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3 de junho de 2005

Uma carta que não enviei

Fui á gaveta. Porto 1981. Terça feira depois do Domingo de Páscoa.
Finalmente consigo fazer o que tanto me pediste. Esquecer-te!
Sabes, mas continuo a pensar tanto em ti. Tanto nas coisas que me pediste para fazer e eu era incapaz. Era até incapaz de compreender o porquê de não conseguir. Isso continuo sem entender, mas acho que consigo fazer o que me pediste. Talvez ainda não da melhor forma, mas de uma forma que se aperfeiçoa a cada dia que passa.
Às vezes penso: o que acontece se eu precisar de ti? Não posso ter-te, eu sei. Sabia disso quando deixei as coisas evoluir para este lado. Mas deixámos evoluir para o lado negatvo porque assim teve de ser. Foi inevitável. E, sabes que mais? Não me arrependo nada. Nada mesmo. Porque gosto tanto de ti que me é impossível toda esta distância exigida pela nossas opções. Sei que também é impossível para ti, não porque mo tenhas dito. Vi-te nos olhos.
Mas e se precisar? Custa-me imenso pensar nessa possibilidade. Eu sei o que me dirás.
- não vais precisar.
E se precisar?
...2005, não foi preciso! Ou será que ainda precisarei de ti?
Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

3 comentários:

  1. JC.
    Os textos perdidos andam por aí, em baús, em gavetas... e, por vezes, quando os encontramos, não podemos deixar de sorrir perante as "verdades" que foram!
    Incredulamente até, verificamos que aquela "verdade" deixou de ter valor e relemos, então, um velho papel que "não foi escrito" pelo eu de hoje. Aquele texto passou a ser de um "outro" que já não existe!
    Em certas circunstâncias, deve ser melhor mesmo termos essa sensação. ;-)
    Bjs

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  2. O outro existe sempre. Nunca nos desfazemos completamente para nos refazermos novos.

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  3. Apesar de não nos tornarmos um "novo eu", não mais somos os mesmos, passando, assim, a ser "outro"! Isto também é verdade? Ou podemos ainda baralhar mais? ;-)

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