recomeça o futuro sem esquecer o passado

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31 de outubro de 2021

tem gente

Vou por aí abrigado da chuva como quem caminha dobrado sobre a terra. Se alguém me visse de longe ia dizer que eu estava a contrariar o chamado da terra. Mas é mesmo só por protecção dessa chuva que desagua na terra vinda lá do céu, parece é rio.
Mas continuo a meditar sem ter noção que já estou ensopado parece sou esfregão ou esponja. Olho à volta e vejo, na minha imaginação, as pessoas que já não perguntam o porquê, que não conseguem sorrir nem falar sem gritar, apenas se contentando com o efémero, mas na realidade nunca deixaram de pensar que são eternas. 
Vão ser mais eternas como? Desconseguem ser felizes uns segundos, quanto mais viver assim até no fim dos finais?
Dobrado sobre a chuva, protegidos os olhos, vejo claramente que tem gente que se sente mal, até consigo mesmo.

Sanzalando

#bebidas


#imbondeiro


28 de outubro de 2021

aniversário

Do quente ao frio, do seco à chuva, do verde árvore ao dourado areia, contrastes para mudar num tempo: a vida ganha hoje em experiência o que já não se ganha em anos. 
Para minha alegria ficam no passado todos os azares que já tive, todas as lágrimas que já verti, todas as palavras que calei e as que atirei como pedras, todas as ofensas que sofri e as que feri, todas as coisas que vivi. 
Ainda cá estou a comemorar os 34 anos de experiência, na vossa companhia, a juntar aos 31 anos que um dia deixei de fazer mais.
Celebro com uma cerveja bem geladinha, umas gingubas acabados de torrar, numa mistela com muito gindungo e sal, com a grata satisfação de vos ter como amigos, espalhados pelos quatro cantos do mundo, se não fosse ele redondo.
Um a um eu queria dar um abraço, mas nessa impossibilidade, como as gingubas, bebo as cervejas e caminho em direcção a outras palavras que um dia poderei acrescentar aos números que vou juntando.
Até já!


Sanzalando

#festas @panfiliolesea


27 de outubro de 2021

#maracujás


as minhas estórias

Adoro-me ver assim, caminhar por memórias e olhar o futuro. Gosto de imaginar as estórias que vivi com os olhos de hoje. Gosto de me ver assim. Riu-me com prazer da vida que vivi e da que tenho para viver. Ouço a máquina de lavar louça e imagino o meu passado lá dentro ensaboado, remexido, aquecido e enxaguado, limpo porém não esquecido. Sento-me no sofá e deixo-me levar por tantos anos atrás que já nem sei a que ano consegui ir. 
Não me doíam os músculos das pernas, nem a região lombar. Eu saltava, pulava e dançava num brincar de rua. Não havia tempo a perder nem percas de tempo a pensar. Era a vida. Facilmente me deixo embarcar no sonho, patino rua abaixo, desliso no carro de rolamentos, bato às portas e fujo. Facilmente me transporto para o hoje e me vejo quase igual, porém mais selectivo, esquecidos os patins, sapatos kedes de boa qualidade e uma caminhada de alguns quilómetros, desconsctruidos o carro de rolamentos e construída uma bicicleta que me leva por quilómetros de puro prazer, trocadas as partidas nas portas vizinhas por animadas conversas de rua  numa sã camaradagem com a vizinhança.
Regresso rapidamente até ao ano XPTO em que consegui a proeza de ir a pé até à foz do Rio Bero, sempre pela beira mar, e ver que aquele rio que às vezes inundava não parecia passar dum ribeiro que mal chegava ao mar. Foi uma ousadia e tanto um garoto franzino, aparentemente desnutrido porque esquelético, caminhar aqueles seis quilómetros, não os medi a não ser de memória, pela praia, passar o parque de campismo, o estaleiro e continuar por caminhos nunca antes andado, solidão plena, um aperto no coração e uma vontade cerebral imensa de lá chegar. 
Mantendo-me nessa altura, já tinha cometido várias proezas após a ida ao Bero. Fui aos Morros Azuis e fui na Praia das Barreiras. Só com as pernas que tinha e os músculos que esboçava.
Salto para os dia de hoje em que facilmente vou por caminhos que nunca imaginei-me andar e limpo a cabeça de tralha acumulada, numa caminhada de sorrisos e uma resitência animica e física que nunca pensei um dia poderia ter. Eu era mais fraco que os mais velhos da minha rua, da minha escola, da minha existência.
Volto atrás na minha máquina de tempo, às secretárias do liceu, às respostas acertadas aos professores, às secas dadas ao Sr. Portela, chefe máximo do pessoal menor. Tudo passa no filme do meu tempo.
Hoje converso, sento-me e recordo e penso que amanhã contarei estórias de outro tempo sem ter a preocupação se inventei, imaginei ou as vivi. São as minhas estórias.
 

