recomeça o futuro sem esquecer o passado

Podcasts no Spotify

30 de junho de 2021

eu e a dor

Bateu sol que nem torresmo se derrete. Com este sol eu deslizo a imaginação por mares sempre sonhados. Um dia por aqui, outro por lá, na terra da minha criação feito homem. Eu tenho saudades e essa saudade saudável faz-me renascer a cada pensamento, faz-me sentir que tive um passado e neste presentemente eu caminho em direcção a um futuro com alicerces. Na verdade se a gente se apega na dor a gente vai viver uma vida inteira de sofrimento, de lágrima e de emoção. Não, não menosprezo a dor e lhe tenho até respeito. Mas não dou atenção para essa dor como se ela fosse importante, só não fixo a minha atenção na vida de dores. Se nós somos passageiros aqui, as dores também. Toda a dor é passageira mesmo que eu tenha que a pegar e dançar, rir e brincar. 
O sol e estas minha vadiações me ensinaram que procurar a alegria é muito melhor que procurar uma música triste para ouvir com a tristeza. 


Sanzalando

29 de junho de 2021

eu e o tempo

Faz vento que é um ar que se passou. Totalmente despenteado me deixo ir ao seu sabor. São ruas e avenidas, becos e caminhos e eu vou por aí. Quem sabe assim eu ganhe tempo, um presente de tempo ou um aumento de tempo. Não há idade para se ganhar tempo, para se querer ter tempo, tempo de verdade. Com carinho e amizade, observando-se o mundo com clareza tendo a certeza que o tempo não nos chama. Eu não gostava de olhar e ver que não tinha tempo para ver. Eu quero ganhar tempo para ter tempo para fazer o que ainda não tive tempo de fazer.


Sanzalando

#maracujás


28 de junho de 2021

eu e a vida

Embora o vento se mantenha por estas paragens, o sol rompe o céu e queima a pele dos desprevenidos. Com este tempo aproveito para me vagabundear em ideias e tentando ser génio, me mudar. Eu vou ser alguém que nunca se imaginou ou tentou. Quero preencher o meu ego e ultrapassar a ideia que todos somos iguais. É que somos apenas iguais ao que nada somos, porque no que realmente somos há um sem número de gente que nem gente consegue ser ou sentir-se. Mas na verdade só de imaginar que possa existir alguém igual a mim me deixa exausto, deprimido e triste. Não quero que exista mais alguém com os meus defeitos e erros.
Na verdade eu teria pavor se eu tivesse passado por esta vida apenas com o propósito de tentar viver e não o tivesse conseguido. Viver é tentar e tentador.


Sanzalando

#lugaresincriveis


27 de junho de 2021

#frutas


eu e o sol

E nestes dias de Sol eu faço de contas sou o rei e senhor da minha existência e baldo-me por aí a vagabundear por montes e vales da imaginação que nem uma criança atrás duma bola. A bola rebola e lá vou eu atrás. se ela não fosse bola não rebolava e eu ficava aqui a olhar para um cubo, ou paralelepípedo, ou um volume desqualificado. Ela salta porque está cheia de ar, pois se estivesse vazia eu ficava aqui inerte a olhar para uma amalgama de coisa inservida. 
É assim mais ou menos a minha estória para me adormecer. Encho-me de saudade como se eu fosse um copo e a saudade um líquido que se gasta em cada sorriso dum feito recordado e não imaginado. Aos poucos vou secando a minha saudade até ter motivo para me encher dela outra vez. Outras vezes ela não se evapora porque a imaginação lhe faz sombra.
Basta haver sol e tudo acontece e até as minhas lágrimas secam sem vestígio.


Sanzalando

#comida (arroz de jaca)


25 de junho de 2021

#comida


#imbondeiro


Matinee do Eurico

Hoje fui com o avô Frota, o Silvério, da Conserveira do Sul, ao cinema. Quer dizer, o meu avô me levou a ver a Marisol. Fiquei no Balcão porque a plateia tem confusão e o meu avô já não está para aturar essas coisas de miúdos nas matinés. Mas dever de avô foi levar os netos à matinee. É espanhol, a Marisol canta e eu não tenho que ler as legendas que passam mais depressa que o tempo que eu demoro a ler.
O cinema está cheio nesta tarde de domingo em que eu vesti roupa limpinha e passada a ferro parece é nova.
Como é bonito ver a Marisol, feliz a cantar me parecem canções de amor. Como é bonita a Marisol. 
Obrigado avô por trazeres estes netos ao cinema, à matinee do Eurico

