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31 de março de 2022
ele há cada dia
Se me digo triste é porque o estou, mesmo não sabendo o porquê. Tantas vezes adivinho o futuro que ainda acabo ardendo numa fogueira. Mas desta vez o futuro não é ainda agora e por isso não sei o porquê. Talvez seja porque não me recordo de sorrir, de fazer uma cara de paisagem, uma dança de árvore em dia de vento ou um mar agitado em dia de vento leste. Só porque sim, ignorando a falsidade, a maldade, a hipocrisia e outros tantos adjectivos que a memória nem me leva a pensar em escrevê-los.
Se me digo triste é porque o céu está nublado encobrindo o sol de me alegrar.
Ele há cada dia!
30 de março de 2022
as palavras
Todas as palavras levam uma carga, um significado, uma emoção. Eu caminho pelas minhas palavras transportando essa carga, simplificando significados e desmontando emoções.
Já disse tantas coisas, umas sem pensar, que chegam e saem naquele instante e que poderiam, ou puderam, mudar o significado da minha existência. Já pensei tantas outras, carregadas de bondade, indicativas de caminhos, e que depois as perdi nos silêncios duma qualquer esperança, no acordar dum qualquer sonho ou na ventania dum estar apenas.
São as palavras, rabiscos feitos com tinta de imaginação, que me dão a valentia de viver a vida vivendo sabendo que poderia um dia não dizer que morri com vida vivida.
29 de março de 2022
viver a vida enquanto a há
Parece que às vezes a vida dá uma travadela súbita, daqueles que a cara até parece vai bater num vidro feito fronteira da vida e tudo parece inerte por algum tempo. É assustador ver os sonhos descartarem-se, os desejos evaporarem-se e os quereres esvaírem-se por entre os dedos duma mão cerrada. O cansaço, o desgaste e o abandono físico querem ocupar o lugar aparentemente vago da vida. Tudo se torna nublado, tudo parece uma bolha de fumo e em câmara lenta se vai clareando e damos conta que nada foi repentino. A petrificação começou faz tempo.
Abano a cabeça, acordo, respiro fundo e digo-me:
- viver a vida enquanto a há!
28 de março de 2022
é do tempo
Não sei se é do vento, do tempo cinzento ou se é mesmo dos tempo de hoje por esse mundo fora, mas a verdade é que ando amargo, triste e cheio de dúvidas. Isto não é efeito colateral de mal de amores nem de afogamentos em mares de saudade. Se eu tivesse o coração partido, as lágrimas e lastimas eram descritos em forma de poesia. Se é tristeza da forma de ser, eu o seria até nos momentos de introspecção, de cabeça baixa a cair no precipício do vazio mental. Se é de dúvida eu minimizava as palavras para não cair na contradição e livrava-me do mal.
Não sei se é do vento mas eu podia ter evitado fechando-me em portas e portos seguros, faria planos e não deixaria o meu corpo cair nessa amargura, tristeza ou dúvida.
Eu estou atento e tento ver sinais de modo a que possa correr para longe deste estado.
27 de março de 2022
vento
Sopra vento como que a querer limpar tudo à sua passagem. No tudo estão os pensamentos maus e as ideias cinzentas das mentes escuras do terror. Cá por mim acho ele devia por estes dias soprar com vontade ainda mais férrea. Isto é só a minha ideia.
Isto é só uma ideia, porque num contacto de amor tudo vira poesia e os poetas não sentiriam estes ventos, as garroas, estas rabanadas que até o poste abana.
Outra ideia, mesmo com este vento limpador, eu falarei com as estrelas e lhes roubarei palavras para dizer ao universo que os sonhos e os abraços são iguais em qualquer parte do mundo.
Mas vou só deixar o vento fazer o papel dele.
26 de março de 2022
imperdíveis
Hoje a caneta não queria ser usada. Olhava para ela e nada. Nem um suave e quase imperceptível movimento. Ela hoje estava a fazer-se cara.
