Eu nasci numa cidade e ainda com dias fui morar na minha cidade quadriculada. Eu me quadriculei na infância e na adolescência. Faz conta só adulto eu me desquadriculei, mental e urbanamente. Eu sou dum mato com muita estória e carregado de História. Mas quadriculadamente eu não gostava de incomodar ou contrariar quem quer que fosse. Eu tinha medo que elas fossem dizer eu era um quadricular chato. Eu sei que a quadriculada cidade me moldou nestes termos, mas era também no meu interiormente falado e calado assim. Culpa minha e não só da quadriculada cidade donde afinal eu sou sem ter lá nascido.
Na cidade onde realmente se ficou a placentaria parte de mim que me ligava à minha mãe não era quadriculada porque não sendo plana eles inventaram muitas curvas e rectas encurvadas. E só lá passava uma terça parte do ano. Era diferente. Nesse lugar eu arriscava mais, eu me importava pouco se me chamavam besta ou era só bestial. Eu estava de passagem e por isso não ia magoar ninguém, a não ser por esquecimento no ano seguinte.
Na minha quadriculada cidade era bem diferente. Eu tinha a minha máscara e com ela fui crescendo. E a máscara se quadricualizou-se à alma pelo que nem em adulto desquadriculei-me por inteiro.
Talvez o consiga quando eu fôr velhinho com o corpo curvado porque a terra me está a puxar e eu quadriculadamente me vou mantendo à tona.
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