deixo ir. Só assim, levado pelo vento. E como folha rebolo, dum lado para outro. Vagueio na rua da vida levado pelo vento. Quando ele pára eu paro. É um segundo de saudade. Quando ele sopra forte eu levanto e voo levando comigo as minhas insónias, os meus pesadelos, os meus amores e os meus horrores. Eu vou assim levado pelo vento, sem rumo, sem norte e sem destino. Vou com a minha alegria, com o meu peso feito leveza porque o vento me ergue para lá da estrada. Eu vou levado pelo vento, indefeso e ao mesmo tempo selvagem. Eu, o vento e o amor vagabundamos por onde calha.
Sanzalando
25 de julho de 2020
eu e eu outra vez
Deito-me na areia da praia de mil cores e deixo-me ir atrás de cada pensamento ou sonho, de cada momento ou ilusão. Vou de alma e sem corpo. Há coisas fáceis e outras difíceis de perseguir. Eu vou, porque só indo é que faz sentido. Podia ficar aqui deitado zerado mas não era a mesma coisa, não me deixo ficar no cansaço da mente. Eu vou atrás. Dum pensamento faço outro e por aí fora. Encadeando sonhos numa renda me faço vida, mesmo aqui deitado na praia das mil cores. É, amo-me sem espinhas, como dizia quando era criança e conseguia fazer algum feito notável: sem espinhas.
Sanzalando
24 de julho de 2020
eu e os sonhos
Nem o sol desfaz-me. O sol não derrete os sonhos. Eu sou um composto de sonhos. Eu persigo os meus sonhos. Mesmo que me levem por caminhos difíceis, caminhos aparentemente impossíveis, eu sigo-os. Eu sou feito de sonhos que são o meu aqui e agora. O meu aqui e agora de amanhã pode mudar, mas o meu sonho só muda depois de realizado, mas logo entra outro no lugar. Isto quando não há muitos ao mesmo tempo e alguns vão-se transmutando que quando realizados eram tão diferentes do dia em que foram criados.
Com os sonhos eu não me perco pelos caminhos, mesmo que estes sejam invisíveis. Vai dar certo? Claro! Foi sonhado. O que há de mais belo que um sonho realizado? Outro!
Sanzalando
23 de julho de 2020
eu e a vida
Cá vou eu na minha caminhada mudando de lugar como sempre faço sem saber para onde vou. Faz sol e vou atrás desse sol, mesmo que às vezes eu precise descansar à sombra duma qualquer bananeira. Um comandante também precisa dar repouso à mente.
Faço esta pausa para falar comigo uma vez que a minha vida tem andado assim num modo de sem graça. Eu preciso apaixonar-me pela vida. Ela um dia chegou-me e eu tenho que lhe aproveitar e por isso tenho de estar apaixonado por ela, porque é a vida que me dá o preenchimento de todos os meus vazios. Eu preciso sentar na sombra e descansar para voltar a sentir amor à vida. Cada dia um bocado. Não estou a quebrar as minhas leis porque não sou refém de mim. Livro-me vivendo.
Sanzalando
22 de julho de 2020
eu e o saber
Tanto faz se faz sol ou não. Uma das minhas maiores inverdades. Dita ou falada. Mas a grande verdade é que temos de saber é qual o nosso lugar, na vida nossa e na dos demais. Assim não teremos de nos estar a lastimar ou sentir feridos se algo não é como nós vemos. Temos é de saber. O saber é a verdade. O supor não é verdade, é incógnita, dúvida. O saber sim.
Sanzalando
21 de julho de 2020
eu e o sol
Aproveitando este sol, disfarçando-se ao de lá, transformo-me em escritor de sonhos. Fosse eu escritor de sonho e bem que seria diferente, assim escrevo só os meus sonhos, acordado ou a dormir. Vantagem de ser sonhador nato mesmo que por vezes me rasque o coração, mesmo que me rompa a alma e eu me transforme também num apanhador de lágrimas. Esta simbiose me transforma na alma tentada de pureza, na veia perfeita do coração imaculado, no reflexo dum sonho imaginado.
Aproveitando este sol me converto em mar e mergulho nos meus mais profundos pensamentos.
Sanzalando
19 de julho de 2020
eu e eu
Deixo o sol entrar-me pelo corpo dentro.
Sanzalando
Vagabundo-me em solilóquios como se houvesse um cruzamento de dados na minha alma. Sou uma bifurcação de génio, sou a metade de mim, física, a que se junta a outra metade, a psíquica. Estes dois ramos de mim fazem-me seguir em frente, fazem-me preencher o vazio ignorante que possa ter, as sombras e penumbras que possa esconder e as feridas de que possa sofrer. Metade de mim sente e a outra metade pensa.
