A Minha Sanzala

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2 de dezembro de 2006

21 - Estórias no Sofá - À beira de um ataque... 2 de 3

Para ele, é uma dádiva que alguém permaneça ligado e em silêncio. E, assim, todos ganham. Eventualmente, quando tenho tempo, e, estou na solidão, dou corda para conversa. Mas o mais comum, é pedir para não me aborrecer uma vez que não estou afim.
E quando somos nós que temos que ligar para uns serviços de apoio? Normalmente a linha que quero está congestionada, se esperam horas e se ouve música de consultório dentário, assim para esconder o barulho da broca, aqui se ouve música para esconder as palavras menos próprias que vamos pensando na eternidade da espera. Mas não desisto, tal a necessidade de resolver o meu problema.
Quando finalmente consegui ser atendido, tive que gastar o resto da minha paciência num duelo com um robot. A minha arma eram as teclas do telefone, do outro lado era o todo o tempo do mundo, a perseverança dum burocrata que parece adora brincar comigo ao salta de poiso em poiso, pois não era naquela secção, teria que repetir tudo com o apoio técnico, que não era com eles mas sim que era com o serviço de pós-venda. Depois de muitas vezes teclar a tecla 1, martelar a 2 e partir quase o 0, encontro ali um ser humano que premiou o meu esforço e quase me dava a vitória.Aquela voz doce e feminina…
- Sr. João Gonçalo, está a ligar do número referenciado na sua conta?
Uma voz tão meiga a fazer-me uma pergunta tão inútil uma vez que ela tinha o computador aberto na minha conta e podia num relance confirmar esta enormidade. Ela sabia com certeza a resposta, mas a voz fez com que eu desse de barato por questões de segurança, e lá confirmei o número.
- 123 456 789
ela repetiu de imediato
- 132 465 798
- Não! gritei já eu ao mesmo tempo que repetia num pausadamente 1-2-3-4-5-6-7-8-9
- Estou a ouvir perfeitamente, dizia ela. 132 465…
- Bolas! Haja paciência. Deve ser da hora tardia que você se deitou ontem. disse-lhe eu no meu mais alto tom de voz conhecido.
- Por favor. disse ela no seu meigo tom de voz. Quer fazer o favor de repetir?
- Não repito coisa nenhuma. Já não quero nada. proferi eu, sem controlar as palavras seguintes que saíram e que fizeram corar a minha futura sogra.- Muito obrigado por ter-nos ligado e disponha sempre que precisar. respondeu-me ela sempre na sua meigamente e doce voz.Afinal não é pêra doce ser telemarko.


Sanzalando

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