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31 de dezembro de 2019
30 de dezembro de 2019
Mensagem de Ano Novo de sua exsa: Eu
(depois de ficar embevecido ao ler um post no Facebook)
É assim todos os anos por esta altura. às vezes mais dia menos dia. Mas é hoje que aqui estou a falar do fim do ano e coisa e tal. Não é amanhã nem foi ontem. Vai sair agora que nem presidente disto ou gerente daquilo. Eu, intelectual de dá cá a minha palha também tenho direito de falar no fim do ano. Minha amiga A. Quelhas falou muito bem que até apetecia plagiar ou partilhar, mas não vou fazer isso porque eu gosto de amigo que sabe escrever e até fico vaidoso. Também me apetece falar e eu vou falar em palavras escritas o que me apetecer e depois logo se verá o que foi que saiu.
Neste momento (fazendo um gesto de levar a mão à cabeça) devemos levar a mão à consciência e fixar o pensamento no que fizemos de bom na nossa caminha por esta via que afinal se chama vida. è pelo caminho bom que a gente chega à felicidade. E no caminho bom às vezes a gente encontra buraco, barreira, entrave, xingamento, espinho, cacos velhos ou novos, mas o simples facto de estarmos vivos nos permite fazer fintas, dribles, bassulas, reviangas e caminhar a direito.
O ano que passou não foi bom? Foi suficiente?
Vamos lá ver o que é que foi feito mal (faço cara séria de quem está a pensar, até com um beicinho).
Não encontro, mas prometo se encontrar, eu para o ano de 2020 vou fazer doutra forma.
Ora bem, só me vem à cabeça coisa boa. Não doidei. Continuando.
Os erros do passado vão lá ficar. Isso, cimento-os no passado. No futuro esses não vão estar, mesmo que agora não me lembre de nenhum, mas algum deve haver. O que me fizeram de mal também não vai comigo para o ano novo. Isso, vai ficar enterrado no passado
Futuro. É o meu futuro que está em jogo e eu aposto que ele tem felicidade no sobrenome, titulo, preâmbulo, prefácio e epitáfio. Vou só cuidar-me de ser feliz. Isso, futuro com felicidade.
É que a felicidade se conquista todos os dias e não é trabalho fácil. Os amigos, a família, os conhecidos e os desconhecidos fazem parte dessa conquista. Positividade. Isso, futuro com positividade e logo leva atrás optimismo e com isso a felicidade. Trás tudo isso para o ano novo. Isso, participa no futuro.
Amigos bom ano.
Sanzalando
29 de dezembro de 2019
28 de dezembro de 2019
Às vezes
Todos os dias são dias de meditar. Porque faz frio. Porque está calor. Porque sim. Porque não. Temos de saber onde estamos e como estamos. O zulmarinho é lugar ideal para isso. Mesmo que ele seja fruto da nossa imaginação. O marulhar, a maresia e o ondular lento das ondas são o meu momento de ser eu.
Mesmo que às vezes pense que o pior da nossa vida são as coisas menos boas ou mesmo má que nos acontecem, eu sei que o ruim mesmo é eu não ter tempo para as desmontar, as ler nas entrelinhas, as desconstruir ou simplesmente lidar com elas. Às vezes são tantas que nem as ondas do mar as acompanham. Às vezes é preciso lutar contra tempestades de pensamentos catastróficos.
No zulmarinho eu encontro força para não desistir e seguir em frente com um sorriso de sabor a mar.
Sanzalando
27 de dezembro de 2019
devaneios pueris
Nasceu o sol assim num devagar que até parecia eu não conseguia me levantar da cama. Mas na hora dele se pôr foi um rapidamente que nem deu para eu saborear o lindo dia que se fez. Tem dias assim num inverno que até parece é primavera. Pena mesmo é o dia ser curtinho, o sol ser fraquinho e eu ter muitas coisas para fazer neste ponto de observação do zulmarinho. Eu aqui desconsigo ver a linha recta que é curva, porem não paro de imaginar o lugar que fica para lá dela. até parece ali acaba o mundo, de modo que eu poderia dizer que eu moro para lá do fim do mundo que não estaria a mentir. Mas eu não vou dizer porque sou culto e sei que há mais mundo depois da linha, embora daqui me pareça que o mundo está contra mim que não nem me dá tempo para o ver.
