Hoje apetece-me procurar textos.
Meus e de outros.
Hoje apetece-me ser cocabichinhos.
Hoje vou vasculhar estantes, armários, baús e outras coisas que tais. Hoje vou ser rato de biblioteca.
Hoje vou ser traça.
Hoje quero sentir o pó do papel.
Pouco importa se sou asmático, prático ou reumático.
Hoje quero encontrar um texto que eu possa sentir como meu, mesmo que meu não seja.
Hoje não dormirei, vasculharei até que os olhos me doam.
Não vou inventar citadores, nem viagens, nem sonhos sonhados.
Quero um texto que seja o meu retrato. Pouco me importa o pintor. Hoje quero um texto contextualizado nas feições do meu rosto, deslizante na minha careca, proeminente na minha barriga.
Hoje quero um retrato de letras, colorido ou a preto e branco, que tenha sentimento, alma, segredos desvendados, portas abertas à luz da lua, cinzento da cor da noite, azul da cor dos olhos dela.
O meu retrato de letras.
Hoje não encontrei letras. Apenas tretas!
Sanzalando em AngolaHoje não encontrei letras. Apenas tretas!
Carlos Carranca
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