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31 de julho de 2021
nós
Na verdade eu conselho todo o undo a caminhar. Caminhar por caminhos e por pensamentos. Em conjunto fazem-se ambos caminhos com tranquilidade e facilidade. Areja-nos a tola e como tal refresca-nos as ideias.
Mas isto de dar conselhos tem muito que se lhe diga. Muitas vezes damos quando desejaríamos tê-lo feito a nós mesmo num qualquer passado nosso. Esquecemos de pensar em nós, nos problemas externos que nos afectam e prejudicam em perda de energia. Temos de ter capacidade de acreditar nos nossos sonhos e na nossa incredibilidade.
Temos de ver onde e porque nos perdemos. Estamos cada vez mais externos e escondemos cada vez mais o nosso interior, a nossa realidade.
30 de julho de 2021
a vida
E cá vou eu caminhando. Uns dias mais rápidos que outros. Um dia pararei para contemplar o caminho percorrido. Quando? Sei lá. Um dia, proposta indefinida para resposta inequívoca. Um dia, vagamente. E até lá, lá vou eu no meu passo compassado ao momento.
Neste caminhar, tantas vezes vago, tantas vezes carregado de intenção, só desejo nunca magoar pessoas erradas, nunca enganar-me nos juízos de valor ou paixão. Nestes caminhos vou desnudado de pré-concepção, de ideias fixas ou fruto de delírio. Vou, pensando, caminhando e fundamentalmente vivendo. Neste caminho solitário de exploração mental traduzo a experiencia em imaginação e desenho estrelas num céu de sonhos, alegrias num mar de esperança e abraços numa planície de amizades.
Afinal a vida é mesmo mais o quê?
29 de julho de 2021
personalidade
Vou andando por aí, de sombra em sombra faz de conta estou a jogar à macaca, brincadeira de quando era criança. Não fujo do sol, fujo de ferver ao sol e queimar-me os pensamentos. Porque olhamos para os outros e não apenas para dentro de nós? Este pensamento no verão queima qualquer um. Assim à sombra eu vou-me arrefecendo a tola e as ideias saem mais fiáveis.
Na verdade a gente tenta sempre se comparar com os outros, esquecendo que a personalidade não é aquilo que mostram. Uns mostram-se alegres quando no intimo estão a ferver de raiva, de angustia, de dor, de qualquer coisa. Outros, secos, riem-se faz de conta a gente nem lhes nota. Só mesmo no brilho subterfugido dos olhos. Neste olhar para os outros ainda vou pensar eu fracassei, fui derrotado, entristeci. Me engano porque cada pessoa tem o seu ritmo, o seu estar, a sua redundância, o seu acorde, o seu timbre, a sua impressão mesmo que seja digital. Cada um deve ter os seus sonhos e segui-los. Comparar tem limite.
cada um que o seja. Um
Sanzalando
28 de julho de 2021
pensamento
Se eu parasse de pensar eu viveria? Seja lá qual fosse a resposta a verdade é que não seria a mesma coisa. É importante eu pensar. Pelo menos para mim. É lindo o meu pensar. Eu mergulho em mim, conto-me estórias, mesmo não acontecidas mas porém verdadeiras porque pensadas, mesmo que com moral ou ocas de conteúdo compreensível. Nem tudo tem que ter final ou ser compreendido. Não tem essa definição mental. É estória, é pensamento, é poema. Não pensar faz doer. Pensar que deixaria de pensar faz sofrer. Pensar é respirar, é ler, é cultura.
Tenho esperança que não me falhe o pensamento por agora.
27 de julho de 2021
vezes feliz
Às vezes tem sentires que não se sentem mas se olham com dor. Às vezes tem dores que não se sentem mas fazem chorar. Às vezes tem alegrias que se sentem e tiram dor de cima. Tem vezes apenas vezes.
É assim que com um simples ligar de telefone se mede uma amizade que nasce dum infortúnio e cresce num fruto de acabar bem doce de bom.
Tem vezes que tem gente que a gente nem bem conhece mas mora na nossa mente e a gente fica feliz quando termina um ciclo infernal numa festa de arraial de felicidade. Tem gente que passou a poder viver a sua vida e isso me deixa assim mais feliz.
