Olhando para lá da linha recta que é curva, tentando ver-me no lugar da minha placenta, ouvindo o marulhar das sereias que antes eram kiandas e sentindo a maresia que antes era perfume banal, me imagino a mudar a minha imagem, aquela que eu transmito a toda a gente e que às vezes é o oposto de mim, do eu real. Não é fácil sorrir todos os dias, não é fácil conversar sempre que solicitado. Tem momentos que sabe bem gritar, pontapear o vazio, insultar o torto e o direito, ser algo que não sou. Não é fácil ser Eu. Tem momentos que finjo, que distorço, contorço para poder continuar a mostrar a imagem que transmiti de mim. Às vezes sou ignorante, criança, irreverente, adulto, sorridente, tacanho, cansado, feliz, triste, sou tudo isto porque sou humano e às vezes desgastado.
Mas eu sou o que sinto ser e não o que pensam que eu sou, mesmo estando longe das minhas areias, mesmo estando longe dos meus choros birrentos de criança feliz que foi crescendo sem corroer.
Afinal de contas eu sou assim e vou fazer mais como?
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