A Minha Sanzala

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20 de maio de 2004

O meu café (1)

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

O meu café diáro II 11-02-2004 17:20 Forum: Conversas de Café

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'Um café' faz favor!
'Bom dia e sente-se que eu já levo' disse um que parece que é o boss daqui. Mas a farda é igual. 'Desculpe, bom dia' respondi assim como que timidamente e cum medo de ser mal aviado.
Procurei mesa. Café continua meio cheio mas silencioso, penso eu que sou eu que estou a pensar e não ouço nada.
Me sentei na mesa que tem bué de gente conversando no silêncio dos inocentes, olhando pelas caras estão só mesmo a precisar de companhia. Tem ali Nova Gente sentada. São três. Mas tão a falar com o que eu chamo de boss. Me parece conhecer as caras. Tou deslembrado mesmo. Se pergunto nestes companheiros de mesa vai sair alqui uma algazarra que parece que estavam entupidos e se desentupiram todos juntos. Pelo que percebo da conversa estão a falar parece são empregados novos do café. Dois parece são de cabinda, pela maneira como falam...ou serão do desportivo união da 2º circular? Num interessa. Desde que trabalhem bem, e num cortem nos pedidos...num faz mal.
Chegou na porta um senhor bem vestido, parece que sabe de antropologia (se escreve assim mesmo??, olhou em todo o lado, assim como quem está a estudar, parece tá procurar alguém. Continua na porta que não entra nem sai. Olha só! Num pede café nem digestivo ou aperitivo. Olha. Cerrou olhos nesta mesa mas ninguém lhe liga, também aqui não tem brigadeiros nem cruzes e num sei se tem canhoto pois todos tão a pensar e ninguém escreve. Olha apenas. Olha noutro canto. Não entra e num sai. Tá quieto parece que num quer gastar dinheiro. Ele está bem vestido mesmo, não trás pijama debaixo da samarra. Ele só está a estudar o ambiente e ver se adia o pedido ao boss, não é este daqui, ao outro. Por causa dos seus estudos. Eu só que estou a ver o filme na cara dele. Vais ver ele deu trambulhão no percurso e virou do contra. Olha mas parece mesmo que lhe falta cafeina. me paetece gritar 'entra e bebe um café que eu pago'. Mas se faço isso inda vou acordar estes que me acompanham nesta bica mal tirada. O Sr. Empregado só está de olho fisgado nas meninas que estão no Café. Olha que substituição assim de repentemente. Quem está na porta já não é o mesmo. Este tem cara de poeta e escreve só sobre o amor e coisas cor de rosa. Se num é assim foi porque me enganei. Está a olhar e entra mas que não. Parou. Olhou na Gente Nova e foi grande abraço só com o olhar mesmo. Vai sair poema cor de rosa. Tá-se a ver na cara. Ou será que o café turva-me a vista de ver bem?
Duas mesas para ali, aí do lado esquerdo, estão a falar daqueles que não são carne nem peixe. São só dois. Ele tem ar de ter esquecido o chapeu ou boina. Na mão tem a Biblia. Vais ver ele é padre desses modernos. Que num pode. Olho bem na cara dele e digo se ele é padre eu sou sacristão. Ele vai falando e vai abrindo e mostrando o livro aberto e logo fecha. Queres ver ele sabe aquilo de cor? Com ele tá minina que tem tanto creme na cara que desconsigo ver mesmo a cara de cara verdadeira, parece tem máscara. Devem ser filósofos da maneira como falam. Vais ver que ainda vai dar bronca ver peixe ser carne. Vais ver que os empregados ainda vão mandar eles para a outra sala mais desassossegada tipo esplanada ao ar livre. Mas tá interessante a conversa que está. Meus companheiros que estão mesmo a dormir nos pensamentos nem percebem que eu aqui sentado tou a ver o filme todo.
'Senhor Empregado'
Sr. Empregado trás outro café para mim'
Olha em senhor de verde, cá para mim é ecologista. Mas tem um olho de quem levou uma murraça. Lhe pergunta um Empregado 'que aconteceu?' 'Então não viste?' com a cabeça o senhor empregado respondeu que não. 'Estavam ali aquelas senhoras a conversar e eu fui lá dizer como se faz uma mulher feliz e elas que não gostaram me deram estre troco'. E o Sr. Empregado riu com rir bonito. Ele num tira os olhos das meninas...

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