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5 de junho de 2005

Acode-me a altas horas

Insinuações. Num claro escuro de letras. Um recado dado nas entrelinhas. Umas linhas cruzadas em palavras paralelas, cubos de gelo sob o calor tórrido. Maka, mujimbo, confusão. Textos reflexos involuntários, complexos. Dúbios por vezes e outras nem tanto.
Um pretexto só bastar-me-ia, no curvar da lógica, para me ir permitindo escrever tanto assim. Um argumento, o aliviador deste momento, interminável, nas razões do meu destino. Um desatino, quando de fora é visto, um tormento, quando de dentro é sentido. Uma carga extremamente alta, para um receptáculo tão pequeno, cuja única obrigação deveria ser; abrigar as mazelas do meu coração, amarguras e alegrias da alma. Uma coisa, a saber, de antemão, essa viagem pode ser muito longa, portanto, faço de conta, que tudo o que carrego comigo seja apenas ilusão. Sendo assim escrevo também na forma perfeita, porque na fantasia, visto-me nas altas horas desse meu caminhar.

Sanzalando em Angola
Carlos Carranca

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