Aqui enclausurado, olhando para o infinitamente longe, divagando sobre tudo e nada e quase pouco, me deixo levar por devaneios pueris que foi o tempo que deixei passar pela juventude que não desperdicei.
Sanzalando
26 de dezembro de 2019
25 de dezembro de 2019
hora do pai natal
Como saberá a que horas deve passar o pai natal em casa da cada um?
Sanzalando
Imagina só ele descer uma chaminé, duma casa sem crianças e adultos brincando adultamente na sala, perto da lareira. Onde é que ele estaciona a«o trenó numa casa com varias chaminés sem saber a morada de cada uma delas. E o excesso de carga?
É por estas coisas que as estórias no natal deviam levar um outro rumo.
Eu cá por isso e por outras invisto no meu corpinho, na minha mente e nos meus sonhos. Batalho, teimo, invisto e no quentinho do meu coração eu faço um embrulho de coisas boas para me oferecer.
Eu não vou perder o meu tempo em comparações nem ligar a insignificâncias. Eu sou o topo de mim, dos meus afazeres e dos meus objectivos.
O pai natal para mim vem num dia qualquer, sem confusão nem ilusão. Pode ser de surpresa mas sem hora marcada e expectativa alta. Pode ser um saco de pipocas, um pau de algodão doce, uma sapateira ou uma carícia, Surpreendentemente.
O pai natal, num fato de qualquer cor, vai-me dizer que o meu melhor amigo sou eu, que cada momento é único e que a minha paz é interior.
E eu vou rir dos pais natal que aparecem na hora marcda, na satisfação de encomenda, no favor há tanto desejado.
Não, eu não marquei hora com o pai natal.
Sanzalando
24 de dezembro de 2019
23 de dezembro de 2019
eu contei uma estória de Belém
Era uma vez um menino que nasceu lá para os lados de Belém, assim num lá muito longe que até dizem fico no médio oriente. Como se eu soubesse onde é que isso fica. Mas é lá e isso é que importa. Faz agora, dizem-me, 2019 anos, porém como andavam com os calendários trocados eu não teimo. Mas o menino lá nasceu e se fez homem e durante muito tempo não se soube dele. Apareceu na cidade já crescido, barba por fazer e segundo alguns filmes que marcaram época, não aquela mas outra, até apareceu loiro de olhos azuis, aparentemente coisa natural naquele sítio, para não dizer impossível. Se ele brincou com brinquedos de madeira que o seu pai lhe fizera, ninguém diz nada sobre isso. Na verdade á um desparecimento ali duns anitos que digo coisa sem importância. Há anos que não se contam a ninguém.
Mas eu estava a dizer que nasceu lá para o médio oriente o filho de Maria e do mais velho José. Conta a lenda que foi fruto do Espírito Santo, coisa mesmo de antigamente e não dos modernos tempos. Como os hotéis estavam cheios dizem ele nasceu num estábulo que era coisa muito abundante no tempo, porque agora numa vacaria não dava nem para olhar quanto mais para nascer. Acho que devido
á falta do aquecimento central ele foi aquecido pelo bafo duma vaca, dum boi e dumas ovelhas que ali repousavam.
Depois desapareceu. Deve ter ido para algum internato estudar ciência política ou filosofia ou nada disto que o meu conhecimento não chega para tanto. Deve ter recebido uma bolsa ou uma herança. Mas isso não é importante.
Mais tarde ele reaparece e cheio de conhecimento e com grande credibilidade nos que o rodeavam. Eram primos, tios e conhecidos, todos lhe seguiam. Dizem, mas não confirmo porque não sou de intrigas, namorou Madalena aquém atiraram muitas pedras, conheceu Pedro, o pescador e mais o Judas, o traidor, e outros tantos que eram 12. A estes ele chamou apóstolos que escreveram as epístolas que hoje são capítulos do livro mais vendido do mundo. Se não é assim eu não vou voltar atrás e emendar que isto com rasurados ficava mal.
Mas nesse livro fala dos vendilhões do templo e do Poncio Pilatos que dali lavou as mãos. Também fala da Cruz e da coroa de espinhos, da ressuscitação e outras passagens que eu não entendo.
Acho que não fala dos três, só três, Reis que lhe foram oferecer prendas. Se falam escapou-me.