Olhei-a como quem olha com olhos de ternura e disse-lhe.
- tenho uma ideia e quero trabalhá-la
- tenho um sonho e quero concretizá-lo
- tenho uma meta e quero atingi-la
- não tenho tempo e não posso perdê-lo
a caneta mexeu-se, rabiscou-se para fazer sair a tinta seca da ponta, e correu para a minha mão e desenhámos letras com a caligrafia mais bonita que alguma vez tive.
Guardei as folhas de papel em porto seguro para nunca mais me esquecer que os sonhos, ideias, metas e tempos não são perdíveis.
25 de março de 2022
24 de março de 2022
triste
Hoje fugi de mim e escondi-me num canto do meu passado. Dos meus olhos saíram palavras de silêncio e da minha boca um universo de ideias paralelas, um horizonte de linhas cruzadas, um beijo quente de verão, um sonho de sons cantados.
Hoje refugiei-me no calor da minha existência, nos monossílabos ditos pela minha mãe através do olhar, numa tradução livre de maumaria.
Hoje perguntei-me o que é que eu sabia da tristeza.
Hoje estou só assim: triste!
23 de março de 2022
Tia Eugénia
Foi no dia 13 de março deste agora que estamos que eu fui comprar caranguejos para a tia Eugénia. Fui lá na Torre do Tombo e parece eu estava a adivinhar que o tempo passa na vida das pessoas até ao fim.Hoje foi o fim da estória da tia Eugénia.
Assim, como não posso lhe ligar ao telefone eu vou-lhe escrever uma carta e esperar que os anjos lhe leiam lá no sítio para onde ela está.
Começo por lhe pedir desculpa porque acho esta é a primeira carta que lhe escrevo. Mas eu lembro que a tia, desde lá do Lubango, escrevia para a minha mãe quase todos os meses. Eu sei que nesse tempo era outro tempo e até me lembro que a tia escrevia Mossamedes e não Moçâmedes como eu tinha aprendido na escola. Mas era assim que se escrevia antigamente e a tia continuou a escrever assim. A carta chegava e isso era importante.
Quero também pedir desculpa porque cresci e deixei de a ver tantas quantas a via no nosso antigamente de criança, em que eu passava larga temporada na sua casa. Foi na sua casa que vi pela primeira vez uma máquina de lavar roupa e que não era a lavadeira que ia buscar. Foi lá que eu vi o velho empregado da tia a fazer formas para pudins com as latas de azeite usadas. Era uma maravilha a verdadeira obra de arte nas mãos dele, tia.
Quero lhe pedir desculpa por não ser do Sporting como a tia nem Benfica como o seu irmão, meu pai.
Quero pedir ainda desculpa, tia, por não ter a acompanhado quando faleceu o tio Artur. Sou um sobrinho e afilhado deslavado e indesculpável.
Minha tia, foi de certo um dos melhores tempos os que passei na sua casa, que passeei na caixa aberta da Chevrolet, que fui na Senhora do Monte, que comi pudim de claras, que cortei o bacalhau na faca fixa ao balcão da mercearia da tia, em que eu fazia de ajudante do tio e que imagino a paciência que ele devia ter perdido.
Minha tia, foram nove décadas que serviram para ensinar muita gente o que é ter amor à vida, ser feliz e fazer a gente, nós os outros, a ser feliz.
Acho eu, tia, que tinha muitas mais palavras para lhe dizer nesta primeira carta que lhe escrevo e que os anjos lhe vão ler, mas as lágrimas escorrem da cara para o papel e me turvam a vista.
A tia tinha uma sensibilidade que fazia com que a gente só tinha uma maneira de olhar para si: com amor!
Conheci muita gente boa e a tia foi uma das melhores. Até já, qualquer dia, Tia Eugénia Carranca Alves
22 de março de 2022
céu cósmico
Acho vou alinhar a minha linha cósmica que parece uma desilusão.