Sanzalando

#zulmarinho


26 de outubro de 2021

eu, o pensamento e o olhar

Já fiz muitos quilómetros no meu passo lento de quem vai a conversar com o meu cérebro. Já me perdi em pensamentos tristes ou pecaminosos e me reencontrei nuns instantes de alegria. Acho já pensei o que deveria ter pensado, acho já vivi tudo o que tinha imaginado, sabendo que muito há ainda para fazer, quer através do pensamento quer através da acção. 
Caminho por aí sabendo que um olhar pode dizer muita coisa, como pode não transmitir nada se quem re-olhar não tiver vontade de ver. 
Há quem esteja triste e mostre um olhar alegre e vivo. Há quem já tenha visto tanto que se cansou e o seu olhar continua parece é curiosidade. Há quem te sorria com o olhar quando com as mãos te quer estrangular.
Mas tantas vezes, neste caminhar, eu não sei ler o olhar de quem me olha porque vou absorto nos meus pensamentos e esqueci a realidade.



Sanzalando

#flores


#momentos


25 de outubro de 2021

despedi-me, faz anos

Faz um solinho de outono deste lado do globo. Eu gosto mesmo que ele tenha um toque de despedida.  Faz anos eu me despedi na mais importante despedida de mim. Chorei, ri, sinceramente já não sei. Fui atrás do coração esquecendo a razão. Dispensei-me de qualquer realidade e parti rumo a um futuro incerto que por acaso acho deu certo. Hoje como seria. Tudo é diferente e todas as circunstancias envolvidas são diferentes pelo que a diecisão não pode ser olhada para lá da memória.
Eu sei que o meu riso era-me melodia. Hoje melodia ele me é.
O meu olhar era intenso. Intenso é o meu olhar hoje também.
Eu tinha estórias e tinha tempo para saborear as estórias. Hoje eu tenho estórias mas acho não tenho apetite para saboreá-las.
Eu amo hoje como amava outrora.
Eu sei o que fica para lá da minha esquina e já não sei como era a minha esquina de antes da despedida.
O amor, aquele sentimento que não se mede nem se controla, ama as duas partes de mim, o de antes da despedida e o de agora.
Só não consigo ver um final feliz se não tiver a minha memória do antes da despedida.


Sanzalando

#flores


#momentos


#lugaresincriveis


#lugaresincriveis


24 de outubro de 2021

eu e o imbondeiro

Vagarosamente sigo o meu caminho. Vagarosamente não quer dizer preguiçosamente. O dia tem 24 horas e cada hora tem 60 minutos e não posso fazer mais, embora eu acho que tenho mais para fazer. Já não posso esquecer que tenho mais passado que futuro. Mas eu tenho passado e passado bem gasto, usado com vontade e prazer. Eu me norteio pelo equilíbrio mental e este vou buscar à minha memória passada para poder construir o futuro que ainda tenho.
No presente me lembro que papa-formigas come formigas quando está vivo, mas quando ele se traspassa para a condição de falecido ele vira comida de formigas. É como a vida, a qualquer minuto desta lentidão tudo pode mudar. Eu posso ser poderoso hoje, não o fui ontem e não sei como é que vai ser amanhã. 
 Será que serei forte como um imbondeiro? Estático como um imbondeiro? Feio que nem imbondeiro? Na verdade e vendo as coisas de outra forma: um imbondeiro daria para fazer 2 milhões de fósforos se fosse essa a indicação dele, mas apenas um dele daria para queimar uma floresta. Mais coisa menos coisa.


Sanzalando

#comida @francesinhaemcasa


#zulmarinho


23 de outubro de 2021

#comida @vidigalcristina meio a meio


vou

Lã vou eu em passo lento com medo de gastar o tempo, ou depressa e bem não há quem. Vou só mesmo assim a viver e pensar, lentamente. É esta visão pragmática da minha existência que me deixa assim como que pasmado e emocionado. Eu sou fruto destes caminhos e pensamentos. Eles são a força motriz da minha existência. Parece sou revolução a falar, mas é a verdade. Cabe a cada um de nós nutrir, alimentar e substanciar a nossa existência. É uma escolha diária, momentânea e constante, por paradoxo que possa parecer. Nós somos os fabricantes e usadores, escultores e admiradores, poetas e versos, tudo no mesmo momento. 

