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10 de dezembro de 2006

Num ritmo de antigamente

Mermão, senta aqui e escuta.
Sentes o cheiro de queimado?
Não é meu cérebro que ferve.
É mesmo a Sebenta de capa encarnada que ardeu numa fogueira de raiva.
Isto é eu a pensar que certezas nunca tive.
Faz vinte e muitos anos que deram a uma garina, uma sebenta encarnada onde Kafrondim escreveu o que na alma lhe corria. Tempos depois, assim como numa revolução de estudante que descobre que há outras coisas a fazer nos fins de semana, antes da época dos exames, te diria que na época dos enxames feitos momentâneas paixões, houve assim como que um flagrante delitro e meio, mostrando a ingenuidade do garino nas suas novas descobertas, que parece que virou inferno tal era o incendio que ia na referida alma da garina que era portadora de confissões poetico-românticas.
Mas manda vir a minha loira que eu não quero botar lágrima assim a seco.
Desconheço por esquecimento total e ausência de coisas modernas como copiadoras e similares, o que Kafrondim escreveu nessa referida dita cuja Sebenta. Mas vais ver inda era poesia cheia de cores de África e corações palpitando ao som do batuque que chamam coração.
Danço ao som do batuque
frenético
histérico
levantando pó
na sombra da mangueira
Danço ao ritmo da paixão
ardente
fervente
derramando sangue
no teu coração
Ou se calhar era mesmo só os deveres que ele devia cumprir com rigôr perante as razões da exigência dela.
Só mesmo as cinzas do inferno podem saber.
Ou será que a garina guardou no baú a sebenta e está a gente aqui a fazer conjecturas conjunturais de estruturas esbatidas na raiva.
Vou mesmo beber a loira e curtir as lágrimas com sabor de zulmarinho.

Sanzalando

3 comentários:

  1. Ainda bem que a capa da sebenta era encarnada.
    Se fosse azul eu ia buscá-la lá onde ela está ...
    Mas tu , de castigo , ias comigo .

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  2. Olá, amigo Carranca

    Por aqui vim e a ti me juntei nos pensamentos, azuis do mar, ou vermelhos de cartinhas...

    Um abração

    Nelsinho

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