No céu de Março, em início da primavera, não vejo uma única estrela, nenhuma constelação conhecida se apresenta alinhada aos meus olhos e no meu coração palpita a luz ténue duma flor triste que resiste à força da chuva. Num canto do céu, onde não há nenhuma nuvem a cobri-lo, nem uma luz apagada de lua se observa. Acho que é um sinal dos céus para os tempos que correm.
De equívoco em equivoco deixo desadequadamente um suspiro, um desejo de reencontro, um quase nada de mim. Secreto silêncio se ouve no ar. Nem um som musical nem um qualquer outro ruído. Sinal dos tempos duma linha desalinhada no meu cósmico existir.
Falta-me um mar de estrelas
21 de março de 2022
sou o presente
Para já não quero esquecer o passado, quero viver o presente e ainda sonhar com o que resta de futuro. Vou ter tempo para deixar de ter passado, presente e inexistente futuro. Vou virar memória, mas quanto mais tarde melhor, para mim.
Na boa da verdade eu sou mais que o somatório dos meus passados, porque sou ele e mais o que aprendi com ele. Nesse de passado tem trauma? Eu lhe aprendi qualquer coisa. Esse de passado é gargalhada? Eu captei uma mensagem. Dificilmente eu deixei escapar uma aprendizagem, porque não dispenso o que há de mim em qualquer sítio.
Tenho medo dos traumas futuro? Claro que sim. Eu vou tê-los, mesmo que sejam parecidos aos passados ou nada tenham a ver com eles. Eu sou o presente.
20 de março de 2022
sou o poeta
Tantas vezes dou comigo a ser o poeta da minha vida. Descrevo-a florida, perfumada e arejada e tantas vezes estou seco, poerento e queimado. Ser poeta é ver com olhos de sentir e descrever. Por mais positivista que seja, também tenho momentos negativos, porém não os alimento. Não pinto com palavras garridas a tristeza, a doentia saudade nem o negro pessimismo. Contorno-os com palavras vulgares, desvalorizo acentos e pontuações, caligrafo-os com lápis de rascunho, rabisco com gatafunhos.
Sou o poeta da minha vida.
19 de março de 2022
Acordei e me disseram de consciência que era dia do meu pai. De imediato chorei. Eu o amava quando ainda não sabia o que era amor porque ele partiu para parte incerta era eu ainda um cadengue que não se recorda do som das gargalhadas diziam ele dava. Chorei num cansaço profundo, não por melancolia, apenasmente porque não me lembro do perfume natural do Meu pai. Chorei exausto porque envelheço na rotina de recomeços sem me recordar da palma da sua mão a me acariciar os cabelos que eu tinha antes dele partir para parte incerta. Chorei por uma infinidade de razões até conseguir abrir a arca do tesouro de ser pai e me recordar que ausentemente não deixei de o ser assim como não deixei de o ter, o Meu pai.
Sanzalando
18 de março de 2022
depois
Depois de tantas outras coisas perdidas, depois de tanto tempo gasto, despois de tantos dissabores, depois de tudo, eu sou o que resta de mim. Poderei fazer mais o quê?
17 de março de 2022
eu e eu
Tantas e tão inúmeras vezes dou comigo a conversar-me. Como é bom ter a minha companhia, sentir-me vivo e ver a vida com os meus olhos, sentir uma paz interior no coração e cabeça tranquila. Sou mesmo feliz por me ter. Quem melhor me conhece que eu mesmo? A sorte que tenho. Faço-me feliz e disfruto de todos os momentos em que estou comigo. Se me pergunto respondo ou me calo, conforme me apetecer e sem ter de me justificar. Vou ou fico? Depende de mim, sem mais nem menos. E não quero mudar a minha realidade
16 de março de 2022
estar longe
Hoje vou só dizer que não me apetece estar aqui. Fui para longe de mim, para um qualquer jardim onde floresçam flores de jasmim, onde cresçam ervas ou simples capim. Hoje quero estar longe, até de mim.
