Me deixei dormir noite dentro. Sonhei os sonhos do costume. Me embalei e sonhadamente decidi que não ia acordar. Nem hoje nem nunca mais. Ia ficar mesmo assim sempre a dormir e a sonhar até acabarem todos os sonhos a que tenho direito. Mas num susto me acordaram. Pensei eram o rufar dos tambores a saudarem a minha chegada ao ponto de partida. Acordei e vi que eram apenas trovões a me assustarem antes de deitarem litros de água rua abaixo.
Me assustei porque era no momento em que eu sonhava com ela estilizada, alta e morena, nova, porém madura e os seus olhos negros fixados nos meus. Era a primeira vez que ela me olhava e eu via e sentia. Ela sorria-me e eu lhe sorri. Não tive tempo de lhe dizer uma única letra. Fui abruptamente acordado.
Me assustei porque ela me olhava e no momento que acordei pensei que morri e o sonho se apagou. Mas afinal eu ainda estava vivo, apenas o sonho fora interrompido pelo trovão. Amanhã, eu sei, vou pegar nele, no momento da interrupção e vou continuar a lhe sonhar, ela morena, alta, nova e madura, de olhos negros cativantes e não vou deixar que nenhum trovão me acorde outra vez.
Sanzalando
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