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7 de março de 2007

Palavras soltas

Estamos naquela hora em que a noite ainda não deixou de ser noite nem o dia começou a ser dia. Os raios de sol aparecem tímidos como que com medo de romper a aurora.
Na minha cabeça ainda rolam os pensamentos e as recordações dos acontecimentos. Os que aconteceram, os que podiam ter acontecido e os que eu não deixei acontecer. Conversas únicas, inesquecíveis, se desenrolam sobre a mesa, numa transparência de clarividência. Eu comigo espraio-me em palavras soltas mas bem arrumadas sob o tampo da mesa.
Respiro fundo, abrindo os pulmões como se eles fossem uma mala de viagem. Estou independente do tempo e do tempo que faz lá fora também.
Falo de recordações. Disseco letra a letra na tentativa de escolher as melhores letras, as que não me ferem os ouvidos, a alma, o sentimento. Escolho as que traduzem verdade, sem mágoas e sem rancores. Converso-me de ilusões arredondando as palavras ácidas com a saliva dos meus lábios, tornando-as importantes, porem sem feridas ou retirando-lhes a força de arma branca.
Estamos em Março e neste dia, há muitos anos atrás, eu era registado. Ainda não estamos na Primavera nem faz calor de falso verão.
Retrato-me em palavras como quem quer ver a luz entrar na janela, ouvindo-me confissões e presságios.
Chegámos ao fim do Inverno ou para lá caminhamos. Sinto-o na força do vento.



Sanzalando

2 comentários:

  1. Música para um amanhecer sereno:

    http://www.youtube.com/watch?v=BkL0YL7S_ec

    são.

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  2. Não estamos em março.
    Só estou dando uma espiadinha no tempo. Só por curiosidade, saber se esse dia é mesmo um dia "normal". É!

    Há muitos anos atrás, numa manhã quente e linda de verão, às 6 horas da manhã eu cheguei para viver, contrariando a vontade de todos.
    Agora que sei, posso afirmar que não fez, não faz e nem fará a menor diferença. Não me importo.

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