15 de março de 2022
reconstrucção
Há alturas em que nos temos de desconstruir para reconstruir. Crescemos em constante construção. Num dado ponto damos uso ao edifício construído. Depois, assim numa dado momento não definido, começa a desconstrução, começa a diminuição das capacidades físicas. Paramos, olhamos e reconstruímos segundo as nossas capacidades actuais. Um dia sempre novo.
Às vezes queremos ser tanto e acabamos uns desconhecidos.
14 de março de 2022
pensamento
Todas as vezes que dou comigo a pensar sinto que falta qualquer coisa. Lembrei-me do Prof. Pardal dos livros do Patinhas de quando eu era criança, ele tinha um chapéu com cucos, acho eu. Será que eu preciso de um chapeu, boina ou coisa do género? Não tenho ar de quem pensa muito e se calhar é isso. falta-me ar. Pensamentos não. Confiança também não. Certezas, se calhar faltam-me as absolutas. Será que eu estou pronto para pensar, assim um pensar sem tantos filtros, sem ruídos, sem interferências? Será que estou capacitado para pensar sem condenar, nem que me seja ao fracasso? Será que se eu pensar vou prejudicar ou beneficiar? Isto é ruído, interferência na minha capacidade lógica de pensar sem julgar.
Afinal de contas parece que pensar é mais complicado do que parece. Não basta o fluxo da mente. É necessário ter cabeça própria.
13 de março de 2022
fui
Fui na Torre do Tombo comprar caranguejos. Tia Eugénia vem desde lá da serra e ela não perdoa. Se as mulolas não tiverem cheias ela chega na hora do almoço. Todos os anos é assim. Carrinha Chevrolet verde, caixa aberta e os filhos lá no vento da traseira. Tio Artur vai dar mergulhos mesmo que a água esteja gelada e o pica-pica seja visto a légua. Desconheço outro que nem o tio Artur. Tia três A: Artur Alexandre Alves, dono duma mercearia lá do Lubango, virou também loja de moda e gente de coração grande. Pena é mesmo ser Sportinguista daqueles que até ferve. Se pudesse escolher o sangue dele, era verde. Mas os tios quando descem a serra para nas Festas do Mar, Mar e Março, nunca vão esquecer os ditos caranguejos e o mergulhos no mar. Água quente ou fria isso não importa. Mês de Março é aqui no mar e ponto final que o mundo parou. Com as primas vai ser um bocado diferente. Eu vou ter que estar alerta que esses rapazes do deserto são que nem pólvora quando olham nas mapundeiras. Vou sofrer, eu sei. É sina de ter as melhores festas junto ao mar. Sanzalando
Festas do Mar
Fui na Torre do Tombo comprar caranguejos. Tia Eugénia vem desde lá da serra e ela não perdoa. Se as mulolas não tiverem cheias ela chega na hora do almoço. Todos os anos é assim. Carrinha Chevrolet verde, caixa aberta e os filhos lá no vento da traseira. Tio Artur vai dar mergulhos mesmo que a água esteja gelada e o pica-pica seja visto a légua. Desconheço outro que nem o tio Artur. Tia três A: Artur Alexandre Alves, dono duma mercearia lá do Lubango, virou também loja de moda e gente de coração grande. Pena é mesmo ser Sportinguista daqueles que até ferve. Se pudesse escolher o sangue dele, era verde.
Mas os tios quando descem a serra para nas Festas do Mar, Mar e Março, nunca vão esquecer os ditos caranguejos e o mergulhos no mar. Água quente ou fria isso não importa. Mês de Março é aqui no mar e ponto final que o mundo parou.
Com as primas vai ser um bocado diferente. Eu vou ter que estar alerta que esses rapazes do deserto são que nem pólvora quando olham nas mapundeiras. Vou sofrer, eu sei. É sina de ter as melhores festas junto ao mar.
