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16 de agosto de 2022

paixões antigas

Sentado no caramanchão da avenida, sob uma buganvília na sua mais cor de rosa flor, ao som dum mar que a brisa imita ao fazer tangente nas folhas, me deixo levar pelos amores que amei. Eu me lembro que houve paixões que me mataram um pouco cada dia da sua duração. Eu mergulhava na dor dessa doce ilusão de amar perdidamente, sempre com medo que amanhã não chegasse mais, sempre receoso que amanhã eu ficasse mais feio e ela desolhasse-me para todo o sempre. Na verdade eu não tocava viola, eu não sabia cantar e era assim um artolas sem sal debaixo duma cabeleira que nem bem nem mal me ficava. A minha paixão era o instante. Aquele instante.
Felizmente, para memória futura, nenhuma paixão me matou de morte morrida e concretizada. 
Todas as minhas paixões podiam ter dado certo. Ou não. Duraram o máximo de todos os mínimos para hoje as recordar. Em todas fui feliz e ri com vontade, mesmo que à minha volta o mundo girasse ao contrário. Amei sempre sem saber que tanto amor podia terminar amanhã dum dia seguinte qualquer.
À sombra do caramanchão de buganvília, recordo as paixões cor de rosa da flor do meu coração, sem saber de há encadernações novas em vidas futuras.


Sanzalando

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