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6 de março de 2022

eu

E caminhando dou comigo a saber que mais ninguém para além de mim sabe por onde andei, o que senti e o quanto mereço ser feliz. Tem gente que pode adivinhar. Tem gente que pode tentar a sorte e dizer que não. Mas quem sabe sou eu, eu que andei no mar raso, andei no mar bravo, que surfei dias nas ondas da vida, que deslizei ao vento nas pranchas fixas da imaginação. Eu que um dia descobri que se o corpo não tem asas, a imaginação tinha. Eu que sei que por mais longe que vá não saio de perto de mim. Eu que ouvi o meu respirar nas noites de insónia, nas tardes de verão quente, nas manhãs de cacimbo, ao longo destes anos sem me largar de porto seguro. Eu que às vezes dou comigo a lembrar as dores da saudade alegremente.


Sanzalando

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