Um dia serei poeira, mofo e memória.
Nesse dia dir-vos-ei: sinto muito
Sanzalando
18 de julho de 2020
eu e o agora
Derreto-me ao sol saboreando pensamentos e ideias, meditações e outras congeminações.
Até me arrepio só de pensar nas vezes que me destruí a tentar controlar o que não dependia de mim, evitando o inevitável, percorrendo caminhos que não eram os meus. O que sucede é porque tem de acontecer. Ouço a música que toca dentro de mim. Danço-a.
Sanzalando
17 de julho de 2020
16 de julho de 2020
eu e o passado
E se num ápice eu me pusesse a fazer contas de cabeça ia concluir que a minha tristeza, a ter, seria mais por aquilo que não fiz do que eventualmente tenha feito e mal. É, a gente mais tarde se arrepende de não ter feito. Eu vivia num lugar que eu não conhecia. Eu tinha circunscrito a minha existência aquele raio que me limitava e que mais não era que a minha zona de conforto.
Não vais ver as furnas? Um dia verei, elas não mudam de sítio nem de forma.
Não vais... e por aí fora.
Afinal de contas eu mudei de sitio e eu mudei de forma e continuei a não conhecer o lugar que vivi. Arrependido? Claro! Ao ver fotos vi que perdi tanta beleza. E o que ainda não sei o que perdi? O que fiz, tenho o prazer, doloroso ou alegre, de ter feito. O que não fiz...
Sanzalando
15 de julho de 2020
eu e o destino
Vai o tempo passando. Umas vezes parece ele corre outras parece ele parou. Tem vezes que um segundo é uma eternidade, outras ele nem tem tempo de pestanejar. Umas vezes parece ele fez-me esquecer as gargalhadas que gargalhei, outras ele me lembra os tropeções que dei na minha caminhada. Umas vezes ele se mistura e me faz gargalhar dos tropeções que dei, outras tropeço por gargalhar sem ver onde ponho os pés. O tempo do destino tem destas confusões. Cada gargalhada tem o seu ttempo. cada palavra tem o seu significado. Cada sorriso tem a sua tradução. E o tempo vai passando.
Sanzalando
14 de julho de 2020
eu e a meditação
Me ponho por aqui a passear dum lado para outro, paralelo no zulmarinho de minha alma e medito, penso, saio de mim para me ver melhor e começo a pensar que isto tudo que sou é o que eu quero? Afinal quem é que eu sou mesmo? Eu sou aquele que me imaginam ou sou como me vejo? O que é que faço pela vida. A minha atenção tem o foco bem dirigido? Os meus minutos estão a ser gastos da forma certa e correcta? Dou atenção a quem me merece? Bolas, está difícil encontrar a resposta. Acho tenho de andar mais depressa para não me perder no tempo que me falta. É que eu não quero guardar sentimentos por gastar.
Não é fácil.
Sanzalando
13 de julho de 2020
eu e o verão
Faz sol e sem vento. Torram-se ananases ao meio dia, o mesmo é dizer que a minha pele já era. Brozeado descascado vai ser o meu lema nos próximos dias. Eu parece virei cobra a descasacar. Mas vou fazer mais como o quê no verão daqui?
Passo os olhos e me apaixono. De tantas vezes te imaginar a meu lado nestas praias eu já perdi a conta. Até parece eu plantei sementes de amor no caminho que tu pisas e nascem logo flores. Eu sei que é o verão daqui que me faz ser assim. Vou fazer mais como? É o destino de passar o verão por aqui a teu lado.
Sanzalando
12 de julho de 2020
Um dia também fui á pesca
E foi ontem esse dia. Trepei nas pedras como se eu estivesse na minha infância lá para o lado da Praia das Conchas. Mas sempre a subir. Pedra lisa e pedra rugosa. Põe o pé mal e vais ver como ficas com dor que nem tens mãos para te dizer onde te doi. Eu fui. Eu gostei. Um dia vou repetir. Me levem só umas loiras bem geladinhas, um carvão vegetal, uma acendalha que já me civilizei para saber fazer doutra maneira. Mas não vale esquecer isqueiro ou pelo menos fósforos. Um dia eu fui à pesca e pesquei. Sem tirar nem pôr exageros como dizem que os caçadores, pescadores e outros lhe fazem. Gostei. Simples, só assim. Amanhã vai doer músculos nem sabia existiam. Mas foi bom, com gente boa.