Me emocionei pela profundidade que atingi e quase sufoquei por estar destreinado.

Nada na vida cai do céu. Não é milagre ou destino. Não é forma ou desin. É escolha. Nós somos o que escolhemos. Não dá para ficar sentado á espera. As coisas não mudam como mudam os minutos. Alguém deu corda e forma aos ponteiros. No meu ponteiro mando eu, nos meu minutos vou eu agarrado. Eu faço por moldar o meu tempo, nem que seja em passo lento e pensativo.

Acho vou procurar palavras gémeas para escrever uma canção de embalar e me embalo num caminho longo de memórias e imaginações, de realidades e ficções, de alegrias e distrações, de gargalhadas e outras sonorizações.


Sanzalando

#zulmarinho


#momentos #lugaresincriveis


22 de outubro de 2021

futuro

Como vou fazer mais da minha vida se não tem palavra aprendida hoje para eu me distrair a lhe desmontar? Eu sei só a minha consciência está tranquila e o meu coração está tão limpo até parece acabou de cover uma chuva do planalto que limpa até a alma. Se eu vou ficar assim afastado das pessoas até vão pensar eu antissocializei por completo e no todo, quando o que tem é mesmo só vontade de desconstruir palavras e textos da minha memória ou imaginação inventada faz de conta é verdade. Se desando-me por aqui a dizer coisas ruins duma terra que eu tenho só na imaginação ou na memória que já nem eu sei, vão pensar eu desfiz-me de todo e de vez. A minha memória ou é memória ou imaginação, não é mentira porque mesmo que não seja realidade eu pensei, logo está realizado, materializado nem que seja só para mim. Mas ela tem lixo com certeza. A gente sempre faz um bocado de lixo, basta só pensar errado ou malcriado uma vez e lixou tudo. Mas as estórias estão todas na minha cabeça, reais ou só inventadas, porque a minha memória vai ser só usada no futuro. Não tenho memória do agora. Isso é quase futuro. Eu terei muito mais futuro?


Sanzalando

#momentos


#lugaresincriveis


21 de outubro de 2021

#milagres


da ponte velha à memória

E vamos ver o mar? Vamos ouvir o mar? Vamos sentir o perfume do mar? Ver, ouvir e cheirar o mar. Vamos só sentir o mar e todo o seu esplendor vai bater lá na moleirinha e vai dar sonhos de encantar. 
Olha só os cajos da Torre do Tombo nas piruetas a saltar da ponte mais velha que só os mais velhos se lembram para que é que serviu? Eu me lembro de ver no canto sul direito um velho guindaste. Estou a sonhar memórias irreais?
Agora são os cajos do Mucaba a pirouetar faz parecer é desafio. Bairro contra bairro. Ainda vêem os do bairro da facada mostrar como é que é. E o Baía que não é de nenhum desses lugares e salta com mais estilo que nem o estilistra da moda de agora ia conseguir dizer ele saltava com aroma de gazela, com certa pinta de de leopardo e um travo de gato domesticado. O Baía tinha estilo, mesmo quando não saltava e cantava no palco. Mas agora eu estava na ponte de me perdi no meio de saltos que saltei só de pés porque me faltou a coragem para dar um chapão que ia me levar para outro lado, pensava eu. 


Sanzalando

20 de outubro de 2021

momentos

A vida se fez para se viver e tudo o resto é conversa fiada. Aqui, ali, lá, seja onde for vivo. Para já, e antes de qualquer juízo de valor, de lá tenho memórias. E boas, acrescento. 
Se escrevo de lá é porque gosto e se não aconteceu tivesse acontecido, porque é o que me apetece. 
De cá vive-se com a intensidade que o corpo aguenta. Adianto que o corpo vai-se mais abaixo que a mente.
De madrugada é que não tenho vontade de escrever ou falar porque ela me faz vulnerável e eu não sei nadar num mar de luz fosca. 
Qualquer sítio é o meu sítio. É-o porque foi o que escolhi. 
Se não escrevo ou falo doutras coisas é porque não me apetece.
Lastimo imenso só escrever ou falar do que me dá ganas e como as dá.