Sanzalando

24 de junho de 2021

#mangueira


eu de passado

Se eu estivesse no inverno eu diria que este frio me comia até as veias, porem na realidade estou no verão e vivo a vida na clara realidade de sentir todo um corpo a se desgastar. Será que a realidade é outra e não aquela que sinto? Será que eu sou uma invenção do meu passado? Será que o vento frio doutrora me devorou num interior oco e vazio?
Não. Este calor que sinto, esta realidade que vejo, é perfeita demais para ser fruto da minha imaginação. Deve ser um sentimento de solidão, um arrepio de nostalgia, uma aragem de saudade, um tudo nada de indiferença à espera daquele abraço. 
Eu, presente de futuro, indicativo de bem estar, me declaro inocente dos pessimismos existentes nas horas vagas.



Sanzalando

23 de junho de 2021

eu sou como sou

Quando o dia nasce sol o sorriso aparece, a leveza do estar renasce. As palavras saem fluídas, sem gaguejo nem sussurro e a dor não escondida porem combatida com aquele sorriso de quem está pronto para enfrentar o mundo e as suas vicissitudes.
Gostava de ser poeta, com rima e ritmado, cantar às flores de garridas as cores, às mulheres e sua formosura, à doçura e candura duma mulher feliz. Gostava de ser poeta e ver o mundo em todas as formas e cores, sorrindo à dores e espantado aos sabores das guloseimas, pratos carregados de odores, as frescas bebidas dos frutos exóticos, aos corpos esculturais e eróticos correndo nas praias tropicais e até noutras latitudes e locais. Se eu fosse poeta sorriria ao ler-me tanta salada de ideias e fantasias.
Mas tenho de me contentar com as minhas palavras secas, o meu dia a dia, as minhas contradições e modos estar.
Cada um é como cada ser é.

Sanzalando

22 de junho de 2021

eu e o princípio da vida

Que é que eu vou fazer da vida? Dar conselhos? Dar exemplos? Ainda por cima neste mundo onde parece ninguém dá nada pois já deu o que tinha a dar? Acho vou só falar por falar pode ser alguém ouça e siga.
Uma das coisas que faço é melhorar o meu modo de ver a vida, vê-la de maneira honesta, clara e sem sombras, de modo que estas não desenhem fantasmas na minha imaginação. Outra é dar a minha generosidade de ouvir as vozes de pessoas que me rodeiam. Outra ainda é ver diferença onde há sem julgar nem discriminar. 
É assim o princípio da minha vida: ser feliz 


Sanzalando

21 de junho de 2021

eu e a velhice

E se sem querer eu estiver a congelar os meus pensamentos? E se eu não dou conta que estou a regredir na minha forma de estar? E se eu já não me lembrar de evoluir no saber? Acho que seria próprio da involução do ser humano depois de certa altura da vida. Mas eu gostava de ter em conta, de saber e parar. Eu gostava que a minha estória não terminasse na minha involução. Eu queria ficar na memória como imagem real, como me sinto, como fui, sou e penso seria se não houvesse a involução natural. Mas é natural que eu não saiba porque a gradualidade dela é tão lenta que até parece não se passa nada e quando eu der conta já nem sei quem sou de facto.
Não são os cabelos brancos nem a dor aqui e ali. É mesmo a conversa mole e repetitiva. Assuntos banais que parecem são tão sérios e trágicos. A falta de esperança no amanhã.
Vai voltar a haver sol e eu vou descongelar qualquer pensamento que lhe tenha acontecido.


Sanzalando

#momentos


20 de junho de 2021

#lugaresincriveis


eu e a adolescência

Acordou manhã de chuva num quase verão que tarda em chegar. Com um tempo destes caiu na saudade de memórias que já nem sei se são realidade ou fruto duma imaginar delirante. Memória ou delírio pouco me importa desde que eu as sinta real e vivamente. 
Quando eu caminhava na areia escaldante da minha praia em busca dum amor perdido ou simplesmente de amigos; quando eu percorria de bicicleta o quadriculado da minha cidade em busca de gastar o tempo que tinha, quando divertidamente riamos na esquina das parvoíces que dizíamos num humor que não tenho memória; quando corria a brincar aos cowboys num tau-tau que morreste e nem soubeste; quando me cruzava com alguém, mesmo desconhecido, e recebia em troca um sorriso de bom-dia; quando acordava e via o sol sorrir-me - eu era feliz e não fazia a mínima ideia.
Hoje acordou faz chuva e as pessoas estão iguais a ontem e nada parecidas às pessoas da minha memória que já não seri eram realidade ou delírios dum adolescente perdido.