12 de março de 2022
se mudei
Dou comigo a pensar se alguma vez eu estranhei o meu eu. Aquela pessoa que eu era antes de saber o que era a angústia, a solidão, o medo e a ansiedade? Aquele outro que não imaginava um dia ia ser adulto, viver vida de adulto e ter que ter comportamento de adulto? Já passou tanto tempo desde a primeira desilusão de amor, desde a mudança de vida que já nem sei bem se alguma vez fui diferente do ser que sou hoje. Se mudei só pode ter sido para melhor.
11 de março de 2022
o real
Quero aprender a conhecer-me, a conhecer-te, a conhecer-vos. Olhar para a frente e identificar. Pouco importa se é bom ou menos bom. Saber, conhecer, ter uma ideia mais real do que realmente me rodeia. Há tanto para ver e aprender que acho que o tempo decorrido foi pouco e preciso de muito mais mais, mesmo sabendo que o futuro é-me um bem um pouco a dar para o rareado.
Todas as tempestades causam dano mas ao mesmo tempo limpam. Peso e medidas. Ideias e conceitos. Mescla e sabores e saberes. Há tanto que não sei de mim. Há tanto que desconheço do que me rodeia. A realidade não é só aquela que consigo ver. Há muito para além do pouco que vemos.
Só porque não está a acontecer agora não quer dizer que não aconteça. O real está. Existe. Não é imaginação.
Onde está o meu real?
10 de março de 2022
por mim
Vou tratando de mim, por mim. Todos os dias quero reconstruir-me porque todos os dias me desgasto. Antes desgastar que desgostar-me.
Até aos vinte anos, vinte e picos, construí-me. Desses aos cinquenta, vivi-me. Despois disso vou-me descontruindo.
Por isso preciso tratar de mim, por mim. Tenho a certeza que me acompanharei até os meus últimos respirares.
9 de março de 2022
amor poema
Sempre quis ser um poema de amor, um soneto ou uma quadra popular. Eu queria era ser verso. Assim qualquer coisa importante. Algo mais que o amor puro e cru. Nos poemas há toda uma leveza, musicalidade e aparente fragilidade. No ser como eu, o amor dorido, sofrido, carregado e áspero, faz perder a beleza do amor poético, o sentir puro de aragem quente que vem desde o coração e areja a cabeça. Na poesia não há amor culpado, não existe o amor escuro e desajeitado, fingido ou aldrabado. Amor puro tingido de ternura e sempre duplicado. Quero ser poema, mesmo que desajeitado.
Sanzalando
8 de março de 2022
se sou assim que mais posso fazer
É certo e sabido que não somos infalíveis. Há quem pense que o é, mas não me encontro nessa categoria. Sou um simples humano, às vezes a dar para humanoide, principalmente quando ponho uma ideia na cabeça e faço dela os meus moinhos quixotescos. Na minha humildade, principio da minha qualidade de honestidade mental, dou comigo a dizer-me que não posso tudo, que não sou inquebrável e que na minha fragilidade tenho momentos em que me apetecer bater asas e voar para longe do lugar. Se ainda cá estou é porque sei que sou de utilidade, mesmo que esta possa ser quase nula e lá está o intervalo entre o quase e o nula.
7 de março de 2022
é tempo de pôr fim neste caminho
É tempo de deixar o caminho destas palavras e seguir outras palavras por outros caminhos. Acho que só preciso dum sinal, uma pequena luz, uma fagulha, pouca coisa para sair da obscuridade mental destes caminhos da positividade, do conhecimento e do saber de mim feito.
Foram caminhos leves a maior parte da caminhada. Também os apanhei lamacentos, labirintos, tortuosos. Agora penso ter chegado a altura de pôr em prática todo o aprendizado, toda a sabedoria acumulada e a experiência devas saboreada. Só não quero é acordar com o coração coberto de neblina nem me cruzar com palavras esquizofrénicas que queiram ter vida própria e me enrolem em raciocínios toldados em névoas ideias isoladas e solitárias.