Sanzalando

#comida


#lugaresincriveis


#lugaresincriveis


19 de outubro de 2021

às vezes

O tempo vai passado ao ponto do meu tempo futuro ser muito menor ao meu tempo passado. Por isso passo-o bem, não querendo ter como pedra no sapato a me atormentar no que me resta. Todos os dias dou um abraço à minha alma, um dedo de conversa ao meu ego, um afago à minha consciência sem esquecer que não passa nada para além de mim.
Às vezes parece que a vida dói, porem uma boa gargalhada faz que durante este fragmento de tempo as minhas desgraças sejam pelo menos engraçadas. 
Às vezes parece que o dia nasce do avesso mas é só aparência, somos nós que não vimos direito, rodando uns ângulos o nosso pensamento vemos que ele está um dia lindo. 
Às vezes apetece o silêncio duma leitura, outras vezes uns dedos largos de conversa. 
Às vezes queremos estar em paz e só nos metemos em turbulências por desarranjos mentais.
Às vezes paro por aqui e me recolho num canto de mim a ver-me viver o resto da minha vida.


Sanzalando

#momentos


#zulmarinho


17 de outubro de 2021

#aniversario


que as há, há

Seja Outono, Primavera, Inverno ou Verão, há sempre quem valorize as coisas da vida só após a ter perdido; há quem acumule ódio até ao momento de explodir e ficar um vazio à sua volta; há quem sonhe e viva esse sonho e só entre na realidade quando o delírio se sobrepõe ao plausível; há tanto quem minta que até a realidade estremece; há quem viva do fracasso que até nem se lembra de mudar.
O estado de espírito é lixado. Há pessoas que até nos fazem ver que a saudade é um paraíso e que há os que são virgens no pensamento e se imaginam os reis da humanidade.
Seja Outono ou Inverno há pessoas que se afogam nas suas lágrimas.

Sanzalando

#comida


16 de outubro de 2021

antigamente passado

Hoje me apeteceu sentar no degrau da escada do tribunal a olhar a Avenida da Praia do Bonfim. Assim só largar os olhos sem ver nada a ao mesmo tempo ver toda a vida que passou. Porquê nestas escadas? Só porque é cómodo e a a vista é longa e se sente o perfume do mar que está ali do outro lado da falésia. 
Será que eu escrevi o meu nome num tronco de árvore com um coração como fazem nos filmes americanos? Será que essa árvore existirá ainda? Não, nunca escrevi o meu nome num tronco e nunca desenhei coração para lá da minha sebenta de capa encarnada. Nunca deixei vestígios de amor perdidos na natureza. Mesmo nos meus tempos de adolescente em que me prometia amor eterno eu ia deixar assim uma marca para a eternidade. Ela me teria suicidado se soubesse eu tinha feito tal coisa. Amar eternamente vá lá que não vá, agora deixar isso gravado num tronco de árvore é que já é um abuso. 
Mas deixemos para lá a paixão por quem morri tantas vezes que já nem sei quantas mortes eu tive.
No Sporting fui jogar bilhar embora lá eles gostem mais de snooker. Mesa com buracos não é o meu forte pelo que não me atrevo a desafiar ninguém. Fico só mesmo no bilhar livre a dar uma tacadas. A memória me diz que eu jogava muito para a minha idade mas a pressão nos Magriços era muita pelo que eu não gostava de estar ali. Eu era mais Aero-Clube, mais calmo e menos barulho. Até aqui sentado na escadaria eu sinto um arrepio só de pensar nesse poiso de gente variada e barulhenta. Desisto deste devaneio. Vou ver os cartazes do Impala, vou saborear uma cuca no bar do cinema, com uns tremoços. Logo. logo haverá cinema e eu venho se ela quiser. Lá me foge o pensamento para a paixão. Salta-te.
As gazelas ali estão bronzeadas a olhar o mesmo que eu. O repuxo hoje funciona embora ainda sem luzes ligadas. É linda esta vista desde aqui avenida abaixo. Quem é que estará na Minhota? e no Café Avenida? e no Quiosque do Faustino? 
Acho mesmo ficar só aqui sentado a desanuviar pensamentos e palavras vadias do que aprofundar memórias que vão sempre bater na saudade do tempo em que eu já era feliz e não dava valor.