Olha uma estrela cadente...
Fui
e assim contei uma estória no Natal
Sanzalando
Sanzalando
22 de dezembro de 2019
21 de dezembro de 2019
20 de dezembro de 2019
19 de dezembro de 2019
passeei pela cidade alta
Hoje me apeteceu ir até na Escola Industrial e Comercial. Fui só mesmo passear. Dia assim de não fazer nada e não ter ninguém para me xingar. Na escola me desconhecem de todo. Eu vou ficar só sentado a lhe olhar. Parece é um muro de muitas janelas a tapar o deserto que está por trás. Mas olha lá que tem gajos que basaram das aulas e estão a jogar à bola no campo. Professor Serrano lhes vai agarrar.
Tem rua de separador ao meio. Segurança dos alunos. Mas se esqueceram de fazer passeio. Pormenor. Acho eu que sou miúdo e não sei dessas coisas nem para aí estou virado. Atrás da escola e antes do deserto ainda tem as oficinas. Os do comércio usam as oficinas? Acho que não. Fazer escrita não é como agora, não precisa martelar as contas nem contorcer ferros. É usar livro e somar quando é de somar. Electricidade e mecânica é que usam as oficinas. Acho eu... que com o meu jeito não ia dar outra coisa que curto-circuito na cambota. Vou mas é descer a avenida e parar no Liceu. Devem estar à minha espera para começar as aulas. Eu sou importante. Acho eu, mesmo que eles não saibam.
Sanzalando
18 de dezembro de 2019
chove esperança
Chove que até parece o céu está a cair. Eu, aqui abrigado numa caverna duma falésia virada para o zulmarinho medito na serenidade da estar vivo e pensar. Terão passado tantas coisas boas e más na minha vida que nem contar eu tento. Começaria por onde? Pelas paixões de criança incompreendida? Tem amores que nunca direi. Pelos choros das prendas que nunca tive? hum... grande rio salgado iria chorar por aí. Pela hora de uma das muitas partidas que fiz por caminhos sem fim? Perderia-me numa qualquer encruzilhada do esquecimento. Pelas horas de esperança duma surpresa qualquer? Iria por certo surpreender-me pelo tempo gasto. Pelas horas perdidas a perder-me no tempo? Não averia noite insónia que me restasse.
Chove diluviamente pelos meus cantos mentais. Mas eu tenho novos projectos e estou decidido a concretrizá-los nem que tenha de sonhar os sonhos acordado.
Sanzalando
16 de dezembro de 2019
tristeza a mais cansa
Me deixa só olhar mais um pouco nesse zulmarinho antes dele virar cinzentomarinho. Aqui abrigado do frio, vento, chuva, inveja, mau olhado e outros pecados que tais, porém não tropicais, que aqui o trópico fica a dar ares de utópico ou antagónico. Na verdade o zulmarinho hoje se parece um remoinho gigante a querer engolir o mundo. Mas mesmo assim é calmante lhe olhar e me deixar embalar na sua canção ondulante.
Aqui, longe da tristeza, aquela verdadeira tristeza que não deixa dormir, comer, andar ou mesmo falar, daquela que é afinal também motivo de vergonha porque há sempre ao pé alguém que está mais triste que essa tristeza e mesmo assim não anda por aí a chorar aos cantos silêncios e outros lamentos, dizia que aqui eu sou um eu que interioriza a alegria de ser vivo e viver a vida.
15 de dezembro de 2019
14 de dezembro de 2019
vodus e outros que tais
Chove lentamente e em silêncio. Em silêncio me mantenho enquanto divago pensamentos por aí. Neste momento imagino o quanto é fácil fazer dieta disto ou daquilo porque os abusos da gula são facilmente controlados. Esta minha afirmação peca pela ligeireza com que a apresento. Para uns é mais fácil do que para outros e nesta altura do ano os abusos gastronómicos são astronómicos. Difícil e bem difícil é fazer dieta de raiva, ciume, soberba, avareza, luxúria, vaidade e a tão em voga inveja.
Chove lentamente e em silêncio como em silêncio deixo os meus pensamentos vaguear pelo mundo do meu olhar. Vou por caminhos que desejo, travado aqui e ali por olhares suspeitos, arrancado do meu modo de estar por dores surdas provocadas por vodus que invento para me deleitar em meditações surreais..