Sanzalando

#comida


#lugaresincriveis


19 de junho de 2021

#imbondeiro


eu, criança

Acho eu que o mundo me era mais simples quando eu tinha medo de monstros, de feras escondidas debaixo da cama e do imaginário mundo para lá do meu horizonte. Agora, de idade grande, tenho medo de tantas coisas, de fracassar, decepcionar família, amigos ou pessoas simplesmente, da insegurança do pensamento, de ter de lidar com uma cabeça carregada de conhecimento, filtrar e pensar antes de agir.
Antes, viver era tão mais simples... que eu quero voltar a ser criança e pouco saber como sabia antes.


Sanzalando

#abacate


18 de junho de 2021

eu e meu pai

Hoje caminho na nostalgia e na saudade. 
Nostalgia porque não consigo sair da tristeza profunda, deste estado melancólico, por saudade de não me recordar dos 4 anos que tive a meu lado o meu pai. Recordo momentos, instantes, pequenos fragmentos da minha história com ele. Tudo o que sei é porque me contaram ou li nos jornais que escreveu. 
Faz hoje exactamente 60 anos que ele partiu para o éter, desencarnou, faleceu ou foi para o céu no seu descanso definitivo. Várias formas de o dizer e nenhuma me aconchega a alma. 
Não me lembro de nenhuma carícia nem de algum diálogo havido. Lembro-me de o ver com o seu pulôver vermelho a olhar o mar que ficava na traseira da casa. Lembro-me de o ver sair uma noite para o cinema com a minha mãe. Lembro-me da sua NSU laranja (ou seria vermelha?).
Lembro-me do carro preto do Dr. Carneiro chegar perto da hora do almoço e depois desapareci para acordar muitos anos depois. Faz hoje 60 anos sem tirar nem pôr e eu tenho saudades.


Sanzalando

17 de junho de 2021

eu e os dias

Tem dias que apetece dar o sumiço. Eu me desfazer em pó a vaguear ao sabor do vento faz conta sou poeira fina, como que num desfazer-me aos poucos, ao poto de só ficar a parte boa de mim. Um quase nada do eu, uma mensagem da minha estória, uma lágrima que chorei com sabor a mar, uma voz sussurrada como um eco dos meus anseios.
Tem dias que eu não devia nem existir nem se quer ter existido, não vá a minha poeira ser poluente. 
Tem dias que eu sou a frente da minha batalha numa luta que inventei e perdi porque não sou guerreiro. 
Tem dias, mas esse ainda não chegou.



Sanzalando

16 de junho de 2021

#lugaresincriveis #momentos


eu complexo

Vou pensar que é nuvem passageira que veio tapar o sol por estes dias. Outonou-se o tempo e com ele se enlutou o meu cérebro. Me macabunzei. Me escondi atrás duma cara mais pesada que a tonelada de vontade de nada fazer. Preguicei no total recanto da minha hora de silêncio total. Entristeci. Fruto do tempo. Deve ter dado vente leste. A minha avó me dizia que com vento leste é melhor nem acordar. Me esqueci para anos mais tarde, hoje, recordar. Hoje estou num dia de me dizer descansa em paz. Respaldo-me no sofá e olho para longe dum lugar nenhum. Até isso me dá trabalho fazer. 
Olhar o passado para passar o tempo? Não tenho tempo para isso que o passado é maior que o futuro que teria para o fazer.
Olhar para nada cansa a vista que já não está como é que era. Vou mudar de pessoa para ver se muda alguma coisa. Mas como pessoa estou bem assim vou mudar mais para quê?
Vou pensar em voltar a renascer e começar de novo como se não tivesse passado. Falta-me tempo.