26 de julho de 2021
esvaziando-me
Acho vou aproveitar o tempo para descansar a cabeça na areia da praia. Vou fazer mais como deixar de me culpar dos erros dos outros e acariciar os meus olhos com as ondas suaves e espumosas deste mar que num vai e vem se espraia por aqui. É claro que eu vou pensar no mundo de vez em quando, mas ele vai deixar de ser o meu objectivo. Lhe vou dedicar os meus silêncios e retirar-lhe as minhas inquietudes.
Aninhado na areia vou procurar os meus momentos mais felizes, a luz dos meus estímulos e lhes juntar o futuro como se estivesse a fazer um bolo para comer num amanhã de mais sol, de mais luz, de mais felicidade e sem nuvens de adeus, lágrimas de despedidas eternas e sonhos falecidos.
Quero continuar a ter a minha vida, os meus gritos de alegria, as minhas glórias e não ter que carregar nos ombros o que meu não é, o que de mim não depende, as bisbilhotices idiotas de olhos espiados nas esquinas escuras da vida.
25 de julho de 2021
pessoas que não existem
Me olhando desde o lado de dentro e meditando-me na procura do eu que sei está pelos interiores, vejo que tem tipos por aí que são pessoas que não existem.
As pessoas que existem são tranquilas, boas, tristes ou alegres, vivas no agora e no à bocado pelo que não as preciso definir nem descrever. A gente sabe e sente.
As pessoas que não existem embora aparentem estar vivas, estão profundamente feridas, estão sempre a desejar que alguém as salve duma dor profunda, surda, apagada, cinzenta, não tentando salvar-se de por si apenasmente. Esses tipo podem parecer são assim doces, simpáticos, graciosos, assim na superficialidade, mas se olhares bem vais ver as cicatrizes profundas, o peso do seu corpo num qualquer momento menos positivo da tua existência. São pessoas que eu acho desaprenderam a amar-se. Agarram-se na cicatriz dum passado e não lhe largam mesmo quando lhes tentam ajudar e ainda são capazes de te provocar dor para ser maior que a deles.
24 de julho de 2021
desapegando
Um dia me perderei nas minhas caminhadas e não encontrarei o caminho de volta, chegarei ao ponto de morte e lamentarei a forma pequena como vivi o hoje de agora e não o de amanhã nem daquele que passou. O hoje de amanhã talvez amanhã saiba por isso não vou pensar agora. O hoje do ontem foi, passou irrecuperavelmente e não vale a pena lhe ir buscar na imaginação que não tem remédio. Mas enquanto esse dia não chegar eu vou caminhando por aqui, por ali ou por outros lados que nem eu ainda sei de conhecimento feito ou desfeito, por feitio o sem feitio nenhum. Só assim eu consigo chegar dento de mim, me conhecer e emendar os remendos que ainda vou ter tempo para ir fazendo.
Eu tenho de desapegar das pessoas, descolar e me importar menos, desabalar-me das coisas que parece me abalam que nem canas verdes em dia de vento. O meu querer tem de ser o mais importante e o que o meu coração disser é a verdade absoluta. Pelo menos para mim e ninguém pode levar a mal.
23 de julho de 2021
paixão de mim
Olho o mar e vou por aí. Umas vezes parado e outras caminhando porém sempre sonhando ou meditando. A ordem é arbitrária porque arbitrária é a minha mente. Jurei nunca me apaixonar porque a paixão não tem razão. É arbitrária tal como a minha mente, para além de ser subjectiva, para além de todas as paixões serem indiscutíveis, e eu lá caí nela. Perdi a razão, enlouqueci perdidamente. Deixei de ter o azul do céu como limite, deixei de sentir o sabor da liberdade e o perfume da maresia. De todos os sons a tua voz passou a ser a minha canção preferida. Na verdade eu queria só amar. Simplesmente amor. Simplesmente gostar.
Se parece que estou a fugir, esquece, estou mesmo a ser eu.
22 de julho de 2021
morte, filosoficamente
Vou assim conversando com os meus botões, numa forma de me reconhecer por dentro, de poder emendar qualquer erro que eu detecte, de corrigir uma forma física ou mental que esteja desconjunturada com a realidade do hoje, em vigor. De verdade que é tudo feito com o máximo rigor. Só assim posso me olhar de frente sem baixar os olhos ou descair os ombros.
Eu vivo a vida e floresço em cada vida que nasce. Às vezes nascem a dobrar e a felicidade é assim mais que muita mas isso é outra coisa mais pessoal que não fica nem bem nem mal aqui conversar com os meus botões.