Sanzalando
12 de dezembro de 2019
motivamente
Assim gelado à beira mar sentado medito no futuro que o presente é quase passado. Abrigado do frio, protegido do vento e agasalhado da maresia me embalo por sonhos nunca antes sonhados. Ou já? São tantos que tantas vezes me perco em ruas e vielas da vida imaginada. Afinal de contas nós não somos o somatório dos nossos sonhos vividos ou apenasmente desejados? Às vezes a gente bem que tenta seguir por um lado mas o destino nos leva para ali e a circular horizontal que é o globo em que nós vivemos nos empurra. Magnetismo ou apenas destino, um ciclo ou um circulo? O planeado não foi sonhado? O realizado não é o planeado? Sonho ou destino? Motivação. Repetição. Eu me recuso a pensar que o meu sonho não é realizavel. Se assim fosse eu não teria a trabalheira de o sonhar. A vida não é perfeita nem linear. Os sonhos são? Tento e vou conseguir antes do ponto final.
Sanzalando
11 de dezembro de 2019
10 de dezembro de 2019
9 de dezembro de 2019
acho eu
Embora não tenha chegado o tempo dele eu acho está frio. Eu penso mesmo que é o meu corpo está com o termostato do tempo em que eu era criança e nunca me chegava o frio, mas ao contrário. Aqui, na falésia a olhar o zulmarinho e a fazer contas à vida ou à vida contada por palavras minhas, me deixo levar por sonolentas meditações.
Quantos livros li? Algum livro me descreveu por completo, tipo corpo inteiro com alma incluida? Mesmo um livro dos génios, nobeis ou completamente desconhecidos do geral? Nenhum. Eu sou indescritível. Acho eu.
Na minha profunda solidão quem me conhece? Palpita-me que nem eu. Acho eu.
Sanzalando
8 de dezembro de 2019
carregar tempo
Me deixo levar pelo frio de tarde de outono. Me enrosco numa manta e me liberto em sonhos e fantasias mentais. O zulmarinho ao longe me embala num marulhar suave e sumido. Tento recuperar o tempo que perdi em inúteis afazeres, em vãos exercícios mentais ou em brancas noites passadas. Cada momento foi único e irrepetível. Cada paixão foi única. Cada movimento foi exemplar raro. Como posso recuperar se até esse tempo eu aproveitei ao máximo?
Sanzalando
7 de dezembro de 2019
6 de dezembro de 2019
visto de fora
Olho o zulmarinho e a sua vastidão. Me perdi em olhares, nas trocas e baldrocas dum olhar, no cacimbo, na chuva ou num pestanejar. Fui embora de mim sabendo que as pessoas são passageiros deste autocarro que chamam de vida. Olhei-me, literal e calmamente visto de fora, porque eu não estava fora de mim, e percebi que o tempo deixa marcas que por mais bem disposto que esteja elas não são apagadas. Mas atenuam-se. Um sorriso é sempre um sorriso e depois é também mais fácil. Outras reacções são complicadas. Sorrio mesmo quando a minha mente acelerada já me ultrapassou numa qualquer curva da vida. Sorria, porque estas palavras são escritas com suavidade, com a carícia de quem quer usar a palavra como um manto cobrindo um corpo despido de preconceitos. Bolas que hoje o cacimbo se apoderou de mim e me deixa a visão turva.
Mas eu visto de fora que até sou giro!
Sanzalando
5 de dezembro de 2019
não sei do daqui a pouco
E eu tremo de frio quando há pouco eu vivia sol e do sol.
Aqui, o zulmarinho não gela porém só de olhar para ele e me imaginar nele, tremo. Mas não lhe resisto mesmo que seja só no olhar. E aqui medito.
Ai, vida esta que me faz sorrir, que me faz dizer que faço agora porque não sei de daqui a pouco ainda cá estarei. Vivo-a com a intensidade que consigo, com sol ou frio, chuva ou nevoeiro. Importa? Sim, sim. Viver, mesmo que eu me tenha apaixonado milhões de vezes, mesmo que eu tenha desesperado outras tantas, só poucas vezes eu os vou recordar com nostalgia ou rancor. Mesmo que sofra de calafrios, mesmo que sonhe futuros, passados ou presentes, a vida que tenho é esta e com esta vivo-a.