É tempo de ter tempo para outros voos.
6 de março de 2022
eu
E caminhando dou comigo a saber que mais ninguém para além de mim sabe por onde andei, o que senti e o quanto mereço ser feliz. Tem gente que pode adivinhar. Tem gente que pode tentar a sorte e dizer que não. Mas quem sabe sou eu, eu que andei no mar raso, andei no mar bravo, que surfei dias nas ondas da vida, que deslizei ao vento nas pranchas fixas da imaginação. Eu que um dia descobri que se o corpo não tem asas, a imaginação tinha. Eu que sei que por mais longe que vá não saio de perto de mim. Eu que ouvi o meu respirar nas noites de insónia, nas tardes de verão quente, nas manhãs de cacimbo, ao longo destes anos sem me largar de porto seguro. Eu que às vezes dou comigo a lembrar as dores da saudade alegremente.
5 de março de 2022
autobiografo-me
Por estes caminhos onde andei e nos que me perdi, não me arrependo de os ter feito. Posso arrepender-me das vezes que descansei, das que assobiei para o lado parando os passos ou desviando-me aparentemente consciente, sem ter tido a paciência de pensar que um passo mais teria feito muita diferença. Posso, mas não quer dizer que esteja a sofrer por isso. Tenho consciência e sei que poderia ter recuperado, melhorado, feito de uma outra qualquer forma, mas não sofro. Melhoro-me.
Por estes caminhos fui aprendendo que sou o melhor que há em mim, apaguei ou minimizei aquela parte do outro lado da minha lua. Eu sou aquele onde o coração dança e a cabeça toca música, eu sou a minha paz, um todo da minha existência concentrada no passado, presenta e restante futuro.
4 de março de 2022
sem pressa de chegar
Cá vou eu pondo-me ao caminho como quem caminha sem pressa de chegar. Se por acaso passar por ti e não te disser os bons dias, se as horas te parecerem madrugada que nunca mais acaba porque a minha ausência se tornou notada, é porque fui por um caminho sem pressa de voltar. Não tem nada a haver contigo, porque a tua presença ser-me-á sempre necessária. Tem mesmo que ver com a minha necessidade de caminhar e me tornar num caminhante sem segredos, medos e outros degredos. Sei que quando eu voltar a minha mente será um brilhozinho de esperança, alegria e eis-me regressado para todo o sempre, mesmo que fisicamente ausente.
3 de março de 2022
caminhando pela vida
Sempre caminhando, com intervalos para fazer outras coisas que não seja pensar, vou em frente na vida, tendo como certo que na minha lápide eu terei muitas datas da minha morte. Tantas vezes morri de amor, outras tantas de riso, outras menos de vergonha e poucas de medo. Foram tantas as minhas mortes que já não sei se vivo ou estou no paraíso a sonhar com isto. Na dúvida continuo a caminhar até chegar ao meu verdadeiro ponto final que espero seja mais tarde, perto dum nunca.
2 de março de 2022
Romantic Alfama
romantic.alfama@gmail.com
Um lugar brilhante para estar em Lisboa. Todas as palavras serão poucas para dizer obrigado
merecidamente
Me dei férias ao caminho e sentei-me no lancil do passeio a pensar. Um homem não é de pau e os músculos são feitos para descansar, também.
Aqui sentado, cara protegida da brisa que teima em me arrepiar porque está fria, vou trocando pensamentos como quem tem muito para pensar e o tempo é curto.
Se desato a pensar em alguém específico começam as dúvidas. Lhe vou pensar nos lábios sorrindo, nos olhos brilhantes, no seu face pensativo, na forma da sua gargalhada, no seu ar confiante? Este pensamento pode não ser real porque é fraccionado e os pensamentos dispersam-se veloz e activamente porque buscam a perfeição.
Acho que vou só ficar a pensar num beijo no meio de tantos perdidos e saborear o descanso que mais que merecido.
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