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9 de julho de 2013

nadando para lado nenhum

Olha só eu a nadar no zulmarinho. Parece fui feito aqui. Parece este é o meu mundo. Tivesse eu barbatanas, escamas e capacidade pulmonar e ias ver se não era agora que eu começava a nadar em direcção ao sul. Hoje nem o vento é brisa e a corrente nem sei de que lado vem. Nado, parece nasci aqui. 
Tu me conheces, tu sabes que eu não ia falar só porque tenho palavras para dizer. Se estou a falar é mesmo porque sim. Porque tenho muitos metros para nadar, se tivesse só um eu não ia conseguir nem me deitar parece é bóia, quanto mais nadar. Mas eu tenho muitas palavras que escondem os meus segredos, outras frases que camuflam os medos e outros parágrafos que mais não são que degredos de mim.
Aqui a nadar consegues ver a minha vontade, mesmo neste corpo disforme, nesta cor pálida e neste sorriso que nem amarelo pardo quase parvo. Talvez o mundo nem saiba eu existo. Mas eu tenho palavras que afogam a minha agonia em cada respiração. Eu quero dizer tantas palavras que elas acabam se atrapalhando na boca e num electrocutado modo de dizer nem eu as entendo. Nado, sem destino, como treinando para a odisseia que um dia jurei cumprir e não tenho palavras para afogar essa jura, nem cara que consiga decepcionar a minha alma por não ter tentado.
Nado no zulmarinho sem arte, sem misericórdia e sem piedade, só porque enquanto nado não digo palavra para não me afogar.


Sanzalando

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