Eu tremo de frio e medito quando se calhar me devia era deitar e dormir. Mas daqui a pouco posso não estar aqui e por isso vivo o agora e como me apetece. Não aprendi a despedir-me, nem de mim nem de ninguém porque eu não sei onde estarei daqui a pouco. Não me antecipo nem ao futuro nem ao passado presente em mim.
Um dia, se tiver que fazer balanço, contabilidade e escrita contabilística, ainda me vão perguntar qual foi o meu primeiro amor e o último, porque não. Não sei porque vivo hoje e não sei nada do daqui a pouco.
Sanzalando
4 de dezembro de 2019
3 de dezembro de 2019
divagações no zulmarinho
Me vens dizer que aqui a areia está molhada, que gruda nos pés parece tem cola, faz impressão nos dedos e coisas e tal. Que a praia é para outras gentes, que o zulmarinho isto e aquilo, te causa arrepio que até faz tremer a coluna mais vertical e te dói a coxa deste pesado caminhar. Mas aqui não tens a têvê que te faz paralisar os olhos, te arrepia e te mostra as coisas mais cinzas da vida que está a passar tão rápido que a gente está aqui e está a dar os pêsames a ela num ápice. Tu aqui, na ajuda do silencioso marulhar do zulmarinho se espreguiçando na areia, podes cantar e podes sorrir, podes sonhar e navegar, podes ser as tuas fantasias que se alguém te olhar te vai dizer apenas que estás feliz. Guarda esse fato velho num sótão, atira para o lixo essa carranca triste e enrugada em que se tornou a tua cara. Anda sentar aqui, falar mesmo que seja no silêncio dos lábios. Vem porque aqui tu és mesmo tu, o teu eu que está lá dentro à espera de um dia ser largado e no teu rosto martirizado pelo tempo volta a aparecer o sorriso, a criança que nunca deixaste de ser porque dentro da gente existe sempre, muitas vezes bem escondido, o nosso lado infantil. Só de olhar na tua cara eu estou a ver as perguntas que estás a fazer dentro de ti. Esse gajo loucou de vez, cacimbou, fundiu os fusíveis visíveis e invisíveis ou anda a fazer coisas que já não tem mais idade. Mermão ou mermã, eu simplesmente libertei-me de prisões, elevei-me num patamar de sensibilidades, numa palete de cores vivas e transformei o cinzento em arco-irís. Tudo, mermão foi nas minhas caminhadas aqui ao lado do zulmarinho, tudo foi aqui nas estórias que conto e ouço, que invento ou deliro.
Sabes que dá arrepio só de lembrar que nesta vida que vivo, posso passar ao lado de coisas que eu devia de saber e só mesmo por falta de tempo ou cansaço eu não vou saber?
A nossa vida, quando vivida empoeirada, está só mesmo à espera de um empurrãozinho para se desequilibrar perigosamente para o lado falso da encarnação. Aí, sais dessa encadernação e viras folhas de memória.
Tá na tua cara mais uma pergunta: se é que eu virei filósofo?
Quem sabe, mermão. Neste caminhar encontrei certezas, descobri dúvidas que procuro tirar a limpo como que a fazer os trabalhos de casa dos tempos de infância. Tas a ver como aqui se encontra o equilíbrio do mim e do eu?
Aqui não tens a pressão de ver se a novela vai começar, se o golo foi ou não foi. Aqui vertes umas e outras, falas, calas e ouves, nos respeitos dos silêncios, nos olhos trocados, esboço de sorriso. Aqui, mermão, foges do fingimento de fingires que és outro. Aqui, no perfume da maresia, podes ser tu que ninguém tem nada com isso. Fazer mesmo mais como? Sendo só mesmo tu!Tas cansado? Senta aí um pouco, verte mais uma para te olear as ideias. Respira o ar que vem desde lá do início dele
Sanzalando
2 de dezembro de 2019
delírio de outono
E com este tempo, sentado a ver a chuva miúda caindo no zulmarinho, me dou a sonhar que a vida é como um teatro e que as personagens reais são fruto da minha imaginação assim como o papel que representam não é mais que a forma física do trauma psicológico dos meus anos de crescimento.
Faz conta é uma estória com personagens principais e secundárias, com drama, tragédia e comédia, por vezes trágica e outras cómica.