Sanzalando

14 de outubro de 2021

palavras

Através das minha palavras, escritas ou faladas, eu transmito os sentidos do meu coração. Às vezes ele pode parecer um mar em chamas outras uma planície bailando ao sabor da brisa. Às vezes podem parecer silêncios, outras gritos de revolta. As minhas palavras, sempre soltas, despegadas de mim, transitam ao vento e não sei onde chegam. 
Será que a distância apaga o som das minhas palavras?
Lá, no outro lado da linha horizontal que pode parecer uma recta mas que é uma curva, ouvir-se-á o som de cada silaba que eu disser? Não tenho duvidas. São apenas questões dialéticas que merecem um segundo de mim. 
Nas minhas palavras já fui tanta coisa e acho nunca fui nada parecido com um trapezista se mostrando nos céus reais da imaginação. Todas as minhas palavras, mesmo as silenciadas por ventos fortes ou tempestades de ira, têm sempre um significado para mim, mesmo que possa parecer um erro de programação, de direcção ou de dicção.


Sanzalando

13 de outubro de 2021

escrevo quem sou

Quem lê ou não o que escrevo por estas bandas do blog? Não é factor que me importe, que mexa comigo ou simplesmente me preocupa. Iniciei-me porque gosto de escrever e nos idos anos de 2003 apareceu esta plataforma, blogspot, e publiquei. Com irregularidades temporais mas muita frequência. Bom ou mão? Sei lá. Escrevo porque gosto e sei que um dia eu vou aprender a escrever. 
Neste momento acho que o facto de escrever é como que um refúgio de mim, a abertura de um espaço meu que de outra forma estaria escondida, mutilada porque inclusa na minha essência. O que rabisco não é nenhum tratado de salvação da espécie humana, uma tese de defesa mundial, uma ode sombria sobre a vida ou um poema de alegria. Escrevo o meu estar e sentir. Eu. Sou nostalgia de futuro com passado onde alicercei o que sou. Sou muito do que escrevo e o que escrevo pouco ou nada é a minha transparência. Análise. Psicanálise. Analítico e sintético, subjectivo e conclusivo. Nada em tudo. Estes meus textos são um pouco da casa onde moro, da rua que passeio, das pessoas que me rodeiam. As minhas letras escritas deixaram de sem minhas e tomaram assas para voarem, se tiverem espaço para o fazer.
Temo um dia não saber escrever, o que escrever, como escrever.



Sanzalando

12 de outubro de 2021

é a vida

Quantas vezes me apeteceu dar de asas e voar? Ir por aí num não sei onde, olhar para um não sei quê e saborear um não sei quantos?
Quantas vezes fiquei em silêncio apetecendo-me gritar? Quantas vezes gritei quando devia ficar calado? Quantas vezes me perguntei o que era a vida? É isto! Não existe outra resposta. Altos e baixos, pensamentos positivos e negativos, curvas e rectas, sabores agradáveis e outros indesejáveis. 
É a vida! 
Quantas vezes pensei em sofrer contigo do que alegrar-me sozinho?
Quantas vezes pensei errado e agi certo? E ao contrário? 
É a vida!
Quantas vezes me apeteceu dar um abraço antes de me soltar por aí?
Quantas vezes pensei que o tempo ajuda a apagar as dores e não a curá-las?
É a vida!
É bem mais simples simplificando-a, alegrando-a sorrindo.

Sanzalando

11 de outubro de 2021

a vida

Deixo correr o tempo já que eu não tenho vontade de o fazer. Este sol outonal faz-me assim um misto de sorna com uma desàvontade de fazer o que quer que seja. Penso para não dizer que não faço nada. Seria pecado gastar tempo assim, desvivendo-me. Já tomei, faz tempo uma decisão, que é não reclamar. Simples e eficaz.
Não vale a pena reclamar, nem com a vida. Só faz ganhar rugas antes da hora essa coisa de embirar e reclamar. Há coisas que posso fazer e outras que não. As que dependem de mim eu penso e ajo. As que dependem dos outros isso é com os outros. Estou que nem vou por aí.
Assim se vive a vida.