Sanzalando

15 de junho de 2021

#cerveja


eu e a memória

Hoje caminho suave e lentamente pelas ruas da minha memória. Há tanta coisa no meu passado que eu não queria esquecer, porém o destino foi mais forte e não me lembro de quase nada. Um nome e lá vem uma ou outra memória. Uma foto ainda no preto e branco das cores fotográficas e lá me vem uma estória qualquer que já nem sei se é real ou apenas fruto de minha imaginação. Um amor, dois ou três, de tantas vezes que morri de amores. Nomes para catalogar a memória começam a falhar. Os rostos que me lembram são os rostos do antigamente. A memória não se deu ao trabalho de os maquilhar conforme o tempo.
Eu sei que não sou má pessoa. Mas também não tenho a certeza que sou boa. A memória já não me deixa ter um juízo de valor isento e bem pensado. Todas as acções passadas foram-nas bem? Acho que sim. Não me rói a consciência por isso não deve haver pesadelos. 
Eu e a memória vamo-nos vendo por aí.

Sanzalando

14 de junho de 2021

eu gosto

Gosto de falar-te. Gosto de ouvir-te. Gosto de ti. Gosto de te falar com calma, gosto de me sentir feliz enquanto te falo, embora saiba que a felicidade não é uma medida de tempo. Sei que não posso falar-te o dia todo mas esses pequenos bocados são grandes momentos de felicidade.
Te gosto e espero que cada momento dure um bocado mais de modo que sejam momentões.
Às vezes preciso de um abraço que complemente as palavras. Outras vezes de um beijo. Outras serve apenas o olhar.
Eu gosto.


Sanzalando

#zulmarinho


#momentos


13 de junho de 2021

#flores


eu não existo hoje

Tem dias que nem eu consigo superar as minhas espectativas, não consigo ser maior do que aparento, de ultrapassar os meus medos, de ser intocável. Tem dias que nem eu me pareço comigo por mais simples que seja. 
Tem dias que eu olho-me e converso com a tristeza sem saber porque me paro neste diálogo. 
Tem dias que eu não existo.

Sanzalando

#zulmarinho


12 de junho de 2021

#flores


eu e o céu

Se faz sol eu protesto porque me aquece o cérebro. Se faz frio eu contesto porque estou gelado. Se está vento eu refilo porque me despenteio. Se chove eu grito porque me molho. Eu sou de facto uma pessoa desaconselhada a estar por perto, no entanto eu sou a pessoa que melhor me entendo, que não me contradigo nem me amuo. Eu sou quem melhor me aturo. Eu sou quem se entrega por todo no que quero fazer. Quem melhor que eu para me entender a mim mesmo?
Não sou pessoa de tirar o folego a ninguém, nem de fazer uma fila atrás. Eu sou só uma pessoa que tem altos e baixos, que sorri e que chora, que é feliz porque tem um bem precioso: a vida. 
Nesta vida já fiz muito e sei que muito mais eu ainda devo fazer. Não estou sentado na bananeira, à sombra ou ao sol, à espera que caía do céu um pedaço dele para mim. Eu já ganhei o céu, o meu céu, eu já dei céus, muitos dos meus céus. Eu ainda tenho céus para dar. 
Mas deixem-me lá aproveitar esta vida...






Sanzalando

#maracujás


#imbondeiro


#maracujás


#imbondeiro


#mangueira


11 de junho de 2021

eu real

Se eu me tivesse perdido no tempo que tempo teria sido o meu? Acho que futuro, pois estou certo que dirão que sempre andei à frente no tempo. Sou mais velho e gosto fazer coisas de criança. Gosto de brincar de carrinhos, gosto de carrinhos de rolamentos, gosto de bicicleta e gosto de me perder de vista. 
Olhando-me num espelho mental revejo-me em cada passo que dei, em cada desejo que tive, em cada frase que desenhei na mente.
O meu corpo físico ultrapassou-me o tempo mental apesar das cicatrizes dos amores doridos, das caminhadas sofridas, dos ódios estimados. O tempo mental manteve-se parado na juventude porém mais maduro, menos colorido porém mais alegre.

