Quantas vezes ouvi o eternamente tua?!
Na minha cidade, lugar de meia dúzia, dum hoje que já não existe mais, porque passaram muitos quotidianos desde o tempo em que a meia dúzia se conhecia e se cumprimentava, sendo que hoje estão espalhados por tantos aís, para além dos que foram mais além da vida, que o lugar pode existir geograficamente, mas não o lugar da minha memória. Mas eu dizia que na minha cidade, quadriculada para que ninguém se perdesse, plana, para que ninguém de cansasse, eu tive os meus primeiros amores. Os amores perfeitos e eternos. Hoje sinto que dói o passado não ser presente, o somatório dos quotidianos não ter futuro porque amanhã a gente não sabe se existe. Mas eu diziam como dói eu não ser mais o miúdo adolescente da minha cidadezinha. Terá sido uma benção amaldiçoada ou uma maldição abençoada? Como dói hoje o ardor da minha juventude, a inconsciência das minhas memórias afectivas, os beijos que não dei, as palavras que não proferi, o medo de ver o tempo sem ter tempo para o gastar.
Quantas vezes ouvi o eternamente tua?! Tantos eternamente que se subtraíram ao meu presente de então.
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