Agasalhado como quem está num dos polos, me sento a ver o mar.

Eu sentado aqui, agasalhado até mais não, recordo os momentos de felicidade que ao pé do mar senti. Tu estavas perto, ali ao meu lado e se calhar hoje nem te recordas de mim, nem sabes se existo ou se o sabes não o sabes onde. Também quem me vai reconhecer aqui sentado e agasalhado com ar de sonho?
É, às vezes as coisas correm mal e por mais que procure um culpado, porque tem de haver sempre um, eu não me encontro. E estou aqui agasalhado a ver o mar.
Tento esconder nas dunas do esquecimento a tua imagem, a tua presença constante, o teu ar altivo, mas, não sei se é do frio, se é só mesmo da saudade, não me sais do pensamento. Não sei se é por causa dos deuses ou dos diabos mas a verdade é que me assusta estar aqui sentado, agasalhado a ver o mar e ter-te dentro de mim a olhar-me constantemente e eu a tentar-te esconder de mim e sem o conseguir.
Já sei, é a memória, é a imaginação, é a nostalgia, é a doença doentia de te amar e a tristeza de ver as coisas frias num dia de inverno em sonho de verão.
Sanzalando
Não se preocupe poeta.
ResponderEliminarO Amor tem forma de o encontrar ainda que no disfarce de agasalho de outono.
E não entristeça porque se o quisermos, como sabe, transformamos um dia gélido de Outono num mágico dia de verão.
É só querer.
Lindo, lindo o seu texto.
Melancólico porém, como esta tarde de sábado.