Sanzalando

10 de junho de 2021

eu e o caminho

Sigo os passos que desenhei numa carta imaginária. Este é o meu percurso, a minha linha mestra de viagem. Pelo que me conheço já sei que haverá muito tracejado pelo caminho a dizer que fui por ali indevidamente ou descuidadamente. Haverá logo alguém a dizer-me que me tinha já avisado e coisas e tal. Mas as minhas rotas e os meus caminhos, apesar de pensados têm muito de improvisação, apetência momentânea, gosto e desejo de paixão. 
Os corações ardem e o amor é impalpável. A nossa figurinha é que nos faz demonstrá-lo. Às vezes o amor é carregado de dor e só uma lágrima descuidado o denuncia. Ele pode romper a alma mas ninguém ouve o rasgar dela a não ser o destroços que esvoaçam na indignação, nas pregas da cara, no recovar dos ombros.
Às vezes o amor parte-nos em dois e ninguém nos vê em duplicado. 
Assim sigo os passos que desenhei e mais aqueles que inventei pelo caminho.


Sanzalando

#zulmarinho


9 de junho de 2021

outro eu

Estou a tentar tornar-me alguém que ninguém tentou ser. Estou tentado a criar um estilo de vida que ninguém tentou. Tentarei desesperadamente viver de uma forma única, fazendo tudo que ninguém tentou fazer. 
E o motivo disso tudo deve estar a ser perguntado num qualquer lugar do planeta. 
Uma razão talvez seja para preencher o meu enorme ego ou ser apenas mais uma tentativa minha, frustrada, de mudar esse sentimento que sinto de que somos todos iguais mesmo que aparentemente diferentes. 
Mas eu não quero ser igual a ninguém. Só de pensar que posso ser igual a outra pessoa fico exausto, exasperado, irritado, taciturno, irado e outros adjectivos que não quero nem usar. Eu não quero que nem os meus sejam iguais a de outra pessoa, somente sejam os meus erros. 
Eu não sei bem o porque desta maneira de ser, mas eu tenho algo aqui dentro de mim que só se sente com o propósito de fazer tudo diferente de tudo o que já aconteceu por aqui. Mas ao mesmo tempo eu tenho um medo visceral, um sentimento que me assombra de ser diferente do comum dos mortais. 
Eu tenho medo de passar uma vida inteira tentando viver. 

Sanzalando

8 de junho de 2021

um dos eu

Parece que neste lado do mundo o calor chegou. Parece que é mais quente por causa do tal de aquecimento global. Quando eu pensava que o carvão era terceiro mundista ou coisa de passado, página da história, fico a saber que cada vez se gasta mais. Minha ignorância não acompanhou a evolução tecnológica. Lítio, mercúrio, urânio, platina isso sim é coisa de novo mundo. Que nada, carbono em estado negro com fumo e fuligem é que é. Petróleo vai ficar só para plásticos e outros poluentes. Qual eólico, qual maré, qual sol. Carvão das entranhas da terra ou da queima das florestas..
É assim todo este assunto sério para eu me poder dizer que sou um mar e não o copo de água de ninguém. Eu sou mais que o somatório das minhas partes infinitesimais, dos meus teóricos sentimentos ou das minhas ambições. Sou único porque me deixo pensar, amar e quem sabe receber um troco.


Sanzalando

#comida


7 de junho de 2021

eu e eus

Juro que queria que fosse fácil manter uma pose desinteressada. Juro e que nada, repito – nada, me faria mais realizado do que ser um típico calculista, aparentemente frio e com o ego sempre lá em cima, a roçar o céu. Ou que ao menos tivesse uma certa mestria para fingir ser possuidor dessa realidade.
Só que eu infelizmente, não sou uma dessas pessoas. Tudo o que faço é sempre sentido, pensado, repensado e lamentado. Tudo no que me fui tornando foi só um somatório de ações ao longo dos tempos, que para falar a verdade, eu nem me lembro que acontecerem, não recordo as cicatrizes nem as luzes brilhantes. 
E depois as pessoas me dizem que só vou enrugando a cara e deixando doer a dor insensível e invisível, até que um dia olho para trás e não me reconheço. Nem consigo localizar o tempo da minha vida em que deixei de ser eu. 
Não existem grandes motivos na lembrança para a mudança, só sei que foi um grande ajuntamento de coisas e que acumulados, eles me fizeram me fechar e fechar gradualmente. 
Quando a nostalgia bate tento voltar ao que era, mas tal não é possível, mesmo tentando muito, porque quando esta carcaça se instala, é praticamente impossível me livrar dela. Ela mora em mim num para sempre, como a fazer me lembrar do quanto ter acreditado demais me fez me tornar o que sou hoje. 
Claro que isso nem é de todo ruim, mas as vezes sinto falta do que já fui, penso que se nada tivesse me obrigado a ser diferente, tudo pareceria mais fácil e grande parte dos seus problemas estariam resolvidos e é aí que a gente se perde uma e outra vez. 
Nalgum lugar dentro da febre desta versão ainda existe o outro eu, que grita esporadicamente para que volte para ele. O outro eu já cá mora há muito tempo, já se apoderou deste corpo, de tudo que construí e idealizei e aí se parar para pensar e pesar e comparar... tem muito mais de mim com esta nova versão do que com aquela que sinto tanta falta.  
É nessa hora que entendo que a vida me fez assim, a vida me cobrou esse preço para conquistar o que tenho hoje, para me ter livrado do que por muito tempo, colocava aquele meu outro eu para baixo, não dá para voltar. aí você continua remando. 


