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16 de outubro de 2021

antigamente passado

Hoje me apeteceu sentar no degrau da escada do tribunal a olhar a Avenida da Praia do Bonfim. Assim só largar os olhos sem ver nada a ao mesmo tempo ver toda a vida que passou. Porquê nestas escadas? Só porque é cómodo e a a vista é longa e se sente o perfume do mar que está ali do outro lado da falésia. 
Será que eu escrevi o meu nome num tronco de árvore com um coração como fazem nos filmes americanos? Será que essa árvore existirá ainda? Não, nunca escrevi o meu nome num tronco e nunca desenhei coração para lá da minha sebenta de capa encarnada. Nunca deixei vestígios de amor perdidos na natureza. Mesmo nos meus tempos de adolescente em que me prometia amor eterno eu ia deixar assim uma marca para a eternidade. Ela me teria suicidado se soubesse eu tinha feito tal coisa. Amar eternamente vá lá que não vá, agora deixar isso gravado num tronco de árvore é que já é um abuso. 
Mas deixemos para lá a paixão por quem morri tantas vezes que já nem sei quantas mortes eu tive.
No Sporting fui jogar bilhar embora lá eles gostem mais de snooker. Mesa com buracos não é o meu forte pelo que não me atrevo a desafiar ninguém. Fico só mesmo no bilhar livre a dar uma tacadas. A memória me diz que eu jogava muito para a minha idade mas a pressão nos Magriços era muita pelo que eu não gostava de estar ali. Eu era mais Aero-Clube, mais calmo e menos barulho. Até aqui sentado na escadaria eu sinto um arrepio só de pensar nesse poiso de gente variada e barulhenta. Desisto deste devaneio. Vou ver os cartazes do Impala, vou saborear uma cuca no bar do cinema, com uns tremoços. Logo. logo haverá cinema e eu venho se ela quiser. Lá me foge o pensamento para a paixão. Salta-te.
As gazelas ali estão bronzeadas a olhar o mesmo que eu. O repuxo hoje funciona embora ainda sem luzes ligadas. É linda esta vista desde aqui avenida abaixo. Quem é que estará na Minhota? e no Café Avenida? e no Quiosque do Faustino? 
Acho mesmo ficar só aqui sentado a desanuviar pensamentos e palavras vadias do que aprofundar memórias que vão sempre bater na saudade do tempo em que eu já era feliz e não dava valor.


Sanzalando

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