Sanzalando
eu e a vida
Dou-me tempo ao tempo. Preciso tempo para mim. Necessito de tempo. Cada dia gasto-o. Quem me dera que o tempo me desse mais tempo para ter tempo de o gastar, de curar feridas, de reencontrar-me, de me reconstruir, de ser eu. Sei que não tenho feridas, que não me perdi, que não me destruí e sei quem sou. Mas preciso de tempo para ver outro ângulo de mim, de sentir outra realidade minha. Imagina que eu não vivi o meu passado, portanto não posso ser este presente. Logo preciso descobrir-me. Acho vou parar por aqui, senão ainda encontro-me por aí perdido e não sei o que fazer com o velho eu que fui.
Sanzalando
11 de julho de 2020
eu e o crescimento
Sol queima-me. Já mudei a pele não sei quantas vezes desde que nasci. Põe creme, ouço num modo repetitivo. Não ponho e ponto final. Agora besuntar-me... Sou alguma fatia de pão?
Me deixem caminhar nesta praia, ao lado deste zulmarinho, ao meu modo e jeito. Eu estou num processo de conhecer-me. Desde que nasci que tento. Insisto. Mas sou tantas coisas que às vezes penso não sou nenhuma. Não depende das circunstâncias. Depende do sonho, da realidade e do seu peso relativo. Sou cicatriz, feridas, sonhos e realidade enjaulado no meu corpo.
Sou quem sou na forma que existo neste momento. Amanhã logo me lembrarei doutra coisa qualquer.
Sanzalando
10 de julho de 2020
eu e eu
Faz sol. Como sempre, na minha cabeça. é aqui que importa. Dentro da minha cabeça. Sempre me senti superior para ser uma minha segunda opção. Eu sou a minha primeira. Eu sou o meu sol. Mesmo que o meu maior problema seja pensar. Mesmo que tente ajudar-me quando não o quero ser, mesmo que tropece em ideias como as que eu sou o meu passado e os meus defeitos. Mesmo que pensem que eu sou como me pensam que seja. Eu sou o meu sol, o meu sal, as minhas dúvidas e também as minhas certezas. Eu sou todos os meus bocados.
Sanzalando
9 de julho de 2020
eu e o inevitável
Meditamente. Medita-me a mente. Eu medito. É assim que eu consigo evitar destruir-me ao não tentar controlar o que não depende de mim. Trato o que é inevitável mas o que tem de acontecer sucede. Sem rodeios, maneios ou manipulações. Deixo acontecer nem que me tenha que pôr a ouvir uma música que goste, sorrio mantendo-me dentro de mim, dentro de todas as recordações que a memória guarda e todos os demónios vão dormir, deixando-me livre e sorridente. Mesmo que não pareça haver motivo para sorrir e fico-me melhor, estou melhor, sorrindo.
Sanzalando
8 de julho de 2020
eu e o sul
E sopra vento sul. Vento que trás novas desde lá do meu ponto sul. Tem gente que se norteia por isto e aquilo. Eu mesmo é sul. Suleio-me na vida. Ponto de inicio está lá e o do fim vai ter que estar lá também. Físico, inteiro ou cinzelado, é lá, no sul. No meu sul.
Se o amor é o alimento da alma o meu amor-sul é-me comida farta. E sopra vento de sul, o que é bom, pelo menos para mim. E foi no sul que comecei a aprender que tudo pode desmoronar, mas nada impede de começar de novo. Tantas vezes quantas as necessárias. É por isto e por outras que eu me suleio no meu sul inteiramente.
Sanzalando
7 de julho de 2020
eu e os números
Faz um sol do caraças. Mesmo daqueles que queima a moleira e fervilha nas ideias. Devia de ir buscar um termómetro e medir. Dentro e fora da cabeça. Os números até que não me assustam porque estou habituado a lhes olhar. Quando me ponho em cima da balança até parece ela grita 'tás gordo'. Nunca tá lá um número que eu gosto. Mas insisto mesmo sabendo que o que sei fazer é comer e me banhar de sol de manhã à noite. Esses números não me assustam nem me desmoralizam. Os da balança lhes vou dar uma baixada que até parece eles vão reduzir, nem que seja pura magia. Os da temperatura acho nem vou mexer. A natureza se encarrega mais cedo ou mais tarde de me devolver o frio horrível.
Sanzalando
6 de julho de 2020
desabafo de verão
Desabafo duma tarde quente do ainda quase quente verão num hemisfério do norte.
