recomeça o futuro sem esquecer o passado

Podcasts no Spotify

6 de fevereiro de 2007

Um dia normal

São assim pouco mais que as 9 horas da manhã. Aí vou eu com dois destinos na mira. Opção certa de sem indecisões ter optado por ir a pé. Os carros mesmo que não andam. Como o meu conhecimento da cidade é, neste momento, vasto, limitado a um circuito bem delimitado que acho que andei o dobro do caminho para chegar ao primeiro destino. Mas assim tive a certeza que não me perdia e cheguei lá. Mas até lá chegar, além das paragens obrigatórias para respirar e recarregar coragem de continuar, gargalhei que quem olhou para mim deve ter pensado esse é mais um louco da rua.
Passo a explicar que tou a ver a tua cara de espanto.
Os carros estavam em fila e não andavam. Para passar para o outro lado foi necessário gincanar por no meio deles, fazer raviangas nas pessoas que vinham do outro lado para cá no mesmo método. Mesmo no meio da estrada, porque um carro começou a andar eu dei um salto para o lado e fui de ombro contra outro que vinha em sentido contrário. Num automático pedi desculpa e ele, mais velho que nem eu, me respondeu:
- Somos homens e aguentamos cargas de ombro
olhei bem para trás, gargalhei e mais ainda depois de ter visto que ele levava vestido uma camisola do Benfica, melhor, do Mantorras. Tive mesmo que parar, rir e andar neste calor de sauna ao ar livre são coisas que não combinam.
Recuperado lá segui no meu destino.
Aí tive que começar a fazer perguntas para entrar na porta certa. Mais uns quilómetros de marcha, porque era mesmo do lado de lá em relação onde me iniciei nas informações.
Cheguei, perguntei onde podia encontrar a pessoa que eu ia ver e conversar. Está a fazer exames, mesmo desses que chumbam. Esperei. Uns 15 minutos depois me apareceu. Só lhe conheça de nome e de História. Minha timidez veio na superfície da minha pele suada que logo ali secou. Como lhe devo tratar mesmo, me assaltou a duvida. Mas a sua simplicidade e simpatia me devolveram no normal.
Hoje já tinha reprovado 50% dos que lá tinham ido, sendo que um era a 4ª vez que lá ia. Me pensei ele está com azia. Coisa de professores, imaginei logo o filme recordando outras eras, outros tempos.
Mas que nada. Falámos pouco pois ele tinha de continuar. Combinamos um café para amanhã ou coisa assim. Estou ansioso. É o que se chama poder falar com a História.
Saído dali me dirigi ao segundo ponto da ordem de marcha.
Mais uma corrida, mais uma viagem que é grátis.
Cheguei lá e depois de escrever uns papeis me disseram são precisas três fotografias. Procurei na carteira o envelopezinho e nada de lhas encontrar. Não, não vou voltar atrás e depois à frente. Não me ia aguentar. Entrei numa pequena loja de fotografias, fotocopias e cabeleireiro. Disse que queria fotos para isto. Me disse ele na sua pronuncia chinoangolana que precisava gravata. E agora? Ter aqui.
E lá tirei as fotos e voltei. Entregues os documentos iniciei regresso.

Sanzalando

1 comentário:

  1. Viva Carlos:

    Aquilo que mais invejo em ti é quase que reviveres as mesmas vivências que tiveste por volta dos vinte e poucos anos.
    E com um entusiamo que é muito gratificanta.
    É bom "ver-te" rir.
    Pela pessoa que és estou certo que mereces.
    Que os "deuses" te acompanhem nessa tua caminhada.
    Continua enviando o teu diário... vou estar aqui atento para saber as últimas.

    Um abraço,

    ResponderEliminar