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11 de julho de 2013

sem arte por causa do sol - insolação

Subitamente dou comigo a nadar num indeterminável nadar sem graça, num decepcionante desperdício de energia como a que despendi na primeira vez que me desiludi. 
Subitamente, também, dou comigo dorido de músculos que nem imaginava que tinha, como da primeira vez que me apaixonei e corri a cidade para te ver em cada esquina que pudesses passar. 
De raiva em raiva, de desilusão em desilusão, de dor em dor, porque das coisas boas a gente nem imagina que teve ou tem, construí a minha vida, edifiquei o meu mundo como se fosse um prédio de bases sólidas, alicerce de palavras, tijolos de frases, vivências de tubos e arames. Construí o meu mundo de arte, misericórdia e espectáculo  onde não vendi bilhetes para assistência, onde não deixei espaço para a impaciência, onde estendi a rede para deitar a solidão, onde um dia depositarei o peso do meu fracasso, os escombros dos meus exemplos e o lixo das minhas palavras. 
Que ninguém ouse devolver ou ocupar. 
Subitamente e desapercebidamente deixo para trás o zulmarinho, cansado do esforço despendido, olho as gafes, os papeis que voam em direcção a lado nenhum, desprendidos do tempo e do espaço e eu insisto num nada que sou, no monstro vivo que em mim habito, nas fotos que não devolvi à maquina porque as tirei horrivelmente. Afinal de contas eu sou um produto do mundo, felizmente biodesagradável e forçado pelo meu autor a dizer palavras de verão.
Subitamente, ainda, dou comigo a pedir desculpa porque eu não existo, mas sou fruto da imaginação dum gajo que um dia prometeu que ia aprender a escrever e a falar e nunca mais cumpre e nem se cala.



Sanzalando

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