Sanzalando

#lugaresincriveis


9 de outubro de 2021

porque é assim

Me deixei só assim embalar no linguajar das crianças que ainda não sabem já são nascidas. Comem, dormem, choram, borram e mijam. Nos intervalos berram e a gente até tem de adivinhar o que é que é ou foi. Mas a gente que já foi assim e não se lembra, fica derretida a ouvir todos os sons, todos os ruídos incluindo, até parece é música, os peidos intestinais.
Elas sorriem e a gente pensa foi de verem a nossa cara bonita. A gente que é até feia fica derretida num sorriso sincero daqueles. O coração da gente até fica com ganas de apertar aquele fragil corpo de criança que nem sabem já nasceram.
E se elas são duas, gémeas, a gente fica a dobrar de emoção e se esquece de querer mais alguma coisa que não apenas aquele momento de escutar e ver. Berrou? Parece é música. Chorou? Parece é canção de embalar adultos e esquecer a fome. 
É divinal o momento, a gente até parece ser mais pequeno que aqueles seres tão pequeninos que a gente tem à frente.


Sanzalando

Rodovalho á Bulhão Pato


7 de outubro de 2021

amor de verão

Melancolia deve ser sinónimo de outono. É assim que eu sinto e é assim que eu falo. Neste outono, passados muitos anos, depois eu vou dizer que queria ter ficado há muitos anos atrás. Na verdade nessa altura o coração mandou mais que a cabeça. Hoje sinto que não pertenço a lugar nenhum. Nem aqui nem lá. Acho virei outra pessoa que não sou eu que era quando tinha aquela idade, nem sou o que seria hoje se tivesse feito outras coisas que não as que fiz. Não uso máscaras nem disfarces, nem me fardo ou desfardo ao sabor do tempo, eu sou assim de corpo e alma e o meu lar é o lugar onde estou. Agora estou aqui, neste canto de mim, rodeado dos que estão à minha volta, como diria se fosse uma verdade de La Palice. 
Acho sou feliz sendo quem sou, vivendo um constante amor de verão.



Sanzalando

6 de outubro de 2021

outonal textinho

Cinzentado sol que nasce cada vez mais lentamente que até parece é preguiça de outono e me ajuda a abrir as portas da minha alma com um grau de melancolia e outro de nostalgia, num complexo de letras rascunhadas com misto de certezas absolutas, palavras frias mescladas com tórridos sentimentos. Outono de estação de vida interligada a estado de espírito, mesclado de retrocessos e avanços tímidos num amadurecer de ideias que se fazem crescer até se soltarem em vida própria.
Eu vou de outono em outono até a um inverno final que espero seja tarde, noite dentro da vida


Sanzalando

5 de outubro de 2021

num feriado

Ensolou mais devagar do que é habitual. Foi tão devagar que nem deu para aquecer como se fosse um dia de verão, embora se olhasse de trás da janela eu ia dizer que sim. Um choro de criança se ouve como barulho de fundo. Deve ser fome, penso eu que já esqueci os truques de ser pai. Outra criança esboça um choro. Percebo que são dois choros diferentes. Ambos se calam ao mesmo tempo o que não deu para mentalmente diferenciar. O que haverá para lá desta janela para além dum sol morno e lento de outono, duas crianças recém nascidas com fome e um madrugar? A minha felicidade, é certamente uma das coisas para cá da janela e para lá há mundo a madrugar

3 de outubro de 2021

#comida


outono

E parece é hoje que ele chegou. Nem me avisou que ia chegar. Esse outono de descontentamento apareceu assim quando acordei duma noite de relaxar corpo e cabeça. Abri a janela e até parece logo a melancolia me entrou corpo a dentro. Foi simultânea a entrada desse outono no meu quarto.
Uma chuva miúda me bateu na cara enquanto a minha face se mascarou de tristeza surpreendida. Estava esperançado de encontrar um dia brilhante, ruas desertas pelo ser manhã cedo dum domingo. Afinal, cinzento céu em rua deserta de molha todos, afectados pelo outono, resguardados nas cama quentes dumo noite ainda de verão.
Não acho lindo essa mudança brusca do tempo e temperamento, da natureza das coisas alteradas assim num ápice que a gente nem tem tempo para se adaptar e mentalizar. 
Vou tatuar o outono na mina alma por uns tempos.


Sanzalando

1 de outubro de 2021

sigo

E o sol se mantem nas alturas aquecendo o meu olhar e eu caminho por ideias soltas e pensamentos vadios. Só assim consigo ser feliz. 
Às vezes não durmo, apetece-me chorar por coisas simples, esquecer a vida passada. perder as inseguranças porém; vendo o sol, os meus passos se enchem de energia e tudo o mais vai para o inferno, como dizia o Roberto Carlos lá na minha adolescência.
Chegado outono de verão permaneço. Sorrindo canções de embalar caminho por mim, feliz.


Sanzalando

#lugaresincriveis