"Fio": Um café na Esplanada
carranca
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Uma birra de outro hemisfério Hoje, 17:54
Forum: Conversas de Café
Escrevo-te, mermão, para saber se ainda estás bem. Sei que ultimamente não te tenho dado a mínima importância na forma de letra, porém, vinha lendo-te. É que, como já deves ter sido informado por aí, ele deixou ou deixaram de lhe deixar andar por aqui. Foi embora, ou lhe obrigaram a ir embora, e como vive lá no outro hemisfério fica-me difícil saber o sabor das letras de lá se ele não vem aqui falar das coisas como ele as sentia e vivia. Eu lhe escrevo sempre a contar como vão as coisas no primeiro mundo sentido por terceiro mundista, lhe falo sobre a neve, sobre as actualidades tecnológicas e as liquidações liquidas de seremos imortais enquanto vivermos e tivermos esperança. E até agora ainda não disse palavra, razão pela qual suponho as minhas suposições. Mermão, te poderia dizer que eu ia chorar, cortar os pulsos, jogar-me da janela de um qualquer andar alto, jurar nunca mais te escrever ou sentar aqui e beber as birras geladas com os salpicos do zulmarinho a lagrimarem-me a cara e o corpo pálido de quem tem o c u quadrado de estar sentado a ver o mundo resumido a uma pequena selva limitado por bytes e pixies. Uma vez mais, mermão, olhando para a garrafa da birra mais que gelada penso que o choro passa, que eu não tenho coragem para me matar e que não cumpro minhas juras. Sei que o sofrimento não tem sido igualitário por essas bandas. De certa forma compreendo que contribuo para esse estatuto, pois a cada vez que rabisco retratos e remexo frases, nova lança afiada é cravada. Não é intencional, mermão, porque sabes que sem ti, sem outros tis que digam coisas desse hemifério, fica o catinho da saudade, a música do Calvário, do Mourão, a boloroteca do Paiva e outros poucos Couceiros. Fica para viver pouca coisa, o magma de mil vulcões e outros temores, as Magias e teoremas de Telhas, os delírios económico e pouco socias de Aves, reacções maconginas, dissertações tropicais, filosofias da parra, viagens de Niteroi, dança de uma mulher sem lobos, viagens na minha dele que não é de outro.
Assim, mermão, resta-me beber até à exaustão de um exaustor fumegante e ruidoso.
O que me vale, mermão, sempre tenho aqui ao pé de mim a fria água do final do zulmarinho que começa no teu hemisfério.
Sanzalando em AngolaCarlos Carranca
Mais um barrado! Aos poucos, ficarao mesmo so os que leem a cartilha do Couceiro
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