Mas nestes meus caminhares, na areia de mil cores, na estrada, de bike ou somente de pensar, eu me pergunto porque lamentar a morte. É um ponto final da vida. A gente quando nasce trás lá nas instruções que um dia morre. Acho que a morte não deve ser lamentada. A vida até ela é que a gente deve comentar, meditar e emendar. Eu acho que só lamento quem morreu ainda em vida.
Vou continuar com os meus botões e o meu largo sorriso mental.
21 de julho de 2021
Constança e Francisca
Ainda não era o dia mas ambas estavam com vontade de ver o mundo e aliviar a mãe de as transportar. Assim às 9:21 e 9:22 de hoje foram postas cá fora. O avô caminhava cá fora feito tonto. Recebia mensagens de dentro e de fora. Subiu, viu e num misto de felicidade adulta e júbilo infantil tirou a foto sem pensar que podia ter feito uma selfie para mais tarde recordar.
Vamos fazer o tempo voltar atrás e fazer bem... não, podia estragar a foto que está tão bonita.
E depois num repente começou a doer na anca, no joelho, na alma. Doía só uma dor que não sabia nem explicar. Dor que dá para rir? Dor que provoca baba? Tão jovem e é avô? Ai uê, vida nossa que gira em torno dum momento. Ser feliz é ser assim? Eu sou assim e ponto final que vai continuar.
Sanzalando
felicidade
Sigo os meus passos já que não posso sair do meu corpo e ver-me passear. Deveria ser giro ver-me de fora, ver-me como me vêem. Na verdade os outros só vêem o que eu mostro, quer no meu melhor quer no pior, pois não há necessidade de imitarmos a vida dos outros nem rebaixar a vida dos outros para sermos felizes. Seguir o coração e o jeito de ser é suficiente, a autenticidade basta. Sou feliz ao meu jeito
20 de julho de 2021
acordar
O dia amanhece quente. Abro a janela e o quente entra no meu quarto sem cerimónia. É empurrado pelo vento forte. Assusto-me, não sei se pelo calor se pelo vento. Foi só mesmo porque não queria acordar hoje. Apetecia ficar na cama num entre sono e acordado sem consciência. Assim só numa de gastar o tempo, sem responsabilidade sem preocupação. Eu sei que ia passar muita coisa por dentro da minha cabeça. Ia recordar muitos filmes desde o tempo que me comecei a ter memória até aos dias de hoje que ainda tenho. Alguns momentos iam ser tristes, outros pelo contrário, iam mostrar quanto fui feliz e não dei valor.
Esses acordar assim são muito importantes para o equilíbrio mental duma pessoa. Acho quando estes dias acontecem a gente deve dar-lhes importância e obedecer.
19 de julho de 2021
Ansiedade
Pé ante pé vou por ai feito caminhos de silêncio. Não há um porto de partida nem um ponto de chegada. Apenas vou por aí em busca de nada, ao encontro de tudo. Hoje por acaso tropecei na ansiedade. Esse fenómeno que nos lixa, que nos desampara e desarma. Por vezes o problema é do tamanho duma pulga e essa ansiedade faz-nos ver um monstro de sete cabeças, cria dúvidas do próprio, incapacita e apaga a capacidade de sonhar. Ela, a ansiedade, é capaz de fazer-nos tropeçar nos nossos próprios pensamentos e faz-nos crer numa dor inexistente.
Uma coisa é certa, nada é para sempre. A ansiedade também não.
18 de julho de 2021
filosofando
Perdidamente pensando vou por aí com o desejo que o medo e o pavor não cruzem o meu caminho. Eles são um obstáculo para alcançar o futuro. Não posso, não tenho como, a ver vamos, são palavras reais, usáveis mas carregadas de ancoras, de passados medos. Eu posso, vou, tenho como, é o pensamento certo. Hoje perdi-me em pensamentos e encontrei-me em futuros.
17 de julho de 2021
tentei
Já tentei tudo. Quase tudo e quase nada deu certo. Já me desliguei da realidade e me chamaram de louco. Regressei e de louco me chamaram. Tentei passar ao lado da realidade e quase enlouqueci. Senti. Regressei e protestei. Me chamaram contestatário infeliz. Calado sufoco e se falo soterro.
Já tentei todas as formas e em todas deu errado ou pouco certo.
Tempo voa e eu ainda com tanto para fazer, com tanto para tentar.
