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15 de março de 2007

Valeu a pena


Vá lá, esperemos que amanheça num amanhecer de sol, mas façamos algo de útil, alguma coisa que nos dê prazer, que nos faça feliz no instante deste momento.


Se eu tivesse um espelho para olhar-me, ver as curvas da cara se vincarem numa marca indelével do tempo, que abstractamente não existe porque o tempo é real, e ver-me sorrir porque me sinto feliz.


Depois de uns tantos anos de sonhos e fantasias queria olhar-me e ver se valeu a pena, queria perguntar-me se é o destino que me conduz ou se é a força de um trabalho que me alcançou até aqui. Queria ver-me, numa de cara a cara, e saber se o desejado tinha sido alcançado e se por algum motivo eu devia estar arrependido dos caminhos até então percorridos.


Sem o espelho eu imagino que o esforço das vontades confluíram até este momento em que sorrio porque estou feliz. Sem o espelho penso que valeram a pena os anos, os dias e as noites de insónia.


Esse lugar que me persegue nas horas que têm os dias está ali. Espera-me. Eu lhe olho outra vez desde longe. Experimentei-o, saboreei-o, vivi-o. Cresci, amadureci e aprendi. Sem o espelho digo-me que valeu a pena, mesmo que eu me sinta prisioneiro dele. Mesmo que a força dos meus desejos arrastem para longe as moscas que, num equilíbrio instável, pairam sobre a minha cabeça como se fossem helicópteros tentando ler-me o pensamento. Mesmo que os meus suspiros façam acinzentarem os castanhos cabelos que ainda teimam em resistir. Mesmo que o sorriso fácil tenha dado lugar ao esboço e eu me sente sobre as piadas contadas. Mesmo que olhares confusos me olhem. Valeu a pena!


Sanzalando

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