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5 de junho de 2005

De madrugada

Avião sem asa, fogueira sem brasa
Sou eu assim sem você
Futebol sem bola. Piu-Piu sem Frajola
Sou eu assim sem você

Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
Vão poder falar por mim

Amor sem beijinho,
Buchecha sem Claudinho
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço, namoro sem amasso
Sou eu assim sem você
To louca pra te ver chegar
To louca pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço, retomar o pedaço
Que falta no meu coração

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo Porque? Pooooooorque?

Neném sem chupeta, Romeu sem Julieta
Sou eu assim sem você
Carro sem estrada, queijo sem goiabada
Sou eu assim sem você

Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
Vão poder falar por mim

Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo


Mais ou menos à mesma hora, escrevias a tua primeira mensagem num fio fora de horas, num fio de Tempo.
Eu, de barrete, máscaras e luvas, bata verde esterelizada, ao som de Adriana Calcanhoto, primeiro, que as seguintes não sei porque com a pulsação a chegar talvez aos 200, sei lá, não tinha tempo. A tensão era tanta que nem consciência tinha do meu corpo, aspirava cerca de 3 litros de sangue livre na cavidade abdominal. Estava em cima do arame, equilíbrio instavel. Tinha de ser rápido, prático e eficiente. Paradoxalmente estava sem tempo. Mas no fim, muitas gotas de suor depois, tive tempo.
Sorri.
Fundamentalmente, mais alguém, hoje pode sorrir também. Teve um Novo Dia.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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