Senta aqui, mermã. Sei que só queres cacau quente. Mas senta aqui perto, para eu não ter que falar alto que nem gramafone em dia de feira. Me conta lá, mermã, se este mar zulmarinho não trás o cheiro lá do início dele?
Eu sei está gelado este mar, assim como sei ele vai aquecendo na descida.
Mas vês como ele parece tá a me chamar? Ele me quer agarrar como se fosse um polvo tentacular que quer me levar nas fundos dele para eu esquecer que ele tem início lá mesmo onde está a minha amada que eu amo de amar que dói até de morrer. Mas todos os dias eu venho aqui cheirar ele, sentir esse gelo que trás dentro dele, e ele todos os dias vem em movimento ritmado que parece que tem maestro lá atrás a mandar ele vir rebolar na areia. E todos os dias me sento aqui e fico olhar nele, no pôr-de-sol que parece que é incêndio dentro dele. Esse zulmarinho tanto me ama que parece que ódio é pouco para descrever o sentimento dele.
Anda, senta aqui ao pé de mim. Ouve o cantar das kiandas que estão lá longe, dentro dele. São lindas as sereias desse mar que tem início lá para os fundos da terra. Sempre a descer. Não tem como enganar. Mermã, segura na minha mão e vê como ela está tremula de não poder agarrar todo esse mar e encostar no peito e lhe beijar.
Mermã, se não tivesse gente que vive desse mar, te digo que eu bebia ele todo de um sorvo e corria direito à minha amada que está no início deste mar.
Bebe o teu chocolate quente e dá-me o teu calor.
Anda, senta aqui ao pé de mim. Ouve o cantar das kiandas que estão lá longe, dentro dele. São lindas as sereias desse mar que tem início lá para os fundos da terra. Sempre a descer. Não tem como enganar. Mermã, segura na minha mão e vê como ela está tremula de não poder agarrar todo esse mar e encostar no peito e lhe beijar.
Mermã, se não tivesse gente que vive desse mar, te digo que eu bebia ele todo de um sorvo e corria direito à minha amada que está no início deste mar.
Bebe o teu chocolate quente e dá-me o teu calor.
Sanzalando
Olha, tens saudades do sabor da goiaba, da cor das buganvílias rubras do huambo, da roda de samba do que vive em s.Paulo, não da Anuncição de Luanda, mas a desse Brasil, quase aqui à beira do Zulmarinho, azul, profundo, como as palavras escritas ao sabor da memória??
ResponderEliminarboa
noite
Ana
JotaCê:
ResponderEliminarLindo!
Tuas histórias sempre
me encantam...
Tens o dom de fazer os teus leitores sonhar e viajar
nesse teu mundo poético,
sensível e belo.
Um abraço carinhoso.
Palavras ensinadas as tuas !
ResponderEliminarE que bem que jogam !