Sanzalando
Vagabundo passagens pela memória e dou comigo a imaginar que pessoas difíceis afinal de conta são pessoas interessantes também. Nas simpáticas e amigáveis sabemos sempre como e o que contamos e são interessantes porque nos apoiam quando precisamos. Mas grosseiras, difícieis e antipáticas são também interessantes porque nos fazem procurar a ferida que está por trás de toda aquela coisa ferida que nos mostram. Ninguém o é porque quer. É interessante procurar pontos baixos e verrugosos. Espevita.
Deve ser vento leste que sopra na minha memória de tempos em tempos.
Sanzalando
5 de julho de 2020
Eu e o alfaiate
Como se chama mesmo? Ai que me esqueci. Na esquina do Tribunal tem alfaiate que me vai fazer o fato de festa do Fim de Ano no Clube Náutico. Como se chama? Ai meu deus como vou dizer na telefonista dos CTT para me ligar para ele se eu não me lembro do nome dele?
Cabeça de alho chocho, minha mãe vai-me dizer.
Quem me empresta a mini-honda ou mini Yamaha ou seja só uma burra, uma xica ou mesmo só um aro e um arame que eu vou lá numa berrida. Eu preciso dizer que à hora marcada estou a fazer o formula pop, depois tenho de pôr a voz do suburbio a bumbar e a seguir o noticiário da Emissora Oficial e não posso lá ir fazer a prova do fato. Ele que calcule só mesmo assim à toa as medidas do magrinho, que eu não vou poder ir no baile mal vestido.
Vou ali na esquina ver se passa alguém que lhe diga faz favor eu passo lá amanhã de manhã bem cedo para não lhe atrasar a vida. Com esta escuridão como vai alguém me ver aqui neste descampado? E não é que não me lembro o nome dele. Se calhar também não tem telefone. Eu estou no 200, se alguém adivinhar o que é que eu preciso.
Sanzalando
4 de julho de 2020
eu e a felicidade
Levado pelo cansaço me deixo adormecer sob o marulhar deste zulmarinho sereno. Um adormecer levezinho que até parece estou a levitar sobre mim. Não sei como é que é ser anjo mas neste momento é o que parece sou. Sou o meu próprio anjo. Sinto-me bem, maravilhosamente bem. Neste silêncio parece-me ter uma voz doce, aconchegante e encantadora. Sinto-me bem e orgulhoso. Eu sou levado a sonhar-me feliz. Felizmente.
Sanzalando
3 de julho de 2020
eu e o passado
Está calor de fritar. Sentado à sombra me deixo embalar nas ondas do zulmarinho que preguiçosamente ondulam no meu horizonte. Assim, com distanciamento social, com informação a cair parece é pedras no sossego, até parece custa viver. Me afogo no que ouço, me tropeço no que vejo e me esparramo no chão com a insuficiência das coisas feitas.
Acho já me pesam os planos que fiz mentalmente. Acho que já me cansam os sonhos que sonhei. Acho que já durmo sobre cada fracasso. Acho ceguei com a falta de luz no túnel. Acho que deixei em ruínas o meu coração.
Acho mesmo só estou com saudades de ter o meu passado de volta.
Sanzalando
2 de julho de 2020
eu e a noite
Se fosse noite, noite estrelada e quente como as noites da minha adolescência, eu apagava todas as luzes e no meio do mato me deitava a contemplar as estrelas e saborear a obscuridade deste quarto crescente. Deixava sair toda e qualquer tristeza remanescente e que me possa de alguma forma moldar contra a minha vontade.
Se fosse noite eu não me deixava adormecer e escutaria o silêncio da noite, deixava-me abraçar pela luz pardacenta da lua D.
Se fosse noite eu ia saborear o vazio estrelado do céu.
Sanzalando
1 de julho de 2020
eu e a imaginação
Aqui, num naufrágio de ideias e sonhos, sem saber para que lado devo nadar, aceito a dor porque afinal a gente não controla nada a não ser a capacidade de sonhar infinitamente. Neste mar imenso de memórias, umas que sei reais e outras já tenho dúvidas que tenham existido nesta minha vida, ou terá sido noutra da qual vou tendo recordações, vou levando a minha nau como se de um capitão se tratasse. Na verdade nem comandante sou, apenas um marinheiro que segue um rumo norteado em princípios e ladeado de coerências. Neste mar, umas vezes calmo outra vezes de calema, umas vezes navego sonhos, noutra naufrago pesadelos, sorrio à vida com vontades de cada dia ter mais.
Já sei que sou um naufrago de mares calmos, já sei que sou um sonhador de velas ao vento que não teme a dor de viver.
Sanzalando
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