Sanzalando

#momentos


5 de junho de 2021

#flores


sabadando

Ponto por ponto e virgula, caminho por entre mim e eu, num recordar de águas passadas, bem ou mal, segundo as opiniões e os gostos de então. Antes de um acto há que ter em conta que pode dar certo ou errado porém não ficar na dívida, ou perde o mais forte ou ganha o mais fraco que parecendo o mesmo tal não o é. Forte de força, forte de inteligência e por aí fora que há pano para mangas e a escolha é farta.
E ponto a ponto lá vou eu caminhando por frases feitas, pretéritos perfeitos e parágrafos finais, sempre em direcção ao eu que existe algures em mim e que busco até na perfeição de ser imperfeito.
Mente inquieta que procura todas as possibilidades que podem acontecer mesmo sabendo que não acontecem, torturando-se em ideias síncronas com a realidade. 

Sanzalando

#zulmarinho #lugaresincriveis #momentos


4 de junho de 2021

vadio-me

E sopra forte o vento, quase me arrancando do passeio puxando-me pelos cabelos. Desgrenhado vagabundo-me por rua acima combatendo toda e qualquer ansiedade que se queira instalar. Tento segurar-me em imaginários corrimãos, ludibriar as fantasias mentais que vão crescendo à medida que crescem os pesadelos em vez dos sonhos. E o vento parece soprar cada vez com mais força. E os pensamentos cada vez mais tristes e dolorosos. 
Felizmente que nem o vento dura para sempre nem eu vadio-me rua acima todos os dias.



Sanzalando

3 de junho de 2021

dia quente de louco

Sendo que os dias estão mais quentes, eu me dispo de preconceitos e vou por aí fora falando sozinho como que a actualizar os meus pensamentos.
Talvez um dia eu tenha capacidade para contar quantas vezes o meu coração acelerou só por falar contigo, os frios na barriga que senti só de pensar em ti, os sorrisos que sorri só de olhar para ti. 
Eu sei que parece ser de um bobo estes colóquios mentais, mas que posso eu fazer quando acho que nasci fruto duma paixão. Louco seria se eu pensasse ser um a maracujá ou simplesmente um marajá.


Sanzalando



2 de junho de 2021

#imbondeiro E eu imbondeiro em arco enquanto posso


recordação e saudade

Levando-me por caminhos simples, passo a passo passo por saudades e recordações. Não vivo na constante ansiedade de futuro, nem no viver apenas porque sim ou esperar que os dias passem. Não penso no que vou fazer amanhã, nem para a semana nem para o ano. Não tenho linhas imaginárias, tracejados ou picotados. Erro, acerto, será sempre assim, humano sou. Tenho saudades e tenho recordações. Lembro-me daquela ida ao norte da Europa, daquele passeio num deserto do sul, da lagoa, do mar, do sol, da noite. Tenha saudade de gente, do abraço, do olhar, do carinho. Não sou de fazer listas porque ela seria interminável. 


Sanzalando

1 de junho de 2021

ansiedade

Vagueando pelos pensamentos dou comigo a fabricar fantasias. Como posso ter receios de futuro se ele ainda não está cá? Incongruências duma mente sã num tempo de primavera instável. A ansiedade é coisa de lixada para cima. Um problema microscópico é transformado por ela num planetário, num demónio, num monstro de sete cabeças. E quando a ansiedade me faz duvidar quer da minha capacidade quer do meu poder de sonhar?!
Tem dias que não a consigo derrotar à primeira.
Felizmente nada dura para sempre e assim a ansiedade evapora-se também. 


Sanzalando