Pé ante pé fui entrando no zulmarinho sempre a olhar lá na linha limite da minha vista. Pé ante pé fui pensando que estava mais perto, fui fazendo as contas de quantas vezes penso que segurei o mundo dos outros e assim sem me importar deixei cair o meu. Pé ante pé deixei que a água me chegasse ao pescoço e foi então que me lembrei que dum momento para outro nem pé ante pé me salvaria se não soubesse nadar.
Recuei, deixei ficar a água no umbigo, retomei as minhas contas, que não são de rosário, nem de Maria Vai Com as Outras e pensei que se queres ser feliz tens de chegar aqui, atravessar esse mar todo que nos separa e me suplicares para eu te olhar nos olhos e verificar se falas verdade. Não a tua verdade mas verdadeira verdade.
Pé ante pé, desequilibradamente fui derrubado por uma onda que me fez rebolar como um pequeno tronco de madeira apodrecida por tanto sal, até à areia castanha duma onda anterior e me lembrei que zulmarinho deve de andar de avessas comigos. Lhe pago toas as dívidas, sr dom Zulmarinho, de letra grande de respeito e consideração. Mesmo até as dívidas sentimentais. Sr. Dom Zulmarinho eu sei que não conheço as pessoas, nem mesmo as que nasceram dum pedaço de mim, nem outras faz tempo lhes levo ao colo, num por assim dizer. Mas achas eu mereço teu castigo de me tombares ou gelares assim quando te apetece?
Pé ante pé, te abandono, zulmarinho para mais logo, num amanhã qualquer, voltar e te conversar sabendo que não tenho as sete vidas dum qualquer vadio gato.
Pé ante pé, hoje te deixo aqui.
Sanzalando
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