É absurdo. É um delírio. Este desenrolar de cenas, o cenário, as luzes, a música, tudo uma obra prima que com pena não escapamos ao final
Sanzalando
30 de novembro de 2019
29 de novembro de 2019
até aqui há um caminho
E por uns instantes pensei estava longe donde estou. A pura magia da imaginação. A vontade de viajar, mesmo que seja por dentro de mim, nas ondas da memória ou nas neblinas dos sonhos. Por uns instantes vi-me criança, na rua onde cresci e fui amadurecendo a minha maneira de ser e estar. Não me cansei deste recuo temporal nem lamentei o que possa ter perdido pelo caminho. Não estava embriagado de tristeza ou saudade, era mesmo só vontade de ver o meu gráfico mental, a minha ficha de crescimento, as minhas palavras que um dia saíram da boca e ficaram a pairar nesse corredor temporal.
Não, não fui buscar as palavras bonitas e os feitos de ser criança. Não fui procurar infelicidades ou tristezas, sonhos inacabados ou lágrimas choradas. Fui mesmo só visitar-me, conhecer-me e porque não dizer: reencontrar-me.
É bom saber que estou aqui e tive um caminho percorrido.
Sanzalando
27 de novembro de 2019
Já passou tanto tempo
Chove lentamente como parece o tempo que passa. Já não tenho idade para ter pressa assim como não tenha paciência para quem corre sem saber para onde vai. Já passou tanto tempo desde o tempo que fui um apressado. Já passou tanto tempo quanto o que aconteceu de bom como de mau. Já passou tanto tempo desde que eu desci do meu maternal pedestal, da minha protecção inviolável, do carinho fraterno duma mãe protectora. Já passou tanto tempo que eu esqueci de dar aquele abraço, de dar aquela explicação, de me desculpar sem ter medo, de dizer um olá, bom dia ou boa tarde. Já passou tanto tempo que a arrogância da puberdade ficou sem terra sob os pés.
Chove lentamente como parece o tempo que passa e os projectos futuros são risonhos, brilhantes, coloridos e alegres porque me fazem feliz.
Já passou tanto tempo que não perco tempo a procurar ser infeliz.
Sanzalando
26 de novembro de 2019
divagando
Outonou definitivamente.. O zulmarinho nesta altura do ano se torna longe dos meus olhos. Quando lhe posso ver é noite e só consigo perceber uma ou outra luz que não sei o que é. Assim não gosto e não vou lá mimá-lo. Tem coisas que não faço por rotina e ponto final do meu parágrafo. è outono e como tal tem coisas boas e outras não tanto. Mas não é por isso que desato a chorar fazendo grande rio de lágrimas. Eu, todos os outonos prevejo a minha tristeza, as minhas frases curtas e os meus sorriso rápidos. Mas é neste tempo assim que eu começo a imaginar os novos projectos, o sabor de nada fazer para além do escurecer porque o meu corpo criado ao sol mirra como se fosse um conto de fadas, só que não é às badaladas, é só mesmo com o estrondo do cair da noite. Eu vou alcançar alguns dos meus sonhos que ainda não alcancei. Novas ideias, novas páginas e páginas tantas está a tentar ler os solilóquios dum loucamente apaixonado pela vida que vive.
Sanzalando
25 de novembro de 2019
ningúem
Ai deuses e outros santos homens que não posso ir ver o mar que a chuva não deixa e o vento me contraria. Até parece eu gosto de ser pisado, molhado e empurrado pelas forças da natureza. Alguém que gosta?. Desconheço de alguém que gosta de relembrar os choros chorados, as tristezas vividas e as noites mal dormidas de insónia, quanto mais vir ver o zulmarinho com um tempo destes. Ninguém gosta de admitir que o tempo assim é bom ou mau, tempo triste de mágoa, cinzento pesado. Ninguém gosta de ver o mar com os olhos fechados pela chuva e vento. Ninguém gosta de mostrar tristeza sendo sincero com os sentimentos. Ninguém gosta de falar verdades sabendo que elas lhe podem boomerangar num retorno traumático.
Vai daí não vejo o zulmarinho e caminho de cabeça erguida e olhos protegidos de ver ao longe acreditando na inocência que ele está no lugar de sempre e como sempre.
Sanzalando
24 de novembro de 2019
23 de novembro de 2019
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