Me detenho no alto da minha imaginação, no ponto onde não há nem calor nem frio, alegria ou tristeza, ventos ou chuva, árvores ou deserto. Estou apenas eu e a minha estória inventada, mesmo que a tenha vivido. Eu e a imaginação moramos num andar dum lugar que não tem nem interior nem exterior, areia ou pedra, sem muros ou castelos. Temos que pôr lá tudo o queremos. Num resumo bem espremido: eu e a imaginação nos baralhamos no vazio.
Já vi tranças no cabelo, cabelo curto, cabelo longo, castanho ou cinzentado, cabelos de rainha. Já a vi pisar a areia da praia e parece não deixa pegada, porque na minha imaginação não ficou lá o desenho. Já a vi correr mais forte que o vento que deixou para trás. Já a vi parada a olhar para lá da minha imaginação. Já a vi pensar e já a vi com ar de bravo mar que avança terra adentro.
Na minha imaginação ela tem tom de voz, mesmo que as palavras possam parecer um emaranhado de inacabados pensamentos que eu imagino ela teve.
Do alto da minha imaginação não há meninice nem velhice e lhe vejo igual que nem num ontem qualquer.
Daqui, donde eu posso inventar as minhas estórias, eu lhe vi boiar num zulmarinho de tempos, nas ondas dum mundo onde sem tempo nem que o tempo não pare.
Da minha imaginação ao mundo real vai um espaço que nem eu sei onde começa e acaba.
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