16 de julho de 2021
amor
Ao longo das minhas caminhadas dou tantas vezes por mim a vagabundar por temas que por norma não dou a devida importância. Umas vezes porque não tenho particular interesse, outras porque acho banais e demasiado batidos ou complexos e difíceis de por em palavras.
Sou uma pessoa que gosta de amor, mas que não me dou muitas oportunidades para falar dele num aspecto geral por ser muito querido para mim e porque acho que não tenho as palavras certas para lhe dedicar. Assim resolvi começar a prestar atenção no que os grandes autores e poetas diziam sobre o amor na expectativa de viver e saciar essa vontade. Mas eu não estou satisfeito. Eu não sou um homem que se satisfaz nas belas e poéticas definições. Fui lendo cada vez mais até que entendi que o amor que eu gostaria de passar para quem estivesse do meu lado é bem maior que o amor carnal, ultrapassa a vontade de dar, é acima da capacidade de entrega. E foi assim que me questionei se podia algum dia escrever sobre ele e decidi que me era impossível.
Sanzalando
15 de julho de 2021
eternidade
Nestas caminhadas ao sol, de verão a inverno, do cacimbo à chuva, cheguei a terrível conclusão de que as pessoas não foram feitas para durar. Melhor, a nossa eternidade dura apenas uma vida.
Calma, não estou a ser radical, apenas interpreto a triste realidade da vida. Os melhores amigos acabam por se tornar amigos, depois meros conhecidos e chegam até a um ponto de não se reconhecerem. Lembro-me daquele amor que julguei ser eterno e que fazia planos de viver junto e ser felizes pra sempre. Esse um dia também acaba! Os primeiros meses são de amor total, entrega, cumplicidade, juras eternas que passam de promessas feitas a votos são renovados, sonhos alimentados a custo. Aos poucos a chama vai se apagando, o amor vai-se e a realidade assombra-nos mostrando que não fomos feitos para durar.
Nem sempre é assim e nem sempre a eternidade é tão curta e radical.
Hoje amo e amanhã logo se verá, não perco a esperança.
Sanzalando
14 de julho de 2021
ao vento e ao sol
Faz sol e vento. Faz tempo que me deleito na vagabundagem de ideias soltas na certeza de um dia encantar-me de fantasias e sonhos imprevisíveis de viver.
Se ao menos o vento me trouxesse a infância e a adolescência mental, que a física vivi-as com gosto e muito prazer.
Se ao menos o vento me desse uma razão para chorar lágrimas de saudade das coisas boas que fui deixando pela vida.
Se ao menos o sol me fizesse esquecer os lamentos que indevidamente lamentei por tristeza ou apenas para fazer ter dó.
Se ao menos o sol fizesse tábua rasa de todas as mágoas que sofri e que afinal não passaram de pequenas coisas ásperas de vida.
Faz vento e sol e eu vivo-me intensamente
Sanzalando
13 de julho de 2021
pensando
O mar agigantou-se por sobre as pedras parece as quer levar. Minha mãe ia dizer que a calema chegou. Minha avó, mais serena e sabida ia dizer só é tempo leste. Eu aqui sentado e meditativo não dou razão nem a uma nem a outra porque nessas coisas de tempo não perco tempo.
Estou aqui, ouvindo o marulhar, sentido o perfume da maresia e a ver que as pessoas de agora já não gostam das coisas simples da via como que a olhar o céu e ver as formas múltiplas das nuvens, ler um livro ou interpretar até à última letra uma frase carregada de sentido, ou simplesmente à noite admirar a lua.
Cada minuto há que olhar o telemóvel e ver se ele fez alguma coisa de sua livre e espontânea vontade. Ele é mais livre.
Aqui não há rede, nem dessa nem de pesca porque o pensamento não é um bom isco nos tempos actuais.
12 de julho de 2021
a vida
O que é que é a vida?
Alegria, divertimento, sofrimento, lágrimas, dores. Uma amálgama de adjectivos a classificam, a definiem porém a vida é mesmo isso que o nome diz: vida imprevisível
Contudo a vida é um espaço de tempo curto para nos preocuparmos com coisas pequenos e sem importância e facilmente influenciável por pessoas derrotistas, negativas, apóstolos da desgraça. A vida é para loucos saudáveis, uma dádiva dos deuses para a felicidade, amor e optimismo.
A vida é curta e pouco tempo nos resta para atingir a perfeição, o sucesso e importância, por isso a vida é para ser vivida com essa finalidade e sem essa obsessão. A vida é para ter importância para cada um, para a felicidade de cada um e obsessivamente vivida por cada um. Não para os acharem essas classificação.
Não há que arranjar desculpas para não ter felicidade.
A vida é curtinha e por isso ser optimista e ter as melhores escolhas cabe a cada um.
11 de julho de 2021
magoadamente
Caminho pelos campos livres do pensamento. Divago-me por mim na certeza de um dia poder-me dizer fui assim e assado, conhecedor sério e não apenas calculista de mim. Tendo passado vários cacimbos que troquei depois por outonos e invernos noutras latitudes é natural que eu tenha machucado alguém. Estamos condenados a nos machucar, de propósito e sem ele. É inevitável, é fatal e imprevisível quando não voluntário e calculado. Acontece, una hora ou noutra e tá lá; aconteceu. Uma palavra, um tom, um olhar e inevitavelmente acontece.
Posso dizer que nunca quis deixar ninguém triste ou magoado, não me canso de pedir desculpas. Eu tenho dor na alma também.
Desculpai-me.
10 de julho de 2021
tempo
Esse tal de tempo para além de precioso e escasso é um ingrato. O tempo não espera. O tempo não tem tempo para esperar, passa-se. E depois ainda ouço dizer para dar tempo às pessoas, dar espaço às pessoas. Não imploro a ninguém para ficar mais que o tempo que quiserem, deixo-os vaguear por mim o tempo que lhes interessa. O que eu mereço sempre será meu, haja o que houver. As coisas bonitas duram o tempo que leva para se tornem memórias. Então eles terminam. Mas aí, na minha cabeça, eles são para sempre. O tempo é interminável enquanto dura.
9 de julho de 2021
limando arestas
Há dias falei em épocas, etapas da vida. Me lembrei agora que hábito não é necessidade. Nós, eu, temos o hábito de pensar que somos a certeza, que temos a certeza, que corremos com todas as poeiras que nos envelhecem o caminho. É preciso saber quando uma etapa/época acaba, dizia eu. É verdade, a vida é uma constante mudança, evolutiva mesmo que haja vezes que tenhamos que recuar para poder avançar. Não há que ter medo desses recuos, dessas perdas, há sim que ter orgulho de reconhecê-las.
Hoje me apeteceu limpar poeira e limar arestas.
Tem dias assim.
8 de julho de 2021
o mundo
Hoje vejo o mundo como uma bola giratória, rítmica porém não equilibrada. Para ser feliz no meu cantinho deste mundo tenho de actuar em cada momento, tenho de estar presente com optimismo, trazendo o meu pensamento e discuti-lo, trazer a minha música e ouvi-la. Neste mundo tenho de comer a minha comida, procurar a minha natureza e saborear o ar que ainda tenho. Preciso ter cultura e a atualizar para utilizar. Parece assim muita coisa mas no sentido certo é útil para aqueles dias que parecem inúteis. Este mundo é transparente e simples, mesmo não estando equilibrado, porque esta parte cabe-me a mim fazê-lo. Equilibrar o meu mundo na direcção certa com projectos importantes, mesmo que o sejam apenas para mim.
7 de julho de 2021
a vida
Cada dia que passa mais me convenço que a nossa perda é na vida que não vivemos, no egoísmo que debitamos e na felicidade que não gozamos. A vida deve ser arejada, iluminada e arrumada tanto quanto possível. Na vida tem de haver lugar a passagem de pessoas e bens, não pode haver estanquicidade esterilizada de conteúdos fixos e definidos. A vida tem que ter vida, agitação, circulação de ar, cultura fora das prateleiras. A vida, tal como a roupa usada, tem também nódoas, cicatrizes ou remendos.
A vida é festa e irrepetível.
6 de julho de 2021
o dia
Por mim o dia é uma forma de marcar o tempo que ainda me resta para fazer o que quero. Hoje, presente, passo importante para ter futuro. Custa-me ver o dia ser passado e com ele um pouco do tempo da minha vida. O dia é o meu lado fraco, é um bocado do meu gasto, é um pouco da minha energia que finda. O dia não deveria ser contado à noite, reposição de energia.
5 de julho de 2021
pausadamente crescendo
Bebo um café, leio um livro ao mesmo tempo que vou pausando o pensamento. Cansaço diria eu do alto da minha inércia. Na verdade ser forte não é o mesmo que ser indestrutível e duro que nem pedra. A minha fortaleza resulta do meu conhecimento das minhas fraquezas. O meu porte rijo aparente resulta de saber que tem dias que a vida me deixará triste, despedaçado, desconsertado, e que aos pouco me reconstruirei, não como eu, mas sim mais forte, porque ser forte é saber abraçar esses pedaços de mim e os remendar na perfeição de ser humano
4 de julho de 2021
versejando-me
Passei o dia a reler apontamentos.
Estórias soltas, palavras vadias,
ideias e pensamentos,
algumas más outras sadias
e nada novo li
nada novo encontrei,
sei que o que vivi
e nada me diz como viverei.
Estou certo chegará o dia
que do alto da minha sabedoria
gritarei
foi difícil mas cheguei.
3 de julho de 2021
eu e as etapas da vida
Ando por aqui a usar da palavra, atrás do sol, à frente da chuva e escondido do vento. Tantas vezes nem me lembro se sei como está o tempo nem que tempo tenho para aqui estar. Usar a palavra solta ou em frases, parágrafos ou textos é como se fosse uma catarse (Método psicanalítico que consiste em trazer à consciência recordações recalcadas) dos meus eus. E por aqui vou indo, ficando, deixando o tempo correr como se fosse um rio de palavras num leito de ideias. E por aqui vou permanecer um dado tempo tornado incógnita pela incerteza do que é a vida. Mas como tenho uma vaga ideia que a vida é uma conjugação de etapas, sequenciais, consequenciais, completas ou não, tenho necessidade de saber quando uma chega ao fim.
Na verdade a permanência para além do tempo necessário numa, leva-nos à perca de alegria, à culpabilidade de perdermos o sentido das etapas que necessitamos viver ainda. É preciso encerrar ciclos, fechar portas, pausar conflitos e ter força para deixar no passado o que ao passado pertence. Soltar-me. Desprender-me. Tudo isto sabendo que não é um jogo de cartas e que, tal como neste, as cartas não estão marcadas e em consequência umas vezes saímos por cima e outras não. Não é forçoso começar um capítulo só quando o outro acabou. O anterior pode ficar suspenso, adiado o seu término porque não conseguimos arranjar um final que nos faça feliz, que nos dê alegria. Não o podemos deixar em aberto por orgulho soberba ou incapacidade. Voltaremos quando estivermos prontos para o acabar. Mas esse capítulo não pode estar a pairar sobre a nossa cabeça como se fosse uma nuvem constante, um alfinete a nos despertar a consciência. Está interrompido nesse tal passado e será retomado naquele momento, naquele instante para o terminarmos. Terminado, concluído, acabado, ponto final e novo caminho sem poeiras nem entraves.
Hoje termino a etapa do eu. Amanhã pensarei no que se seguirá.
2 de julho de 2021
eu e a memória
Eu, aproveitando o sol, vou dar uma volta pela minha memória. Encontro nela gente que virou lembrança, que fez parte do meu passado, que contribuiu para o eu de hoje, e nessa gente eu consigo pespegar uma imagem igual que nem uma foto. Olhando bem, é uma foto de memória tal e qual essa gente era, novinha em folha mesmo que tenha a idade que eu tenho agora. Olha essa bem novinha que até o cabelo ia no vento e agora descapotou-se por completo segundo vejo com os olhos do presente.
Mas tem espaços, poucos e pequenos, de memória que estão vazios. Alguém que devia estar ali mas esfumou-se porque não faz parte dela, da memória. Deve ter sido alguém desimportante para o meu passado.
Eu tenho memória e eu revejo-a por gosto.
1 de julho de 2021
eu e o pensamento
Vou dar um passeio por mim. É, vou-me visitar dentro dos meus pensamentos, e ver como é que eles estão.
Parabéns para mim. Não me sinto inchado, nem belo e nem feio, nem novo e nem velho, nem gordo e nem magro. Não sinto tristeza nem vejo filmes de terror. Tenho os pensamentos bem calçados, alguns ensacados e outros atravessados e quase pouco completos. Estou em fase de construção, diria eu num sorriso de optimista, diria outro que em destruição se fosse pessimista.
Na verdade ainda considero o amor uma coisa bela. Com amor tudo se faz e se consegue, mais cedo ou mais tarde. Eu quero ser este eu e não outro. Estou bem, não desisto nem jogo para canto uma outra ideia de mim.
Acho eu, opinião não partilhada porque única e minha, não esquecendo a idade e o juízo, estou para dar e durar.
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